terça-feira, 29 de junho de 2010

Sobre Emília e Visconde de Sabugosa








Muitas coisas interessantes foram contadas, em nossas aulas, semana passada, a respeito dos personagens Emília e Visconde de Sabugosa, criados por Monteiro Lobato. Em especial ficaram destacados os relatos interessantes de Evelin, da 3002 e Thamiris, da 3001. Por um feliz acaso as duas pertencem ao grupo "Os Leitores" que vem desenvolvendo projeto de leituras dramatizadas na Sala Mario Quintana. Para o 2º semestre vamos convidar outras turmas para ouvirem as histórias de Emília e o Visconde lá na sala Quintana.

Para começar o dia


"Ao acordar de manhã, sorrio.
Vinte quatro horas novinhas em folha estão diante de mim.

Me comprometo a viver plenamente cada momento
e a olhar todos os seres com olhar de compaixão."


Thich Nhat Hanh

"Momento Presente Momento Maravilhoso" Ed. Sextante
Trad. Alda Leoncio e Odete Lara

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A Reforma do código florestal permite desmatamento desenfreado



Professor titular do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo (USP), o agrônomo Luiz Antonio Martinelli diz que o relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) com a nova versão do Código Florestal, que propõe mudanças nesta lei, não tem nenhum embasamento científico e atende somente a interesses políticos. Segundo o pesquisador, que é doutor em ciências ambientais, as alterações podem gerar um “desmatamento desenfreado”. A principal crítica que ele faz é com relação à diminuição do limite mínimo da largura das Áreas de Proteção Permanente (APPs), destinadas à conservação dos rios, de um tamanho de 30 metros para 15 metros, podendo chegar até a 7,5 metros nos estados que assim decidirem. Para ele, uma área deste tamanho não é capaz de garantir a sobrevivência dos rios.

O GLOBO: O que o senhor achou das mudanças propostas no Código Florestal?

LUIZ ANTONIO MARTINELLI: As mudanças foram baseadas em aspectos políticos. A base científica desse relatório é zero. Esqueceram de convidar a ciência a participar. Em decorrência, existe uma série de falhas enormes em termos científicos e ecológicos na proposta de reforma do código. A comunidade científica não foi consultada sobre essas mudanças. Eu sei que esta é uma decisão política, mas tem que ser embasada na ciência. E não foi.

Quais os principais problemas da proposta de mudança?

MARTINELLI: As principais falhas são a redução da APP, a moratória, a não punição. Se essas reformas forem aprovadas, estaremos indo na contramão da história. Por um lado, o Brasil investe milhões para promover um combustível ecológico, como é o etanol, por outro lado, essa reforma vai permitir ocorrer um desmatamento desenfreado, lançando uma quantidade enorme de carbono na atmosfera.

Quais os prejuízos para o meio ambiente com a redução da APP?

MARTINELLI: Não tem como uma floresta caber em 7,5 metros (de largura) e ter alguma função ecológica. Não tem função ecológica protetora nenhuma em uma área tão exígua para APP. É uma brincadeira. É uma linha de árvores sem função nenhuma. Mesmo 15 m é muito pouco. Isso é um retrocesso muito grande.

Passar para os estados a prerrogativa de decidirem se ampliam ou reduzem as APPs é positivo? MARTINELLI: Abre um precedente muito perigoso. Uma Assembleia Estadual é muito mais afeita a pressões de grupos de interesses locais do que o Congresso Nacional. Eu garanto pra você que em 90% dos estados vai haver a redução da APP.

Mas o atual Código Florestal não é perfeito. É?

MARTINELLI: Eu acho que para os pequenos produtores tem que ter bom senso e fazer reformas no código porque, se forem aplicadas todas as normas, não sobra muito para eles produzirem. Obviamente tem que haver uma reforma. Mas não da maneira que foi feito. A agricultura depende do meio ambiente funcionando. Um ecossistema saudável se consegue com um misto de preservação e agricultura. É uma falácia colocar o meio ambiente de um lado e a agricultura do outro.

O relator sempre se refere a um estudo da Embrapa, que demonstra que, excluindo todas as áreas protegidas (terras indígenas, unidades de conservação, APP e reserva legal), sobram menos de 30% do território brasileiro para agricultura.

MARTINELLI: Esse estudo, tecnicamente, é um lixo que já foi contestado por vários colegas que trabalham com mudança no uso da terra. Tem estudos que mostram que se você só usar áreas abandonadas, áreas degradadas e áreas de pastagem de baixa produtividade você não precisa arrancar mais nenhuma árvore e você ainda consegue dobrar a área agriculturável no país. Este estudo do pesquisador da Embrapa é uma falácia encomendada. E esse foi o problema: o único estudo no qual o nobre deputado se baseou foi um estudo errado, que ele sabia que sofria fortes contestações. Então o estudo teve um uso meramente político.

O Brasil tem tecnologia para aumentar a produção agrícola com desmatamento zero?

