quinta-feira, 7 de maio de 2009

Do Fórum de Comunicação e Sustentabilidade (Blog do Fórum)

Lord David Trimble enfatizou o papel da educação na construção de boas condições de superação do terrorismo

Lord David Trimble, Prêmio Nobel da Paz em 1998 por sua atuação nas negociações de paz entre Irlanda e Irlanda do Norte, enfatizou o papel da educação na construção de boas condições de superação do terrorismo: “muitas vezes os integrantes de movimentos terroristas são tão desinformados sobre a possibilidade de apresentar suas reivindicações em um sistema democrático, e até mesmo vê-las aceitas, que não vêem outra alternativa senão a força e a violência. Em meu entender, parte da responsabilidade disto decorre do fato de os processos educacionais, no mundo inteiro, costumarem enfatizar os aspectos de formação profissional e deixar em plano muito secundário a formação cidadã”.

Bancos deveriam retornar ao seu papel de financiar a inovação e a produção

Edmund Phelps, Prêmio Nobel em 2006 por estudos sobre recessão e desemprego, que integrou a mesa “Justiça social e econômica” do II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, afirmou que os bancos deveriam retornar ao seu papel de financiar a inovação e a produção, mesmo que isto implique tomar algum risco no investimento .

O economista brasileiro Luiz Gonzaga Belluzzo, integrante da mesma mesa, tem a mesma opinião: “parece que as melhores idéias, atualmente, podem ser as velhas idéias, aquelas que presidiram a economia por séculos inteiros antes do excesso de invenções financeiras que vimos a partir da virada do Século. Assim, continua Belluzzo, veríamos inovações tecnológicas sendo apoiadas e financiadas em todo o mundo, redinamizando a economia em escala global e aportando socialmente novos e melhores processos produtivos”.

Segundo ele, o endividamento chegou a 140% da renda disponível nos Estados Unidos e a 150%, na Inglaterra, e a expansão desenfreada do crédito e o surto consumista deterioraram completamente o sistema, inclusive com redução sensível das condições de vida até mesmo nos países ricos (basta lembrar que nos Estados Unidos a insuficiente assistência pública à saúde e a educação básica de baixa qualidade foram temas recorrentes nas últimas eleições norte-americanas).

Claudio Fritschak, que integrou a área de indústria e energia do Banco Mundial e hoje é consultor da diretoria da Vale, foi enfático: “esta crise pôs em questão a própria existência da iniciativa privada. Então, as questões atinentes à responsabilidade social e à sustentabilidade ganharam maior importância ainda, do que já tinham”.

De acordo com ele, que também esteve no II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, o que deverá se consolidar é um modelo que seja capaz de conciliar a busca do lucro, da inovação e de diferenciação no mercado, com ações que visam efetivamente o bem-estar comum, sem substituir o Estado, mas articulando-se com as forças vivas da sociedade.

Precisamos, em nível mundial, alterar nosso mind-set, o conjunto de nossas suposições básicas de vida”. Este foi o convite da física e filósofa norte-americana, Dana Zohar, que lembrou que a presente crise oferece grandes oportunidades de mudança, desde que as pessoas motivem-se a utilizar, em conjunto, seus três tipos de inteligência: intelectual (QI), emocional (QE) e espiritual (QS).

Quando menciono inteligência espiritual, ressalvou ela, não estou falando da escolha religiosa de alguém. Trata-se do tipo de inteligência que permite o contato mais pleno e vívido com quem realmente somos, com nossa mais profunda vocação pessoal – e isto é fundamental para construirmos uma forma de vida mais bem alinhada com nossos próprios valores”.

A comunidade começa realmente a mudar o comportamento

O jornalista Florestan Fernandes Junior, que veio ao II Fórum representando Teresa Cruvinel, da diretoria da Empresa Brasileira de Comunicação (TV pública federal), afirmou que “finalmente a ficha está caindo e a humanidade começa realmente a perceber a necessidade premente de mudar comportamentos arraigados em nossa tradição, dentro de um novo modo de produção que arranca do capitalismo e pode ser chamado de sustentabilidade”.

Para Florestan, compete à comunicação disseminar este novo momento da humanidade e as novas regras que passarão a determinar as relações entre os agentes da dinâmica social, do ponto de vista da cultura, do social e da economia, que segundo ele “formam o triple bottom line da sustentabilidade”

A sociedade pode viver uma dinâmica verdadeiramente sustentavel

Danilo Miranda, diretor regional do Sesc, salientou o importante aspecto do binômio cultura e arte como elemento transformador da realidade, às vezes até mesmo por meio de manifestações que podem parecer desobediência civil por apresentarem contraste intenso com aquilo que é aceito sem discussão como sendo cultura, de certa forma banalizada. Além disso, para ele não há transformação sem educação e a sociedade só pode viver uma dinâmica de desenvolvimento verdadeiramente sustentável se nela houver apoio efetivo à manifestação aos potenciais humanos, sustentada por equipamentos culturais de qualidade.

Pessoas que moram fora da sua terra natal movimentam US$ 600 milhões

Segundo Bernardo Toro, educador e filósofo colombiano, hoje em dia 360 milhões de pessoas vivem fora de sua terra natal e movimentam mais de US$600 milhões em remessas de dinheiro às suas famílias. Isto faz com que seja necessário desenvolver, e rápido, em escala planetária, maior capacidade pessoal de convívio com o diferente, por meio de relações ganhar-ganhar, do aprendizado de ouvir o outro e do desenvolvimento de hábitos de comensalidade e hospitalidade.




O escritor Ferréz fala sobre empreendedorismo

“Eu vim para dividir e não para somar”: com este conceito desafiador, que provoca a reflexão sobre a necessidade de transformação de consciências, o escritor Ferrez iniciou sua palestra sobre o trabalho que a Ong “Interferência”, que ele dirige, vem fazendo no bairro do Capão Bonito, em São Paulo. Segundo ele, aspectos fundamentais da sustentabilidade, como a superação do analfabetismo funcional, a melhoria da distribuição de renda, a construção de uma cultura de equidade e o desenvolvimento de um espírito de solidariedade social, podem avançar por meio de iniciativas de empreendedorismo social.


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