quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O futuro do planeta em jogo: Copenhague

ultimato

(http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/)

O futuro do planeta em jogo

O mundo tem até dezembro, em Copenhague, na Dinamarca – quando se realizará a COP-15 –, para definir uma agenda global que estabeleça os esforços que serão feitos para mitigar o avanço das mudanças climáticas, as medidas que serão tomadas para nos adaptarmos às novas transformações que certamente o planeta vai sofrer e a parcela de cada país na conta do aquecimento global

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Thays Prado - Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 18/04/2009

A 15ª Conferência das Partes, da ONU – Organização das Nações Unidas, é o evento mais aguardado deste ano. De 7 a 18 de dezembro, o futuro da Terra - e, especialmente, da espécie humana - estará em pauta. O encontro tem sido encarado como a última chance para que o mundo chegue a um acordo sobre o que será, realmente, feito para frear o aquecimento global, antes que expire o Protocolo de Kyoto, em 2012.

CENÁRIO AMBIENTAL

O fato de que a Terra está se aquecendo não está em discussão. Tem havido um aumento de temperatura em todo o mundo, sem distinção, em áreas continentais, oceânicas, próximas às grandes cidades, nas regiões rurais e nos lugares mais remotos. Isso prova que se trata de um fenômeno global.

Não é a primeira vez que o planeta aquece. Em milhões de anos, a Terra já teve concentrações de efeito estufa como agora. Esse é o argumento que o grupo dos chamados "céticos" do aquecimento global usa para dizer que o ser humano não tem nada a ver isso e que suas emissões de carbono não afetam o aquecimento global. No entanto, José Antônio Marengo, pesquisador titular do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, conta que as atividades humanas aceleraram e intensificaram o processo. "Os últimos 20 anos foram os mais quentes em nosso registro histórico. Impactos que poderiam demorar mais 100 anos para acontecer estão acontecendo agora e de maneira amplificada".

O pesquisador afirma que o clima já está relativamente diferente. Segundo ele, nos próximos vinte anos, as mudanças climáticas podem até não ser tão radicais, mas vão aumentar gradualmente e podem culminar em grandes problemas, com uma enorme quantidade de eventos extremos a partir de 2050.
"Esse é o tempo que ainda temos para fazer algo pelo planeta", alerta Marengo. Ele afirma que, mesmo se todas as indústrias do planeta fossem fechadas imediatamente e parassem de emitir gases de efeito estufa, a Terra continuaria a aquecer, ainda que menos do que antes. Por isso, a principal função dos protocolos e acordos internacionais - como esse que se pretende firmar em Copenhague - é minimizar os impactos do clima e os prejuízos que certamente teremos com o aquecimento global.

De acordo com análises do INPE dos últimos 50 anos, fica claro que o Brasil e a América do Sul como um todo tiveram médias anuais de temperatura 0,7 graus mais altas. Nosso inverno, hoje, está um grau mais quente e a média de temperatura mínima tem se elevado. O pesquisador do INPE também observa que houve aumento do número de eventos climáticos extremos, com muitas chuvas na região Sul e Sudeste. "Se assumirmos que nada será feito para reduzir as emissões de carbono, podemos chegar ao final deste século com uma média de temperatura, no Brasil, 3 graus mais alta - no Sul haveria um aumento de 2 graus, enquanto na Amazônia e no Nordeste, poderia subir até 6!", sentencia.

As médias de chuvas também tendem a ser alteradas. Enquanto a Amazônia e o Nordeste diminuiriam sua pluviosidade em 20% - com possibilidades de secas e ondas de calor e, mesmo, da substituição da floresta amazônica por savana -, o Sul e o Sudeste teriam um aumento de 10% de precipitação, que se manifestaria por meio de chuvas extremas e não regulares. Além do impacto ambiental, está aí uma projeção que implica em grandes problemas sociais, de saúde e, também, de ondas migratórias.

O QUE ESPERAR DE COPENHAGUE
Chegar a um acordo não será fácil. Muitos interesses devem ser postos na mesa durante a 15ª COP. Enquanto alguns países estão preocupados em não desaparecer do mapa por conta dos impactos das mudanças climáticas, o foco de outros está nos incentivos à preservação florestal. Um outro grupo quer que o apoio à adaptação seja a prioridade do encontro e existem, ainda, as economias dependentes do petróleo e, até, aqueles países que já reduziram suas emissões mais do que a média e argumentam que não têm muito mais onde cortar.

Você sabe o que é aquecimento global? (Planeta Sustentável)

Fique ligado
Você sabe o que é aquecimento global? Os ursos polares estão ficando sem casa com o derretimento das geleiras

de olho no clima

Você sabe o que é aquecimento global? Provavelmente, você já ouviu falar em aquecimento global e mudanças climáticas. Mas, saberia dizer o que essas expressões significam e, principalmente, o que têm a ver com o seu dia-a-dia?

Planeta Sustentável
27/08/2009 Texto: Thays Prado

Essa história de aquecimento global/mudanças climáticas funciona mais ou menos assim. Sempre que:

- um adulto usa seu carro para ir trabalhar ao invés do transporte público;
- um governo decide construir uma usina termelétrica, movida a carvão, em vez de optar pela energia limpa dos ventos, do sol ou dos rios;
- pessoas cortam árvores na Amazônia ou em qualquer outro bioma, sem nenhum controle;
- deixamos a luz acesa ao sairmos do quarto;
- não desligamos o chuveiro enquanto nos ensaboamos no banho;
- não separamos nosso lixo para a reciclagem e ele vai parar em um aterro sanitário ou nos lixões ou
- compramos produtos sem necessidade,

uma grande quantidade de gás carbônico (CO2), metano e outros gases são lançados na atmosfera. O problema é que quanto mais esses gases – que também são chamados de carbono equivalente - se concentram no ar, mais provocam efeito estufa. Ou seja: o calor dos raios solares que aquece a Terra tem dificuldades em se espalhar no espaço e fica preso abaixo dessa camada de gases.

Como a humanidade está acumulando uma grande quantidade de carbono equivalente nos últimos 150 anos – principalmente a partir da Revolução Industrial!!! -, a temperatura do planeta começou a subir. Esse é o fenômeno que chamamos de aquecimento global.