MARTINELLI: Nós temos 200 milhões de hectares de pastagens. A média no Brasil é uma cabeça de gado por hectare. Isso é muito pouco. Você facilmente coloca dois bois por hectare. Só nessa brincadeira você ganha 100 milhões de hectares. Se você somar as áreas de plantações de soja, cana e milho, que são as principais culturas, você não chega nem a 50 milhões de hectares. O que a terra é no Brasil é mal aproveitada. Mas existe uma pressão muito grande para você aumentar as áreas para haver terra mais barata, você produzir com baixo custo e gerar mais lucro.

O que pode acontecer se houver o desmatamento desenfreado que o senhor teme?

MARTINELLI: Nas florestas que forem retiradas vamos ter a perda da biodiversidade, perdas dos serviços dos ecossistemas, como a produção de água, a manutenção de insetos úteis. A intensificação do uso da terra, com maquinários pesados leva ao aumento da erosão do solo. Conforme a lavoura, você vai aumentar o uso de pesticidas, com o agravante de que muitos pesticidas banidos no mundo inteiro ainda continuam sendo usados no Brasil. O mais triste disso é que o Brasil é o primeiro país da história que criou uma agricultura tropical extremamente produtiva. E ao mesmo tempo nós temos uma mega biodiversidade. Esse é o Brasil do futuro, mas temos também a chance de perder essa oportunidade.

A candidata Marina Silva se declarou contra o relatório de Aldo Rebelo e convocou os outros presidenciáveis a se manifestarem, o que não aconteceu.

MARTINELLI: Isso é preocupante. Especialmente quando vejo o Xico Graziano (secretário de meio ambiente de São Paulo e coordenador da campanha do Serra) dizendo ser a favor da utilização de espécies exóticas para a compensação ambiental. Isso é de um desconhecimento científico cavalar ou é de má fé. Isso é muito grave. Do lado da Dilma, ela não mostrou nenhuma preocupação quanto às mudanças. A Dilma tem se mostrado frequentemente com um certo desleixo ao meio ambiente, mas pelo menos ela está sendo coerente. Ela tem essa vertente de que o Estado deve passar em cima do meio ambiente, porque ela acha que o meio ambiente é um empecilho ao desenvolvimento. Espero que a pressão continue, que os candidatos mostrem a que vieram e deixem a sociedade julgar.

ENTREVISTA PUBLICADA EM O GLOBO

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Repercussão da morte de Saramago (Folha.com - ilustrada)

"O escritor José Saramago mantinha relações privilegiadas com o Brasil. Esteve presente em diversos eventos literários no país e se tornou muito popular antes mesmo de conquistar o Prêmio Nobel. Em romances como "O Ano da Morte de Ricardo Reis", o Brasil faz parte das reflexões do grande escritor. A sua perda é recebida com muita tristeza, particularmente pelos que têm apreço pela língua portuguesa e por sua importância cultural em tantos continentes. O Ministério da Cultura do Brasil se soma aos que lamentam e manifestam a dor pela perda desse grande escritor."

Juca Ferreira, ministro da Cultura

Leia mais sobre José Saramago
Veja fotos do escritor José Saramago

"A obra dele era a cara dele, é tão coerente com o que ele militou, com o que fez. Além de português, era um grande brasileiro, as questões brasileiras o interessavam, era inteiramente ligado ao Brasil. Um figuraça, um grande militante de base além de um grande escritor."

Sebastião Salgado, fotógrafo, amigo e companheiro de militância de Saramago

"É uma grande perda para a literatura. A obra de Saramago estão lado das grandes obras de literatura e com o tempo vai ganhar força. É um estímulo para qualquer escritor, uma referência que vai ficar."

Gonçalo M. Tavares, escritor português

"O Saramago foi um autor importantíssimo para mim, não foi à toa que eu decidi montar a [adaptação do livro] "Memorial do Convento", na época que eu li foi transformador como concepção de literatura contemporânea e propôs para mim uma coisa completamente inovadora."

Christiane Jatahy, diretora teatral

"Senti grande emoção ao tomar conhecimento da notícia. Sabia que ele estava frágil, doente, mas sempre pensei em Saramago como um imortal por sua própria obra, por seu lado humano. Ele é eterno."

Nélida Piñon, escritora

"Ele é o nome mais importante em língua portuguesa nos últimos 40 anos. Ele é o grande herdeiro de uma tradição da rica crônica portuguesa de Fernão Lopes. 'Memorial do Convento' foi a [obra] porta de entrada para mim em sua obra."

Cristóvão Tezza, escritor

"Saramago é um escritor importante sem dúvida. Deu uma contribuição à literatura de ficção pela originalidade de seu estilo. Tinha uma maneira muito pessoal de lidar com a língua portuguesa. As inovações que ele introduziu à prosa brasileira o distingue. Tinha muita imaginação e criatividade e, além do mais, era um escritor polêmico, que criou um instrumento de discussão dos problemas da atualidade."

Ferreira Gullar poeta e colunista da Folha

"Com a morte de Saramago, o mundo perde um de seus grandes escritores. E a literatura de língua portuguesa perde não somente um grande escritor, mas um intelectual de posições marcantes, que sempre soube defender com coragem e brilhantismo."

João Ubaldo Ribeiro, escritor

"A obra do Saramago foi importantíssima para a literatura da língua portuguesa. Acho que ele trabalhava com alegorias e nisso construiu uma obra inovadora em certo sentido. Por exemplo pelo fato de não indicar narrador. Os narradores e os personagens falam no fluxo contínuo, como se fosse uma espécie de oralidade contínua, sem cortes, sem indicações. Isso não é uma novidade porque alguns escritores do modernismo já usavam essa técnica, mas ele ajudou a criar um grande público de leitores para uma obra consistente, o que não é comum. Na América Latina, só havia escritores de qualidade de língua espanhola que tinham alcançado grande público. O Saramago dialogou com a literatura da língua.

Também tem um sentido histórico na obra dele que é muito importante. Ele trabalha com elemento constitutivo do romance moderno, que é a história, o sentido da história. É o romance sem ser o romance histórico propriamente dito. Ele fez isso em vários momentos, como na 'História do Cerco de Lisboa', que é um belo romance com fundo histórico importante.

Ele também criticava todo tipo de injustiça e isso não é muito comum hoje em dia. Tem um lado humanista, solidário que acho importante também na obra dele."

Milton Hatoum, escritor

"Perco um grande amigo. Perdemos todos um ser humano admirável, um escritor imenso, zelador apaixonado da língua portuguesa."

Chico Buarque, músico

Comentário do Projeto Cidadania Planetária: A língua portuguesa hoje calou uma voz muito forte, um criador e humanista. Uma grande obra criada no século XX e que abriu o séc. XXI. Mas os seus livros estão aí. É preciso lê-los e relê-los. Valeu Saramago!!! Obrigado por ter vindo ao mundo e à "pátria da língua portuguesa".

Última entrevista concedida por José Saramago à Folha

Sylvia Colombo

Enviada especial a Lisboa


Confira abaixo a reportagem

Um vento frio batia no vilarejo de Alcochete, que fica à beira do rio Tejo, a poucos quilômetros de Lisboa, na noite da última terça-feira. Ali, num shopping moderninho a céu aberto, "Ensaio Sobre a Cegueira" teve uma acanhada pré-estréia, na terra do criador de sua trama, o escritor e Prêmio Nobel português José Saramago, 85.

Ao lado do diretor do filme, Fernando Meirelles, Saramago fez um curioso comentário. "A última vez em que estive em Alcochete, aqui só havia burros." Sentiu-se, então, um silêncio constrangedor na plateia.


Tuca Vieira 28.nov.2008/Folhapress
José Saramago antes da sabatina promovida pela Folha, em São Paulo
José Saramago antes da sabatina promovida pela Folha, em São Paulo

Mas ele logo explicou o que queria dizer. No passado, a região era conhecida por ser um lugar onde burros de carga vinham tomar água e se alimentar. Mas, agora, parecia ter se tornado apenas mais um lugar a sucumbir ao capitalismo.

Logo ouviram-se risadinhas. Em parte deviam ser de alívio, dos reais moradores de Alcochete, que percebiam que não, não estavam sendo xingados.

Mas, no geral, o que elas mostravam mesmo era que os presentes reconheciam naquelas palavras o bom e velho Saramago. Sempre disposto a, a partir de uma situação comezinha qualquer do dia-a-dia, buscar analogias para lançar torpedos contra as crueldades do capital e da globalização.

No dia seguinte, na sede da Fundação José Saramago, em Lisboa, pergunto ao autor se, afinal, não era melhor para a pobre Alcochete, nos dias de hoje, ser a sede de um shopping center do que uma aldeia freqüentada por burros de carga.

"É óbvio que os que ali vivem assim pensam, mas alguém precisa surgir para avivar lembranças. Conservar a memória de um outro tempo ajuda a relativizar o atual."

No Brasil

Para o métier intelectual, Saramago é um esquerdista cabeça-dura incorrigível, mas ele parece não se importar com isso, e o fato é que seus livros caíram no gosto comum geral. Principalmente por parte do público brasileiro.

Os números de vendas ilustram isso. Atacado em Portugal pela Igreja Católica, "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" vendeu na ex-colônia mais de 200 mil exemplares. Já "Ensaio Sobre a Cegueira", 300 mil, número impulsionado agora pelo filme de Meirelles.

Esse vasto mercado e uma relação afetiva crescente com o país levaram Saramago a escolher o Brasil para receber sua nova obra, o romance "A Viagem do Elefante". No dia 27 de novembro, em evento no Sesc Pinheiros, ela terá seu lançamento mundial.

Na mesma semana, o Nobel será também homenageado pela Academia Brasileira de Letras, no Rio, e terá aberta no Instituto Tomie Ohtake, em SP, uma exposição com objetos pessoais e manuscritos.

Em entrevista à Folha, Saramago explicou que seu novo romance foi concebido há muito tempo, em 1999, mas que, apenas no último ano, quando esteve entre a vida e a morte, ele recebeu seu ponto final.

Fragilizado

Saramago ainda se recupera de uma grave doença respiratória, que quase o levou embora no ano passado. Na dedicatória de "A Viagem do Elefante", ele homenageia quem parece tê-lo salvo do pior: "A Pilar, que não deixou que eu morresse".

Pilar é a jornalista espanhola com quem está casado há mais de duas décadas. Mais jovem do que ele 28 anos, é ela quem organiza seus dias, vigia o que sai na imprensa e cada passo de lançamentos e entrevistas do marido mundo afora.