Quanto mais o planeta esquenta, mais acontecem alterações no clima, chamadas de mudanças climáticas, que se manifestam de diversas maneiras, alterando o equilíbrio natural de todos os ecossistemas.

Alguns lugares mais secos começam a sofrer com grandes tempestades e enchentes, como vimos acontecer este ano no Nordeste. Regiões mais frias, como o sul do Brasil, podem enfrentar secas intensas ou um período muito prolongado de fortes chuvas, provocando tragédias como a que aconteceu em Santa Catarina no final do ano passado.

As geleiras já começaram a derreter por causa do calor, a água que escorre delas aumenta o nível do mar e isso pode fazer com que várias cidades de praia sejam inundadas e até desapareçam. Já pensou?? E, com a menor quantidade de gelo, os ursos polares precisam nadar muito mais do que antes para conseguir um local firme para descansarem, muitos não aguentam e morrem no meio do caminho.

A Terra é um planeta muito sensível. Há dois anos, um grupo de cientistas do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas descobriu que, se a temperatura aumentar mais do que 2ºC, nós, seres humanos, teremos dificuldades em continuar vivendo por aqui e enfrentaremos muitas catástrofes. Até a Amazônia pode ser transformada em um deserto – você consegue imaginar como seria? - e as pessoas de regiões muito pobres, como algumas aqui no Brasil, na África e na Ásia, por exemplo, sofrerão ainda mais por falta de recursos para se proteger dos problemas climáticos.

Atualmente, pessoas, empresas e governos do mundo todo estão preocupados com o futuro do planeta. Em dezembro, a ONU – Organização das Nações Unidas vai realizar uma reunião com governantes ou seus representantes, em Copenhague, na Dinamarca: a 15ª COP – Conferência das Partes. Lá, os países vão decidir, juntos, o que pode ser feito para reduzir a quantidade de gases de efeito estufa que cada um lança na atmosfera. As nações que emitiram mais carbono equivalente até agora terão de fazer um esforço maior.

Essa história pode parecer muito distante da gente, mas não é não! Com pequenas ações no dia-a-dia, todo mundo pode fazer a sua parte e manter a temperatura da Terra em equilíbrio. E você, o que vai fazer para ajudar o planeta?

Aquecimento medieval (do blog Planeta Sustentável)

Jonatas Tobias

clima

Aquecimento medieval

Há 1200 anos, um período de altas temperaturas mudou o mundo

Não sobram muitas dúvidas de que, nas últimas décadas, nosso planeta ficou mais quente. Mas os efeitos reais do aquecimento global sobre a humanidade ainda são debatidos. De um lado, há quem espere o apocalipse. De outro, os mais céticos dizem não acreditar em mudanças radicais até o fim do século. Para entender melhor o que o futuro nos reserva, pode ser muito útil olhar para o cenário de 1200 anos atrás. A partir do ano 800, o mundo experimentou o último grande ciclo de aquecimento antes do atual.

Foram nada menos que 500 anos de aumento geral de temperatura. Pouco se sabia sobre esse período (em geral, só é possível conhecer o clima do passado com total segurança apenas do século 18 em diante). Mas a constatação de que o mundo ficou mais quente naquele momento surgiu nos últimos anos, a partir de medições em anéis de árvores centenárias, registros de corais e marcas em icebergs. Esses dados foram cruzados com o uso de softwares de climatologia pelo especialista Brian Fanagan, antropólogo da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara.

De acordo com Fanagan, essa mudança climática provocou longas secas em diversas partes do globo, enquanto outras regiões frias ficaram mais habitáveis e mares congelados se tornaram acessíveis. Tais alterações drásticas ajudaram a mudar o destino dos mais diversos povos daquela época - dos mongóis até os maias, passando pelos índios da América do Norte e pelos moradores das grande cidades europeias.

EFEITO PLANETÁRIO
As principais transformações provocadas com ajuda do calor:

Groenlândia - Vikings com esquimós
As temperaturas menos geladas no mar do Norte aumentam o alcance dos vikings, que chegam à Groenlândia em 985 e fazem contato com tribos esquimós americanas. Compram presas de morsas. Em troca, presenteiam os índios com ferro.

América do Norte - Êxodo dos nativos
Na região onde agora ficam Califórnia, Nevada, Utah, Oregon e Idaho, a seca acaba com a economia dos indígenas.

América Central - O fim dos maias
A península de Yucatán sofre secas longas e severas. Para os maias, cuja vida é regulada pelas chuvas, a mudança provoca uma grave crise de abastecimento, que acelera o fim dessa civilização.

Europa - Crescimento das cidades
O Velho Continente desfruta de invernos mais amenos e verões mais longos. Isso se traduz rapidamente em uma produção maior de alimentos e no aumento da população. A nova demanda por serviços especializados facilita o desenvolvimento das cidades.

Ásia - Avanço mongol
Dependentes do cavalo para buscar alimentos em regiões distantes entre si, os mongóis vivem no norte durante o verão e no sul quando chega o inverno. A seca na Ásia Central interrompe esse ciclo. Em busca de melhores terras, os asiáticos invadem a Europa.

Massacre em Leignitz
Os mongóis invadiram a Europa pela primeira vez em 1237. Quatro anos depois, após destruir Kiev, chegaram perto de Viena e Veneza. O avanço alcançou o auge depois da Batalha de Leignitz. Com 20 mil homens, os asiáticos bateram 25 mil europeus. Pouco depois, divisões internas iriam parar o domínio mongol no Velho Continente.

Ecocidades do futuro

As surpreendentes ecocidades do futuro (Parte 1)

Paula Alvarado
Paula Alvarado é jornalista e vive em Buenos Aires, Argentina. Desde que começou a colaborar com TreeHugger.com em 2005..

Eco-ciudad-montecorvo-espana-1 Em resposta à crescente preocupação com o meio ambiente e à tendência ao desenvolvimento sustentável em todo o mundo, projetos utópicos propõem cidades desenhadas para causar menos impacto ao planeta.

Apresentamos aqui sete projetos em andamento, no hemisfério norte: Masdar, em Abu Dhabi; Logroño Montecorvo, na Espanha; Hall Hanham, no Reino Unido; Ecobay, na Estônia; Eco City, na Alemanha; e Songdo, na Coreia do Sul.