Mesmo fragilizado, ele continua com a agenda cheia. Fala, viaja e mantém um blog (caderno.josesaramago.org). O casal passa temporadas em Lisboa, mas mora mesmo na ilha de Lanzarote, no arquipélago das Canárias, na Espanha.

"A Viagem do Elefante" parte de um episódio verídico e inusitado. Em 1551, o rei português dom João 3º deu de presente ao arquiduque da Áustria um elefante indiano.

Uma caravana, que literalmente caminhava a passo de elefante, atravessou então boa parte da Europa para entregar o animal a seu destino, causando sensação nos povoados ao longo do caminho.

Afinal, tratava-se de um animal que as pessoas, na época, sequer sabiam como era.

Na comitiva, iam um comandante, um tratador de elefantes, soldados e bois. Homens e animais se observam o tempo todo ao longo da narrativa. "Quis usar o elefante como metáfora da vida humana. Os homens não entendiam bem as reações e os sentimentos do animal, mas também talvez porque não entendessem os seus mesmos", diz o escritor.

Partindo de um exemplo da realidade histórica, Saramago aproxima-se do tipo de romances que escreveu nos anos 80, como "O Ano da Morte de Ricardo Reis" ou "História do Cerco de Lisboa".

Por outro lado, o livro é também uma grande fábula, como os que vieram a partir da década seguinte, como "As Intermitências da Morte", "A Caverna" ou o já citado "Ensaio sobre a Cegueira".

Igreja e capital

A obra traz provocações a seus inimigos de costume. Entre eles, a igreja. Num dado momento, a população de uma aldeia alerta o cura local de que algumas pessoas andavam dizendo que o elefante que por ali passava era uma representação de Deus, segundo os indianos. O padre resolve, então, exorcizar o elefante.

"A igreja, que, para efeitos propagandísticos, cultiva a modéstia e a humildade, nos comportamentos age com um orgulho sem limite. Por isso criei esse padre, que quer exorcizar um elefante, como se fosse possível imaginar o que vai ali pela cabeça do bicho e, por analogia, o que vai pela cabeça de um homem comum."

Já contra o capital, Saramago hoje posa com segurança devido ao cenário de crise global. "Algumas pessoas, entre as quais me incluo, já vínhamos avisando que algo assim ia acontecer. E agora o que vemos? Que aconteceu mesmo!"

A esquerda, porém, para ele, não tem como dar respostas à tragédia. "Não dá nem para dizer que há em processo a elaboração de uma alternativa."


Armando Franca - 30.out.2009/AP
Saramago durante apresentação de seu livro "Cain" em Lisboa
Saramago durante apresentação de seu livro "Cain" em Lisboa

Ortografia

Apesar de não querer saber de mudar seu modo de escrever, Saramago é um defensor do acordo ortográfico firmado entre países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e que começará a entrar em vigor no Brasil em janeiro do ano que vem.

"Ele é necessário, mais para nós do que para vocês. O Brasil é quem lidera o ensino e a divulgação da língua pelo mundo. Temos de nos adaptar, para o nosso próprio bem, para a sobrevivência da nossa cultura."

As novas regras vão afetar principalmente o uso dos acentos agudo e circunflexo, do trema e do hífen. Em Portugal, onde haverá mudanças maiores, houve resistência por parte de intelectuais. "Tenho certeza de que com o tempo verão que a mudança terá sido benéfica."

Ele mesmo, porém, diz que não vai mudar sua escrita. "Os que forem revisar meus textos que o façam. Podem republicar meus livros dentro das novas regras, mas não serei eu a aprender, a essa altura da vida, um outro jeito de escrever."

Nota de pesar do Presidente da República

Nota de pesar do Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, pelo falecimento do escritor José Saramago:

"José Saramago contribuiu de maneira decisiva para valorizar a língua portuguesa. De origem humilde, tornou-se autodidata e se projetou como um dos maiores nomes da literatura mundial. Recebeu o Prêmio Camões, distinção máxima conferida a escritores de língua portuguesa, e o Prêmio Nobel de Literatura. Nós, da comunidade lusófona, temos muito orgulho do que o seu talento fez pelo engrandecimento do nosso idioma. Intelectual respeitado em todo o mundo, Saramago nunca esqueceu suas origens, tornando-se militante das causas sociais e da liberdade por toda a vida. Neste momento de dor, quero me solidarizar, em nome dos brasileiros, com toda a nação portuguesa pela perda de seu filho ilustre.

Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República Federativa do Brasil"

Morte de Saramago


18/06/2010 - 14h20
"Mundo ficou mais burro e cego hoje", diz Fernando Meirelles sobre morte de Saramago
Da Redação

O cineasta Fernando Meirelles lamentou nesta sexta-feira (18) a morte do escritor português José Saramago. Leia abaixo o comunicado oficial de Meirelles, que adaptou a obra "Ensaio Sobre a Cegueira" para os cinemas em 2008 e cuja produtora, a O2 Filmes, está co-produzindo documentário, atualmente em fase de finalização, sobre os últimos anos de Saramago e sua mulher, Pilar Del Río.

Leia aqui a repercussão completa da morte de Saramago.

* Manuel de Almeida / EFE

Fernando Meirelles (e) e José Saramago (d) durante apresentação do filme "Ensaio Sobre a Cegueira" em Lisboa, Portugal (27/10/2008)

* VEJA FOTOS DA TRAJETÓRIA DE SARAMAGO
* TRECHOS DE SABATINA DA FOLHA COM AUTOR

"A última vez que me encontrei com Saramago foi em Penafiel, em Portugal, em novembro passado, onde ele foi homenageado, mas na verdade tenho convivido muito com ele ultimamente pois a O2 Filmes está co-produzindo um documentário chamado 'José e Pilar', dirigido pelo português Miguel Mendes, sobre os últimos anos do Saramago e sua mulher. O filme é comovente de cortar os pulsos, vemos ali um homem brilhante que sabe que seu tempo está acabando e tem muita pena de morrer. O dia no qual ele pensava constantemente e que tentou adiar, chegou.

Saramago era um homem lógico, dizia que a morte é simplesmente a diferença entre o estar aqui e já não mais estar. Combatia as religiões com fúria, dizia que elas nos embaçam nossa visão, mesmo assim não consigo deixar de pensar que adoraria que neste momento ele estivesse tendo que dar o braço a torcer ao ser surpreendido por algum outro tipo de vida depois desta que teve por aqui.

A lucidez naquele grau é um privilégio de poucos, não consigo escapar do clichê mas definitivamente o mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego hoje.

Fernando"

* Morre aos 87 anos o escritor português José Saramago
* Veja trechos da sabatina da Folha com o autor
* "Saramago deu grande contribuição à literatura mundial", diz Ferreira Gullar; veja repercussão
* Veja lista de todas as obras publicadas pelo autor
* 'Forma Saramago' desafiou o leitor e fez Saramago popular
* Comunista e polemista, Saramago defendeu Cuba e a fusão de Portugal com Espanha

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Marina: mudança no Código Florestal é retrocesso (do Blog do Noblat)

Deu em O Globo

Marina: mudança no Código Florestal é retrocesso

‘Qualquer pessoa que queira governar este país deve se pronunciar, sob pena de se omitir ou de ser conivente’

Catarina Alencastro:


A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, convocou ontem os demais presidenciáveis a se manifestarem sobre mudanças propostas pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) no Código Florestal brasileiro.

Classificando as alterações como maléficas e chamando o relatório de retrocesso, Marina disse que quem quiser governar o país não poderá ser omisso sobre o tema. Para ela, a escolha de um ano eleitoral para flexibilizar a legislação ambiental não tem "o melhor dos objetivos".

— Qualquer pessoa que queira governar este país sinalizando o princípio da responsabilidade social e ambiental deve se pronunciar em relação a esse relatório, sob pena de se omitir ou de ser conivente. É uma questão suprapartidária — afirmou.

Marina defendeu que as bancadas se mobilizem para impedir as mudanças. Citando as reduções no desmatamento na Amazônia — de 27 mil km2 desmatados em 2004 para 7 mil km2 em 2009 —, disse que a destruição das florestas pode dobrar, caso o relatório seja aprovado.

A seu lado, André Lima, ex-funcionário do Ministério do Meio Ambiente e pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), calculou que o relatório perdoa o desmatamento de 40 milhões de hectares na Amazônia e no cerrado.

Com a dispensa da reserva legal para pequenos agricultores, outros 70 milhões de hectares deixariam de ser preservados. As duas medidas gerariam, segundo o Ipam, a emissão de 25 bilhões de toneladas de poluentes.

A ex-ministra disse que, depois que saiu do governo Lula, houve retrocessos, como a regularização fundiária da Amazônia, que "doa 67 milhões de hectares de terras públicas".

A pré-candidata disse que, se as mudanças forem efetivadas, o Brasil não conseguirá cumprir a meta que assumiu em Copenhague, de reduzir em até 39% as emissões de gases até 2020.

Para evitar a aprovação, disse que tentará relatar a matéria quando esta chegar ao Senado e trabalhará para modificá-la.

— A sociedade vai ter que dizer se quer uma legislação que proteja florestas, biodiversidade e recursos hídricos, ou se quer que a gente volte para o tempo da terra sem lei — ponderou

domingo, 13 de junho de 2010

Cartoons ecológicos (miriamsalles.info)




Tráfico de Animais Silvestres

Tráfico de Animais Silvestres

O tráfico de animais silvestres é o terceiro maior negócio ilegal do mundo, e que só no Brasil movimenta cerca de 700 milhões de dólares (americanos) por ano. Só das selvas brasileiras são retirados em média 12 milhões de animais por ano, e por cada animal vendido morrem nove.
O tráfico de animais só perde para o tráfico de drogas e de armas na escala dos mais rentáveis, sobrevive da miséria humana, explorando pessoas simples que fazem da venda de animais um meio trágico de obter dinheiro, causando assim enormes e irreparáveis danos na natureza.