Neste primeiro post sobre o assunto, abordaremos os três primeiros projetos:

Foto: Projeto Montecorvo, na Espanha © MVRDV.

Eco-ciudad-masdar-abudhabi Masdar – A primeira cidade sem produção de carbono e lixo. O projeto foi anunciado em 2007 e começou a ser executado no início de 2009, em Abu Dabi nos Emirados Árabes Unidos, sob o comando da empresa inglesa de arquitetura Foster + Partners. O local terá uma área de 6 milhões de metros quadrados e capacidade para mais de 47 mil habitantes.

Para atingir a meta de emissão zero de carbono, o projeto não inclui o uso de automóveis, num sistema em que o transporte público é um de seus pontos principais.

Tudo foi pensado para que os habitantes não tenham de andar mais de 200 metros até o local de embarque. E se a opção for caminhar, calçadas sombreadas protegerão o pedestre do calor do Oriente Médio.

A energia elétrica será toda proveniente de recursos renováveis; e o abastecimento de água, oriundo da coleta fluvial e de um projeto de dessalinização.

Os resíduos, serão tratados com rigor: os orgânicos servirão de combustível para usinas de energia, e o não orgânico será reciclado.

Estima-se que a cidade estará pronta em 2016, com um investimento de 13 bilhões de dólares que, paradoxalmente, provêm das exportações de petróleo do Oriente Médio.


Eco-ciudad-montecorvo-espana-2 Logroño Montecorvo – O projeto de La Rioja, na Espanhapropõe uma cidade que funcione totalmente a partir de fontes de energia solar e eólica. A ideia foi apresentada em um concurso internacional, em 2007 e teve sua construção aprovada em julho de 2009.

A ideia foi criada pelo estúdio dinamarquês MVRDV e a empresa espanhola GRAS, e terá uma área de 56 hectares nas colinas de Montecorvo e La Fonsalada.

Serão construídas cerca de 3 mil casas livres de emissão de carbono, que não afetam a paisagem do local e estarão em harmonia com o meio ambiente.

Será construído um centro de pesquisas de energias alternativas que abastecerá as áreas de entretenimento; lojas, um museu e praças públicas.

Como mencionado, toda eletricidade será proveniente da energia produzida por um parque eólico e painéis solares fotovoltaicos. O investimento estimado é de 288 milhões de Euros, e ainda não se sabe quando será concluído.


Eco-ciudad-hanham-hall-reino-unido Hanham Hall – É um complexo urbano de 6,6 hectares, com cerca de 200 casas livres de carbono, ele será construído em Bristol, no Reino Unido.

O complexo será uma vila desenhada pela empresa HTA e financiada por fundos públicos e privados. Está sendo construída onde antes havia um hospital, que será transformado em um centro comunitário.

Cada casa será feita com painéis de isolamento para melhor controle da temperatura; materiais de construções anteriores serão reutilizados e o local estará livre de compostos orgânicos que se deterioram.A cidade contará com ciclovias por toda a sua área, uma usina de biomassa para o tratamento de resíduos e um sistema sustentável de gestão da água.

Estima-se que as primeiras casas sejam entregues em 2010.

No segundo post sobre este assunto, saiba mais sobre os projetos da Estônia, Alemanha e Coreia.

Mais informações sobre as ecocidades deste post em:

Masdar - Foster + Partners - New York Times

Montecorvo - MVRDV - Inhabitat

Hanham Hall - HTA - Architect´s Journal

Acordo climático em Copenhagen

08/24/2009

http://blogs.discoverybrasil.com/descubra-o-verde/
Paula Alvarado

Acordo climático em Copenhagen enfrenta cenário complicado

Copenhague-sede-de-la-cop15 Quem vive sintonizado com as questões ambientais mais urgentes sabe que dezembro é um mês importante: do dia 7 ao dia 18, Copenhagen, na Dinamarca, abriga a a 15ª Conferência Marco das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15).

Este evento é realizado há vários anos, mas com o avanço do aquecimento global e das mudanças climáticas no mundo, o evento deste ano ganhou um peso ainda maior. Os líderes mundiais discutirão as condições de um novo acordo para diminuir as emissões de carbono de seus países, e assim tentar frear o aumento da temperatura do planeta. Mas para alguns, há tantos pontos em discussão e tão pouco tempo, que o encontro dificilmente será bem-sucedido.

Continue lendo para entender a situação.

Há algumas semanas, cerca de mil delegados das Nações Unidas se reuniram na cidade de Bonn, Alemanha, para iniciar conversas informais sobre Copenhague. No entanto, vários delegados destacaram que os avanços ainda eram muito lentos e poderiam dificultar um acordo na COP15.

O principal problema (que também foi discutido na cúpula dos G9 na Itália, há alguns meses) é a necessidade de os países se comprometerem a diminuir suas emissões, e como deveriam fazer isso. Os países industrializados reafirmam que os países em desenvolvimento, como China e Índia, precisam assinar o acordo. Mas para estes países, cortar emissões também significa desacelerar seu crescimento econômico. Eles não estão dispostos a se comprometer sem que os países ricos ofereçam apoio financeiro, alegando que são responsáveis pela maior parte das emissões do planeta.

"Há interesses imensamente divergentes, um documento complicado sobre a mesa, resta pouco tempo e ainda é preciso avançar muito em questões importantes, como o financiamento", ressaltou Yvo de Boer, secretário-executivo da COP15, em entrevista à BBC News.

O encontro em Copenhagen dirá se será possível chegar a um acordo que represente um avanço real.

Mais informações: COP15.dk

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Brasil no clima








Fotos: Pita Cavalcanti

O Movimento Brasil no Clima, o Partido Verde e numerosas ONGs ambientalistas realizaram uma caminhada com a senadora Marina Silva, na orla carioca, no domingo, dia 27, às 11 horas do final do Leblon ao Leme. O objetivo é pressionar o governo brasileiro a assumir metas de redução de emissões de carbono adotando políticas que apontem, entre outros objetivos, para o desmatamento zero e zero novas termoelétricas a carvão. A exigência é que o governo explicite, claramente, e assuma, de forma obrigatória e internacionalmente verificável, essas metas na Conferência de Copenhagen.

O Brasil pode e deve combater drasticamente as queimadas na Amazônia, no Cerrado, seu uso nos canaviais e, também assumir metas de redução de emissões de CO2 e, metano nas áreas de transportes, indústrias, lixo, energia e agro-pecuária que apontem para uma redução de 20% das emissões até 2020. Isso representa metade do compromisso já assumido pela União Europeia. A posição do Brasil em Copenhagen deve se basear em dois princípios:

1 – todos devem reduzir emissões, inclusive os países emergentes como a China, India e Brasil.

2 – os responsáveis históricos pela acúmulo de 70% dos gases de efeito estufa (GEEs) na atmosfera, EUA, Europa e Japão, devem participar do financiamento do esforço internacional para reduzir emissões, na proporção em que contribuiram para a presente situação. Isso significa aproximadamente U$ 330 bilhões por ano.

As perspectivas para a Conferência de Copenhagen não são nada animadoras. Estamos muito longe das medidas que seriam necessárias para conter o aquecimento global em dois graus, que é o máximo que o planeta pode esquentar sem incorrer em catástrofes, segundo os cientistas do IPCC da ONU. Nossa caminhada no Rio, no domingo, 27/9, foi a primeira de muitas em todas as cidades brasileiras e parte ativa da mobilização planetária dos verdes e dos cidadãos conscientes, pelo Clima.

PELO CLIMA, COM MARINA SILVA!

Filhos do Brasil


Marina Silva

RECENTEMENTE, quando estive em Salvador para receber honrosa homenagem da Universidade Federal da Bahia, conheci o Cria, uma organização não governamental que se dedica a formar crianças e adolescentes para, por meio da arte, transformarem a si mesmos e suas comunidades.

Foi emocionante vê-los numa apresentação teatral, se apropriando tão bem da linguagem, da expressão corporal, da capacidade de metaforizar sua realidade e também de contar a própria história, às vezes dolorosa, mas não como repetição do trauma, do beco sem saída. Vi crianças falando da ausência do pai, mas valorizando o papel da mãe, como alguém que trabalha, ampara, fica junto, dá força. E tudo de forma lúdica, como história não só do sofrimento, mas das boas descobertas na família e em todos os espaços da vida que despertam a vontade de ter um lugar no mundo.

Muitas ONGs têm papel essencial de mediadoras na formação de crianças e jovens. Ajudam-os a traduzir a realidade e a querer interferir nela, marcando sua forma de aprender e de expandir seu saber. E por que a própria escola no Brasil não o faz? Não basta demandar mais dinheiro para a educação. Crianças não são estatísticas. São seres humanos que precisam da mediação correta, desde a primeira infância, para construírem sua trajetória de forma digna e autônoma.

Os indicadores relativos à infância têm melhorado, ainda que lentamente, mas algo substantivo não mudou. Os dados da última pesquisa domiciliar do IBGE (Pnad) mostram que meninos e meninas demoram a entrar na escola e, quando entram, nem sempre aprendem a ler ou a escrever corretamente ou, se o fazem, não transformam essa habilidade em desejo pelo conhecimento.

Um artigo recente do médico João Augusto Figueiró alerta para o grande desafio que temos em relação às nossas crianças e adolescentes. “Todos nós construímos um mapa da realidade a partir das experiências vividas na infância”, diz ele.
A construção de um país também tem a ver com a maneira pela qual a infância é valorizada e protegida. Isso é muito mais do que usar ferramentas econômicas adequadas. Está na hora de os governantes ficarem de olho em experiências como a do Cria e tantas outras que precisam ganhar a escala das políticas públicas.
Talvez aí esteja o mistério do gigante adormecido que começa a despertar, mas ainda não entende bem o que o deixou letárgico por tanto tempo. A resposta pode estar perto, numa das inúmeras esquinas belas e criativas do Brasil, onde muita gente oferece seu esforço, ávido do maior reconhecimento que existe, que é o de saber que ajuda a tornar o país melhor.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Greenpeace nas escolas

Greenpeace nas escolas

O futuro do clima depende das ações que tomarmos agora, mas afetarão principalmente as gerações futuras. Pensando nisso, o Greenpeace decidiu ir para as ruas e informar a população de seus direitos e deveres em relação ao clima do Planeta. Foi o que fizemos durante nossa semana de mobilização.

Só que existe uma grupo muito especial de pessoas, com enorme potencial de engajamento e multiplicação, que precisa de uma atenção diferenciada. É por isso que o Greenpeace irá dedicar parte de seus esforços às escolas, levando informações e para aqueles que mais poderão fazer e que tem o direito de lutar por um futuro melhor.

Esse é um projeto que ocorrerá durante todo o segundo semestre (e que esperamos poder continuar). A “visita” do Greenpeace inclui uma palestra, com informações sobre as mudanças do clima, dois vídeos, assinatura de petição e a criação de mensagens e desenhos em um pedaço do banner gigante, que será aberto em Brasília, no final do ano. Além disso os alunos recebem nosso material de clima.

Para atender um grande número de colégios, o Greenpeace preparou seus grupos voluntários. São eles que visitam as escolas e tem o prazer de falar com os alunos, ouvir suas perguntas, idéias e compartilhar ótimos momentos. Entretanto, como ninguém é de ferro (e atendendo a um pedido especial) nesta semana fui ao colégio Itaca em São Paulo, acompanhado da Gabriela e da Melissa.

Não vou ficar aqui dizendo o quão legal é poder falar com os alunos e depois vê-los deixar suas mensagens no banner! Tá.. só um pouco.. É muuito legal! Ainda mais quando se conversa com uma sala que escolheu estudar educação ambiental nas tardes de quarta-feira. São pessoas engajadas, com as quais poderia trocar idéias por muito mais tempo (mas eles tinham que ir embora…)

Abaixo, uma foto dos alunos assinando nosso banner.

Agora, espero que os alunos possam multiplicar as informações que receberam e mobilizar amigos, família, etc… afinal é do futuro deles (e do seu futuro, leitor) que estamos falando!

O trabalho continua! É o Greenpeace nas escolas!

Alunos assinam o banner gigante!

Alunos assinam o banner gigante!