A fauna é devastada, e a retirada de animais já causou a extinção de inúmeras espécies e consequentemente todo um desequilíbrio ecológico. A função dos animais como grandes dispersores de sementes, um papel importantíssimo para manter o equilíbrio no ciclo da vida, vê-se assim reduzido.
Aves exóticas, macacos, peixes e até animais ferozes, entre muitos outros, servem o prazer que algumas pessoas têm em possuir um animal exótico em casa.
Quanto mais raro for o animal maior é o valor a ser pago por ele, fazendo com que os animais em extinção sejam os mais cobiçados.
O grande problema é que a maioria das pessoas que possuem esses animais não sabem que a compra, venda, criação ou qualquer outro negócio envolvendo animais silvestres é crime inafiançável, e acabam levando para casa, junto com os animais, também uma série de problemas. Algumas acreditam até que a proteger os animais, sem fazer ideia de como eles sofrem com tudo isso.
A grande maioria dos que compram animais silvestres acabam mais tarde por se desfazerem deles, ao depararem-se com o trabalho que eles exigem, ou por não terem mais condições de mantê-los. Uma quantidade desses animais são depois levados aos zoológicos com a intenção de serem doados, e lá não são aceites pois em muitos casos já existe uma superlotação.
O animal em cativeiro perde a capacidade de caçar o seu alimento, de se defender dos predadores ou de se proteger de situações adversas. Se forem libertados, mesmo que em locais propícios, dificilmente conseguem sobreviver.
Muitos possuem os dentes e garras arrancadas, outros são vendidos drogados ou embriagados e outros ainda (geralmente pequenos macacos) são rodados a todo momento pela cauda até ficarem completamente desnorteados, tudo isso para passarem a imagem de
animais mansos e domesticados.
Muitos dos animais, ao serem colocados em cativeiro após retirados da vida livre, acabam por morrer pelo simples facto de se recusarem a comer. Em cativeiro a grande maioria perde até a capacidade de reprodução, sendo que isso é um dos principais instintos de qualquer animal, tamanho é o seu sofrimento.
Muitos dos animais são traficados para o exterior e transportados principalmente dentro de fundos falsos de malas, completamente sufocados por roupas e outros objectos. São esses motivos, entre outros, que fazem com que o maior número de mortes ocorra durante o transporte.
Se pretendes ter um animal em casa escolhe, de preferência um cão ou gato.


Referências:
http://www.ibama.gov.br/

Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-102-Tr%25E1fico%2Bde%2BAnimais%2BSilvestres.html

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Crianças redigem a Carta das Responsabilidades

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Crianças redigem a Carta das Responsabilidades

No encerramento da Conferência Internacional, 400 jovens e adolescentes de 12 a 15 anos entregaram a José Sarney o documento final do evento que acaba hoje


A Carta das Responsabilidades, que foi escrita coletivamente pelas delegações de 53 países participantes da Conferência Internacional Infantojuvenil - Vamos Cuidar do Planeta, contém o compromisso dos jovens com ações a serem adotadas para cuidar do meio ambiente.

No documento, os jovens afirmam conhecer os problemas ambientais que a Terra enfrenta e que, apesar de algumas pessoas dizerem que o dinheiro é a solução, o dinheiro não importa quando mais de 400 meninos e meninas se reúnem para cuidar do seu lar. Para eles, esse lar tem sido degradado ao longo do tempo e tem um futuro instável e incerto.

"Se queremos nos proteger das mudanças ambientais, precisamos assumir responsabilidades e ações", concluem os jovens, antes de apontar as nove responsabilidades a que eles se propõem seguir e divulgar em seus países.

Leia abaixo a íntegra da Carta.

Carta das Responsabilidades

No site da Comunidade Virtual você pode ler o abaixo-assinado criado pelos delegados para que a Carta seja divulgada para o maior número possível de pessoas e governos. Acesse aqui o abaixo-assinado.

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Realização

  • Ministério do Meio Ambiente
  • Ministério da Educação
  • Brasil - Um país de Todos

Parcerias

  • Unesco
  • PNUMA
  • UNICEF
  • The Charter of Human Responsibilities
  • Foundation Charles Léopold Mayer
  • ECOAR
  • Earth child institute
  • parcerias

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Dia da Língua Portuguesa

10 de Junho

Hoje cerca de 250 milhões de pessoas falam Português no mundo. No Brasil estão 80% desses falantes.

O português é a língua oficial em Portugal, Ilha da Madeira, Arquipélago dos Açores, Brasil, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. É a quinta língua mais falada do planeta e a terceira mais falada entre as línguas ocidentais, atrás do inglês e do castelhano. Por toda essa importância, seu ensino é obrigatório nos países que compõem o Mercosul.

Língua Portuguesa

Não oficialmente, o português também é falado por uma pequena parte da população em Macau (território chinês que foi até 1999 administrado pelos portugueses); no estado de Goa, na Índia (que foi possessão portuguesa até 1961) e no Timor Leste, na Oceania (até 1975 administrado pelos portugueses, quando então foi tomado pela Indonésia, atualmente é administrado pela ONU).

O fato de a língua portuguesa estar assim espalhada pelos continentes deve-se à política expansionista de Portugal, nos séculos XV e XVI, que levou para as colônias essa língua tão rica, que se misturou a crenças e hábitos muito diversos, e acabou simplificada em vários dialetos. São chamados de crioulos os dialetos das colônias européias de além-mar.

A língua portuguesa tem origem no latim vulgar, oral, que os romanos introduziram na Lusitânia, região situada ao norte da Península Ibérica, a partir de 218 a.C..

Com a invasão romana da Península Ibérica, em 218 a.C., todos aqueles povos, exceção dos bascos, passaram a conviver com o latim, dando início ao processo de formação do espanhol, português e galego. Esse movimento de homogeneização cultural, lingüística e política é denominado romanização. Até o século IX, a língua falada era o romance, um estágio intermediário entre o latim vulgar e as modernas línguas latinas, como o português, o espanhol e o francês. Essa fase é considerada a pré-história da língua.

Do século IX ao XII, já se encontram registros de alguns termos portugueses em escritos, mas o português era basicamente uma língua falada. Do século XII ao XVI foi a fase arcaica e do século XVI até hoje, a moderna. O fim do período arcaico é marcado pela publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516. O português em Os Lusíadas, de Luís de Camões (1572), tanto na estrutura da frase quanto na morfologia (o aspecto formal das palavras), é muito próximo do atual

Fonte: UFGNet

Dia da Língua Portuguesa

10 de Junho

O mundo que fala português (chamado lusófono) tem atualmente cerca de 250 milhões de pessoas e no Brasil estão 80% desses falantes. O português é a língua oficial em Portugal, Ilha da Madeira, Arquipélago dos Açores, Brasil, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe, é a quinta língua mais falada do planeta e a terceira mais falada entre as línguas ocidentais, atrás do inglês e do castelhano. Seu ensino virou obrigatório nos países que compõem o Mercosul.

Dia da Língua Portuguesa

Não oficialmente, o português também é falado por uma pequena parte da população em Macau (território chinês que foi até 1999 administrado pelos portugueses); no estado de Goa, na Índia (que foi possessão portuguesa até 1961) e no Timor Leste, na Oceania (até 1975 administrado pelos portugueses, quando então foi tomado pela Indonésia, atualmente é administrado pela ONU).

O fato de a língua portuguesa estar assim espalhada pelos continentes deve-se à política expansionista de Portugal, nos séculos XV e XVI, que levou para as colônias essa língua tão rica, que se misturou a crenças e hábitos muito diversos, e acabou simplificada em vários dialetos. São chamados de crioulos os dialetos das colônias européias de além-mar.

Fonte: www.ibge.gov.br

sábado, 5 de junho de 2010

Dia do meio ambiente (ibge.gov.br)

Hoje, dia do meio ambiente, ainda estamos acompanhando as notícias dessa catástrofe ecológica que foi o vazamento de petróleo no golfo do México. O modelo de desenvolvimento deve ser repensado. Depender dos combustíveis fósseis tem consequências graves e estamos enfrentando essas consequências.

ibge.gov.br
A importância desse dia tem precedentes. O meio ambiente e a ecologia passaram a ser uma preocupação em todo o mundo, em meados do século XX. Porém, foi ainda no séc. XIX que um biólogo alemão, Ernst Haeckel (1834-1919), criou formalmente a disciplina que estuda a relação dos seres vivos com o meio ambiente, ao propor, em 1866, o nome ecologia para esse ramo da biologia.
Celebrado de várias maneiras (paradas e concertos, competições ciclísticas ou até mesmo lançamentos de campanhas de limpeza nas cidades), esse dia é aproveitado em todo o mundo para chamar a atenção política para os problemas e para a necessidade urgente de ações.
Se há assunto que consegue igualar todas as pessoas nesse planeta é a questão ambiental: o que acontece de um lado, para bem ou para mal, vai sempre afetar o outro!
Nessa data, chefes de estado, secretários e ministros do meio ambiente fazem declarações e se comprometem a tomar conta da Terra. As mais sérias promessas têm sido feitas, que vão do be-a-bá ao estabelecimento de estruturas governamentais permanentes para lidar com gerenciamento ambiental e planejamento econômico, visando conseguir a vida sustentável no planeta.
Podemos, cada um de nós, já fazer a nossa parte para a preservação das condições mínimas de vida na Terra, hoje e no futuro, ou seja, investir mais naquilo que temos de valioso, que é a nossa inteligência, para aprender a consumir menos o que precisamos economizar: os recursos naturais. E é sempre bom lembrar que o Brasil, identificado como um dos nove países-chave para a sustentabilidade do planeta, já é considerado uma superpotência ambiental!
Dia Mundial do Meio Ambiente e da EcologiaECO-92 -->Meio Ambiente e o mundo moderno: energia
O planeta em perigoMeio ambiente no IBGEO Índice do Planeta Vivo --> -->Teste seus conhecimentos!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Heróis e heroínas (Aos meus alunos do Hercília)

Heroínas
são as meninas,
algumas filhas de pais alcoólatras,
que vão dourando suas pílulas,
outras, que dos padrastos foram vítimas,
violentadas,
na violência das vidas.

Heróis
são os rapazes
que enfrentam, audazes,
a escravidão dos seus dias,
já, em uma tenra idade.

Heróis e heroínas
esses jovens do Brasil
que suportam semanas a fio
o fardo pesado da sina.
Enquanto, lá em cima,
uma elite insensível
navega na hipocrisia.