Obrigado pela oportunidade, Tia Ana.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

O pré-sal no país do passado (o eco)

O pré-sal no país do passado PDF Imprimir E-mail
Bruno de Amorim Maciel*
11/09/2009, 00:00
O presidente anunciou na semana passada em Brasília: “O Brasil está com o passaporte para o futuro nas mãos”. Naquele momento, referia-se ao petróleo encontrado na camada do pré-sal. Nas entrelinhas, também buscava associar a imagem de um país bem-aventurado à de sua candidata. Afinal, o “Brasil é o país do futuro”. Mas será mesmo?

A esperança é uma característica cultural do povo brasileiro. A cultura passa por um processo evolutivo muito parecido com o das plantas e animais. Assim observou o biólogo Richard Dawkins, famoso por ser um defensor da teoria evolucionista. Dawkins introduziu o conceito de “meme”. Um “meme” é uma unidade de evolução cultural que pode se propagar, como uma boa idéia que tende a se multiplicar e a sobreviver ao tempo. São as canções e histórias que se disseminam de cérebro em cérebro, como a assustadora “boi da cara preta” que atravessou gerações ao lado dos berços infantis. Os “memes” podem até sofrer mutações eventualmente, como o “parabéns pra você”, cantada em várias línguas, mas sempre com a mesma melodia.

A expressão “O Brasil é o país do futuro” é um “meme”. É sedutora e fácil de memorizar, além de invocar aquele patriotismo típico de época de copa do mundo. Afinal, um país com tanto potencial, tantas riquezas naturais, só precisa de um pouco de tempo para prosperar. Convenhamos, é uma boa idéia. E um político hábil sabe muito bem como se aproveitar dela. Na minha juventude, adorava escutar que havia nascido num país rico e que o destino me guardava boa fortuna. Esse sentimento durou até o dia em que meu professor de geografia tocou no assunto e sugeriu uma surpreendente analogia entre as frases “O Brasil é o país do futuro” e aquela típica sentença de botequim pé sujo: “Fiado, só amanhã”. Como se parecem...

O futuro nunca chega porque o país tenta andar adiante, mas olha para trás. Acaba tropeçando nas reais oportunidades que surgem à sua frente. O mundo inteiro já sabe que o petróleo é o combustível do passado, por dois motivos. Primeiro, porque polui tanto que está tornando nosso planeta mais quente e menos viável para nossa sobrevivência. Segundo, porque tem data para acabar. As estimativas variam, mas diz-se que o petróleo vai durar cerca de 40 anos, dependendo da evolução do consumo e da descoberta de novas reservas.

Enquanto comemoramos nossas descobertas, o mundo busca alternativas tecnológicas mais responsáveis. Um país com tanto sol e vento seria um laboratório perfeito para o desenvolvimento de energia limpa. No entanto, o Brasil limita-se a investir em biocombustíveis, como se pudesse abastecer o mundo com cana-de-açúcar. Daqui algum tempo, quando o planeta estiver sedento por tecnologias não poluentes, nós faremos parte dos compradores, e não dos inovadores que se beneficiam da visão futurista.

Hoje, não há um exemplo de nação que tenha se tornado potência a partir da abundância de recursos naturais. No passado, talvez, mas, na história recente, são as idéias e invenções tecnológicas que fazem a diferença. A Venezuela, com todas as suas reservas de petróleo, é mais conhecida por sua linha de produção de “Miss Universo”. A fartura de minérios na América Latina não conseguiu arrancar o rótulo de terceiro mundo da região. Do outro lado da balança, uma revolução educacional mudou a Coréia do Sul em poucas décadas. O Japão, tão pobre em recursos naturais, tornou-se uma potência econômica e cultural. Até a Índia aproveitou a revolução tecnológica provocada pela computação e, agora, exporta em serviços o equivalente a três vezes as exportações brasileiras de soja e derivados. Isso tem contribuído para crescimentos da ordem de 8% ao ano, sem a necessidade de explorar à exaustão o recursos naturais, já escassos para aquela população, é verdade.

A propaganda da estatal do petróleo dá a impressão de que conquistamos o mundo. Realmente, cavucar um buraco de sete quilômetros debaixo do oceano e retirar petróleo não é para qualquer um. A possibilidade de participar de fóruns de decisão importantes como Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) traz perspectivas interessantes. Politicamente, é uma arma poderosa para um povo pretensioso como o nosso. Entretanto, a mentalidade está atrasada. Falar em independência numa época de globalização parece piada. Precisamos de gasolina para alimentar os carros produzidos com receita importada. Onde está a independência? Daqui a 50 anos estaremos lamentando a oportunidade perdida. Ou talvez não. Talvez ainda estejamos iludidos pela esperança de que o Brasil seja mesmo o país do futuro, ou de que poderemos esquecer a frustração com um gole de cachaça no boteco da esquina. Bom, se for fiado, teremos que voltar no dia seguinte.

* Bruno de Amorim Maciel, mestre em desenvolvimento sustentável, consultor e curioso sobre as coisas do dia-a-dia.

Ouro verde (www.oeco.com.br)

Ouro verde PDF Imprimir E-mail
Cristiane Prizibisczki
24/09/2009, 10:57
foto: Sudio D' Ambrosio

Mountinho do IPAM: desmatamento nas UCs é 10 vezes menor
A implementação efetiva das unidades de conservação da Amazônia, as já existentes ou em elaboração, podem render ao Brasil cerca de 40 bilhões de dólares e evitar que 4,8 bilhões de toneladas de carbono sejam lançadas na atmosfera. Esta é a conclusão do estudo lançado nesta quarta (23) pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), em parceria com a não-governamental WWF e a Universidade Federal de Minas Gerais, durante o 6º Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, realizado desde o último domingo em Curitiba.

Para chegar a esta conclusão, pesquisadores das instituições envolvidas analisaram dados do desmatamento ocorrido entre 2002 e 2007, verificando as probabilidades históricas de supressão das matas em cada uma das 521 áreas protegidas existentes no bioma amazônico, incluindo áreas de proteção integral, uso sustentável, áreas militares e terras indígenas. Os resultados do trabalho indicam que as áreas protegidas são, de fato, inibidoras da degradação. “A probabilidade de ocorrer desmatamento nas zonas do entorno das áreas protegidas é em até dez vezes superior àquela do seu interior e cresce em direção às zonas mais distantes dos limites das áreas protegidas”, diz o documento.