Aproveito para divulgar o endereço do meu blog pessoal: letrasdosylvio.blogspot.com

Sucesso da Sala de Leitura

Inaugurada há menos de 1 mês, a Sala Mario Quintana já é uma nova realidade em nossa escola, o Colégio Hercília Moret, em Corrêas, Petrópolis, Rio de Janeiro. O livro de presenças está cada vez recebendo mais assinaturas. Já inclusive recebemos a visita de alunos do Colégio Cardoso Fontes, que estiveram lá com a profª Adriana (Ed. Física). A satisfação é grande por parte daqueles que a visitam e que ali desenvolvem alguma atividade. As cores, o ambiente acolhedor, o clima de tranquilidade e harmonia têm sido destacados pelos jovens. A sala vem proporcionando as mais variadas leituras, não só dos textos, mas também do grande texto da vida. É uma nova referência para nossa humanidade e valorização. Contamos com a contribuição de todos para que a nossa Sala de Leitura permaneça bela, limpa e arrumada, consequentemente contribuindo para a nossa beleza e equilíbrio interior. VIVA A CULTURA!!!

Ataque israelense à ajuda humanitária

03/06/2010 - 08h52

Soldados israelenses teriam "atirado corpos no mar", diz brasileira que estava em barco

A ativista e cineasta brasileira Iara Lee, detida por tropas israelenses na ação militar contra embarcações que levavam ajuda humanitária à Gaza na segunda-feira passada, disse que passageiros do barco em que viajava "'viram soldados atirando corpos no mar".


Iara viajava no barco Mavi Marmara, que foi palco dos episódios de violência que resultaram na morte de nove ativistas. Em entrevista à BBC Brasil, de Istambul, onde chegou nesta quinta-feira de madrugada junto com um grupo de cerca de 450 ativistas deportados de Israel, Iara disse não ter testemunhado as mortes, mas que "outras pessoas que estavam no barco contaram ter visto soldados atirando corpos no mar".

"Nossa contabilidade é de que 19 pessoas morreram. Ainda há gente desaparecida, não sabemos o que aconteceu com eles. E ainda há feridos muito graves, praticamente morrendo, que não conseguimos retirar do hospital em Tel Aviv." Iara contou que os atiradores de elite do Exército de Israel entraram no principal navio da frota "atirando para matar".

Ela disse que o operador de internet do Mavi Marmara foi morto com um tiro na cabeça.

"Ele estava na sala de operações, perto da ponte, por onde entraram os atiradores de elite. O corpo dele foi encontrado com um tiro na cabeça", disse ela nesta quinta-feira, antes de embarcar para os Estados Unidos, onde vive.

Iara contou que estava embaixo do convés no momento do ataque, mas quando subiu para procurar seu cinegrafista, viu quatro corpos e vários feridos.

"Era muito sangue, eu comecei a passar mal, tive ânsia de vômito e até desisti de procurá-lo." Violência desproporcional Para a cineasta, a violência usada pelas tropas na ação foi desproporcional.

"Nos barcos pequenos, eles usaram balas de borracha, gás lacrimogêneo e armas de choque. Mas no nosso barco, eles chegaram usando munição de verdade", conta.

"Foram atiradores de elite, todos vestidos de preto, armados".

A cineasta contou que a abordagem israelense ocorreu por volta de 04h30 da madrugada, no escuro, e que foi muito rápida.

"Tinha dois barcos da Marinha. Quando a gente piscou apareceram dezenas de barcos de borracha, helicópteros, atiradores de elite descendo no barco. A marca registrada deles é o silêncio, fomos pegos de repente", ela lembra.

Iara acredita que os soldados ficaram assustados com o número de passageiros a bordo - mais de 600 - e que, por isso, ele podem ter optado por uma ação rápida com o objetivo de assumir imediatamente o controle do barco.

"Esperávamos que eles atirassem para o alto, em direção aos nossos pés, para nos assustar. Imaginávamos que eles fossem tentar jogar redes nos nossos motores, deixar a gente à deriva no meio do mar, mas nunca imaginamos isso." Depois da abordagem, as embarcações da tropa foram levadas para o porto de Ashdod, em Israel, com todos os passageiros algemados. "Quando mandaram a gente descer do barco, já tinham jogado todo o conteúdo de nossas malas no chão, estava tudo misturado. Eram roupas, laptops, pijama, escova de dentes, tudo junto." Os ativistas voltaram para a Turquia apenas com a roupa do corpo e seus passaportes. Segundo a cineasta, todas as câmeras, telefones celulares e blackberries foram confiscados pelo Exército. Ela diz que perdeu US$ 150 mil em câmeras e lentes.

Mas Iara disse que os ativistas conseguiram salvar registros do ataque que teriam sido escondidos em peças de roupas.

"A gente conseguiu salvar algumas fitas com imagens do ataque, que costuramos nas nossas roupas e não foram encontradas pelas autoridades israelenses." Iara Lee saiu do Brasil em 1989 e passou 15 anos nos Estados Unidos, onde é radicada. Nos últimos cinco anos, ela morou em diversos países, entre eles Irã, Tunísia e França, onde filmou documentários.