Se forem consideradas somente as unidades de conservação criadas entre 2003 e 2007, sua efetivação representará redução das emissões na ordem de 3,3 bilhões de toneladas de carbono equivalente até 2050. Quando adicionado ao número de unidades já existentes os 127 mil quilômetros quadrados de unidades em processo de estabelecimento pelo Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), do Ministério do Meio Ambiente, a redução salta para os 4,8 bilhões de toneladas de carbono que deixariam de ser lançados no ar.

Traduzida em valores monetários, esta redução representaria quatro vezes mais o custo de criação, manutenção e fiscalização das unidades de conservação na Amazônia, hoje orçado em 10 bilhões de dólares. “Isso poderia representar o valor do esforço da sociedade brasileira de se tomar a decisão de manter essas áreas protegidas na Amazônia”, diz Paulo Moutinho, pesquisador do Ipam e um dos autores do estudo. O lucro de 30 bilhões de dólares que seriam gerados nesse processo poderiam ser reinvestidos na criação de mais unidades e na manutenção das unidades existentes, defende o pesquisador.

A venda dos créditos de carbono pelo desmatamento evitado, conhecido internacionalmente como REDD (Redução de Emissões para o Desmatamento e Degradação), é muito mais eficiente que a arrecadação de recursos por doações dos países desenvolvidos, diz Moutinho. Isso porque doações dependem da boa vontade dos países e não são garantidas ao longo prazo. “A ameaça da mudança climática muda nossa percepção sobre as unidades de conservação e as funções que elas têm. As florestas prestam serviços ambientais em uma escala muito grande”, diz.

Em síntese, o que o documento comprova é que “as áreas protegidas possuem um papel fundamental na redução do desmatamento em escala regional, derrubando a hipótese que o estabelecimento de áreas protegidas simplesmente redistribui o desmatamento sem diminuí-lo em termos absolutos”.

O documento “Redução das emissões de carbono do desmatamento no Brasil: o papel do Programa Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa)” estará disponível em breve no site das entidades envolvidas em sua publicação.








quarta-feira, 23 de setembro de 2009

IBGE informa: onze reais em livros, por ano

(por Marcelo Melo, via HSM/UoD)

Você sabe qual é a média de gastos por família e por ano no Brasil com livros? Antes de saber a minha resposta, faço um cálculo rápido. Quanto você deixou nos caixas das livrarias ou dos sites com livros até agora neste ano?

Quanto? Menos que 100 reais? Entre 101 e 300 reais? Entre 301 e 1000 reais? Mais que 1000 reais? Eu tenho uma dificuldade de aceitar que qualquer profissional minimamente interessado em conseguir pensar e compreender um pouco da vida não se encaixe ou na última ou na penúltima categoria que criei acima. E olha que não estou falando apenas de livros técnicos, livros de negócios. Esses podem também ajudar, mas uma boa literatura pode revelar muito da vida, da espécie, nos capacitar para tentar entender o que podemos fazer por aqui.

Mas dados revelados agora pelo IBGE são inacreditáveis. O gasto familiar médio por ano é de R$ 11,00, sim, vou escrever, onze reais, para que ninguém pense que eu errei. Um pouco abaixo dos R$ 17,00 gastos em jornais e 1 quarto dos R$ 42,00 gastos em revistas. Não é assustador? Se chegou até o fim, acaba de assumir a responsabilidade de puxar essa média para cima. Você tem duas opções, ou desliga o computador e vai até a livraria mais próxima comprar o que mais lhe atrair, ou abandonar esse site e digitar o de uma livraria e fazer sua encomenda. Enquanto o gasto com leitura estiver nesse patamar, o Brasil vai continuar a conviver com a maioria dos absurdos que convive.

Se alguém precisar de dicas, à disposição!

Poluição, saneamento e educação. (Folha de São Paulo)

Mário Mantovani, diretor da fundação SOS Mata Atlântica:

"...Oito mil pessoas morrem por ano em decorrência da poluição por diesel contaminado."


Andréia Ferreira, do Projeto Tietê, da Sabesp-SP:

"...A qualidade da água do rio não depende só de ações de saneamento. É preciso contar com a educação das pessoas. Qualquer papel jogado no chão ou cocô de cachorro não recolhido vem para o rio com a chuva."

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Paris na onda verde


É engraçado perguntar para um brasileiro que mora há algum tempo em Paris como é que se fala "bio" em português. "Bio" é como os franceses chamam produtos agrícolas não-transgênicos e plantados sem agrotóxicos - o que a gente chama no Brasil de "orgânicos". Acontece que a gente usa tanto essa palavra em Paris, e tão pouco no Brasil, que é comum a esquecer da tradução na língua materna.É impressionante o espaço que a agenda verde ocupa na vida de uma cidade como Paris. Há carros elétricos nas ruas - e vagas gratuitas para recarregá-los. Nos supermercados, sacos plásticos para carregar as compras são pagos, o que estimula o consumidor a trazer uma sacola reutilizável de casa.Os produtos "bio" estão nas prateleiras de todos os supermercados - que muitas vezes têm sua própria marca de produtos desse tipo. Até vinhos orgânicos estão disponíveis nas cartas dos restaurantes mais moderninhos.Outra palavra de ordem é o "équitable", que é como os franceses chamam o comércio justo, de produtos feitos sem trabalho infantil, em uma cadeia produtiva remunerada a preços justos e a partir de matéria-prima orgânica.A moda está totalmente contaminada pela onda "équitable" e um dos produtos de maior sucesso desse segmento é uma marca de tênis produzida - adivinha? - no Brasil.O algodão orgânico é plantado no Ceará, a borracha vem da Amazônia e a montagem é feita por uma cooperativa na periferia de São Paulo. Moderninhos e coloridos, os tênis Veja estão nos pés de toda a juventude alternativa da cidade.O conceito entrou na moda com tal força que hoje existe uma profusão de lojas-conceito com uma enorme oferta de produtos vindos do comércio justo. A mais badalada delas é a Merci, que fica em pleno baitrro de Marais e arrebata os corações - e os bolsos - da comunidade verde da cidade.Porque aí está um dos nós do consumo orgânico, justo e ecológico: também por aqui esses produtos são mais caros que os convencionais. O que talvez explique a acolhida menos calorosa dessas iniciativas nos mercados dos países em desenvolvimento como o nosso.Anda cada vez mais organizada - tanto aqui quanto aí, pelo que tive notícia - a turma dos que querem colaborar nessa equação complexa que envolve boas intenções, política, interesses e panoramas econômicos distintos.Assim como a filiação de Marina Silva ao PV tem dado o que falar, por aqui também os políticos verdes estão no centro das atenções.Depois das últimas eleições européias, quando o Europe Écologie atingiu 16,2% dos votos, superando mesmo os socialistas na votação em Paris, o Partido Verde francês entendeu o recado de que sua hora chegou.Para o ano que vem, nas eleições para a presidência das regiões francesas, os verdes já decidiram lançar como candidata a jovem Cécile Duflot, de 34 anos, rompendo a tradicional aliança com o Partido Socialista.O apelo da causa é tamanho que mesmo o direitista Sarkozy está trabalhando para tirar do PV francês o monopólio da defesa ecológica. Sua atual bandeira é a implantação de uma "taxa de carbono", que vai onerar o combustível e de energia, visando a redução do consumo.Claro que a turma da oposição ri da tentativa de monsieur-le-president de surfar na onda alheia, e alega que é só uma desculpa para criar um imposto - que já não são poucos por aqui.O lado bom da polêmica é que, seja de quem for a mão que segura a bandeira, a discussão sobre o novo imposto envolve cada vez mais o cidadão comum na defesa do meio-ambiente - coisa que, no nosso país, está demorando para acontecer.
Carolina Nogueira é jornalista e mora há dois anos em Paris, de onde mantém o blog Le Croissant (www.le-croissant.blogspot.com)

China e o anúncio de plano para controlar emissões de carbono

China deve anunciar plano para controlar emissões de carbono

22/09 - 09:28, atualizada às 10:01 22/09 - BBC Brasil

BBC BRASIL

A China deve anunciar novos planos para controlar suas emissões de carbono - vistas como a principal causa do efeito estufa - em uma cúpula especial da ONU sobre mudanças climáticas, em Nova York, nesta terça-feira.

Cerca de cem líderes mundiais vão participar do encontro e tentar revitalizar as negociações sobre emissões de carbono.

As atenções estarão voltadas para a China e os Estados Unidos, os dois maiores emissores do mundo, cuja posição é vista como crucial para que se alcance um acordo.

O encontro ocorre dois meses antes da cúpula da ONU em Copenhague, cujo objetivo é aprovar um novo tratado global sobre mudanças climáticas que substitua o atual Protocolo de Kyoto para limitar as emissões de carbono.

China

Segundo a correspondente da BBC na ONU, Barbara Plett, as discussões continuam emperradas porque os países ricos evitam se comprometer a cortar emissões em proporção grande o suficiente para acabar com os riscos colocados pelo aquecimento, enquanto os países pobres se recusam a aceitar limites de emissões, alegando que isso prejudicaria seu desenvolvimento econômico.

O papel da China é crucial porque o país não é apenas uma economia emergente, mas também um grande poluidor.

O principal negociador de mudanças climáticas na ONU, Yvo de Boer, disse esperar um importante anúncio da China durante a reunião.

"A política doméstica da China já é bastante ambiciosa, mas sim, eu espero algo dramático", disse ele.

A expectativa é de que o presidente Hu Jintao anuncie "metas de intensidade de carbono" com o objetivo de tornar a indústria chinesa mais eficiente, para que seja emitido menos carbono por unidade de energia gerada.

A China já ultrapassou os Estados Unidos como o maior mercado de energia eólica - gerada a partir de vento - e é uma potência crescente em energia solar. Analistas afirmam que o presidente Hu pode avançar ainda mais as metas de energias renováveis no país.

Mas segundo o correspondente da BBC em Pequim, Quentin Sommerville, dificilmente o governo chinês vai concordar em limitar suas emissões.

Apesar de todos os avanços na tecnologia verde, 70% da energia chinesa ainda é proveniente do carvão, e o crescimento econômico também significa um crescimento nas emissões de gases poluentes.

Pressão sobre os EUA

No encontro, as atenções também estarão voltadas para outro grande poluente, os Estados Unidos.

Ao contrário do governo de seu predecessor, George W. Bush, o atual presidente dos EUA, Barack Obama, já reconheceu que as mudanças climáticas são uma questão premente.

Ele anunciou a meta de retornar ao nível de emissões de 1990 até 2020, mas críticos afirmam que Washington está se movendo muito lentamente na aprovação de leis. No momento, Obama tem dedicado mais atenção a questões domésticas, como as reformas econômicas e do sistema de saúde.

Seu discurso no encontro da ONU será observado por analistas que buscam sinais de que ele está disposto a cumprir sua promessa de assumir a liderança para que seja fechado um acordo global sobre emissões de carbono.

Uma demonstração de vontade política da China e dos Estados Unidos seria um importante avanço nas negociações, afirmam analistas.

A China e os Estados Unidos são responsáveis, cada um, por cerca de 20% da emissão de gases poluentes no mundo, provenientes do carvão, gás natural e petróleo.

A União Europeia é responsável por 14% das emissões, seguida pela Rússia e Índia, com 5% cada.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Conferência Nacional de Comunicação (Postagem por Aluysio Robalinho)

Sérgio Amadeu: O que queremos na Conferência Nacional de Comunicação?

do Trezentos de Sérgio Amadeu
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A conjuntura política nas vésperas da primeira conferência nacional de comunicação é bastante complexa. O ciberespaço se mostra cada vez mais envolvente e presente nas disputas políticas de nossa sociedade. Ativistas conseguem articular uma grande reação ao projeto de criminalização de práticas cotidianas na Internet defendido pelo Senador Azeredo. Todavia, as velhas forças políticas oligárquicas usam sua força ideológica nas camadas médias do país para articular uma nova direita, agora conectada. Alguns blogueiros, ditos modernos, unem-se as celebridades dos mass media e políticos do PFL para apresentarem-se como inocentes comentaristas dessas nova esfera pública. A velha Globo percebe a importância das redes sociais e organiza a “espontânea” entrada e seus atores e artistas no Twitter seguindo um manual de condutas.

Ali Kamel, o prestigiado intelectual da Globo, destila a cada dia as premissas ideológicas do combate à Internet e prepara o discurso de suas tropas de desembarque no mundo das redes: “… a crença de que a internet, por natureza, é um espaço sem dono, livre, democrático. Não é verdade: não existem terras de ninguém. “… a crença de que a internet, por natureza, é um espaço sem dono, livre, democrático. Não é verdade: não existem terras de ninguém. O que tem prevalecido é uma terra com novos donos que, até aqui, têm tido êxito em chamar de liberdade o que é puro roubo.”

Neste cenário, os movimentos sociais e as forças populares discutem uma agenda para a conferência de comunicação colocando o seu foco em temas que dizem respeito ao controle público e democrático das comunicações de massa.

Contudo, o momento atual das comunicações é de transição para o mundo das redes. Até a TV caminha para a digitalização de suas transmissões. A chamada convergência, a mobilidade e a ubiquidade das comunicações precisa entrar nas preocupações daqueles que discutem a conferência. Do contrário, poderemos gastar energia demasiada para regulamentar apenas sombras e não seus agentes. O cenário e o poder comunicacional está mudando.

Minha sugestão para esta conferência de comunicação ficará circunscrita a nova agenda, o que não quer dizer que não devemos tratar dos déficits democráticos da comunicação de massa.

Seguem alguns pontos que considero essenciais na nova agenda da comunicação:

BANDA LARGA

1) Bandalargar todo o país, como condição básica e mínima para garantir o acesso das comunidades à comunicação em rede.

REDES ABERTAS

2) Incentivar a construção de redes wireless abertas de conexão à internet em todos os municípios (propor um programa do governo federal para financiar esta estrutura de conectividade indispensável para a inclusão digital e para reduzir o custo Brasil das telecomunicações).

OPEN SPECTRUM E OCUPAÇÃO DIGITAL COMUNITÁRIA DAS FREQUÊNCIAS NÃO-OCUPADAS

3) Defender a ocupação de faixas de frequência para uso digital comum, seja para rádios livres, provedores locais de acesso à internet e para coletivos culturais, sem necessidade de autorização do Estado, desde que os aparelhos utilizados sejam homologados pelo órgão fiscalizador.

Atualmente, com o uso de tecnologias digitais não precisamos mais ter um modelo de ocupação das frequências de rádio baseado na concessão de cada frequência para um único operador.

Os rádios transmissores digitais são inteligentes e operados por software. Desse modo, não interferem nas transmissões de outros usuários da mesma frequência. Você já pode ver isto com os pontos de conexão wireless. Muitas vezes podemos ver nos aeroportos dezenas de pessoas conectadas a internet emum único roteador. Elas, em geral, estão usando as mesmas frequências de ondas de rádio e o fluxo de dados de um computador não interfere nos outros.

Nos Estado Unidos, no ano passado, a FCC (órgão regulador das telecomunicações norte-americanas) aprovou o uso das frequências não-ocupadas entre os canais da TV Digital pelas comunidades locais. A única exigência é usar somente aparelhos transmissores digitais que tenham sido homologados por eles, ou seja, que comprovem que tem qualidade para não criar interferências e ruídos. Esta nova política de ocupação do espectro radioelétrico foi denominada de “espaços em branco” (White Spaces)

Para saber mais, seguem alguns links (infelizmente somente em inglês):

FCC opens free ‘white space’ spectrum
http://news.cnet.com/8301-1035_3-10082505-94.html

White Spaces: Bringing the Internet to Everyone
http://www.freepress.net/whitespaces

Wireless at warp speed
From Economist.com
http://www.economist.com/daily/columns/techview/displayStory.cfm?story_id=12581204

Wikipedia: white spaces
http://en.wikipedia.org/wiki/White_spaces_(radio)

DEFESA DE UMA CARTA DE DIREITOS DIGITAIS DOS CIDADÃOS

4) A todo instante parlamentares conservadores, ligados ao lobby da indústria de copyright e da comunidade de vigilância querem impor restrições absurdas à comunicação em redes digitais.

Por isso, precisamos de produzir um consenso que culmine em uma lei complementar que garanta os direitos dos cidadãos no ciberespaço, ou seja, um conjunto de direitos e garantias para o uso da internet.

Assim, proponho que sejam considerados direitos dos cidadãos na comunicação em redes digitais:

Todos os brasileiros têm o direito ao acesso à Internet sem distinção de renda, classe, credo, raça, cor, opção sexual, sem discriminação física ou cultural

Todos internautas têm o direito à acessibilidade plena, independente das dificuldades físicas ou cognitivas que possam ter.

Todos cidadãos brasileiros têm o direito de abrir suas redes e compartilhar o seu sinal de internet, com ou sem fio.

Todos os cidadãos têm o direito à comunicação não-vigiada.

Todo internauta tem o direito à navegação livre, anônima, sem interferência e sem que seu rastro digital seja identificado e armazenado pelas corporações, pelos governos ou por outras pessoas, sem a sua autorização.

Todo interagente tem o direito de compartilhar arquivos pelas redes P2P sem que nenhuma corporação filtre ou defina o que ele deve ou não comunicar.

Todo cidadão tem o direito que seu computador não seja invadido, nem que seus dados sejam violados por crackers, corporações ou por mecanismos de DRM.

Todo brasileiro tem direito a cópia de arquivos na rede para seu uso justo e não-comercial.

Todo cidadão tem direito de acessar informações públicas em sites da Internet sem discriminação de sistema operacional, navegador ou plataforma computacional utilizada.

Toda pessoa tem o direito a escrever em blogs e participar de redes sociais com seu nome, com codinome ou anonimamente.

Todo blogueiro tem o direito de aceitar ou não comentários anônimos, não sendo responsável pelo seu teor.

VAMOS CONSTRUIR CONJUNTAMENTE NOSSA AÇÃO

Estas são idéias iniciais para apresentarmos na conferência de comunicação. Gostaria de participar com todos vocês da construção de uma política pública para a comunicação na sociedade da informação. O que acham?

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Capivaras na Barão



Fotos: Cayenne
Elas estão lá. As capivaras na Barão. Pena que o rio seja tão sujo, tão poluído. Pena que elas estão correndo perigo de atropelamento. O que podemos fazer por elas?