terça-feira, 21 de junho de 2011

Sobre a Greve (Profª Alícia Azevedo)

sábado, 18 de junho de 2011

Sobre a greve



Venho pedir desculpas aos alunos que estão sem aulas devido a minha adesão a greve, mas achei que estava na hora de tentar parar de ensinar sobre política para vocês e realmente mostrar o que a política significa.
Política não é sinônimo de corrupção, é sinônimo de ação. Uma ação social, direcionada e que visa um bem maior. Nenhuma política é feita de forma individual, ela é sempre coletiva. Como professora, eu estava me trancando em uma bolha de segurança dentro de sala de aula, ensinando o que me era mandado ensinar, mas esquecendo o verdadeiro significado do que estava ensinando. Como posso lhes dizer para serem éticos e terem atitudes políticas se eu mesma não o estava fazendo?

Aderi a essa greve não só por causa do dinheiro. Todo mundo sabe que o professor ganha pouco, e eu sabia disso quando fiz o concurso. O dinheiro é importante na vida do ser humano, mas não é tudo. Quero um salário mais justo, e quem não quer? Quero saber que todo o estudo e todo o trabalho que eu tive para chegar onde cheguei, pode e deve ser recompensado. Contudo acho que essa recompensa deve vir da maneira certa. Reivindicar um salário melhor é apenas a ponta do iceberg. Essa greve é por muito mais do que isso.

Quantas vezes eu falei para vocês que não fazia greve e que não acreditava que a greve mudaria alguma coisa? Quantas greves eu furei e ouvi de vocês: "Os professores estão em greve, por que você não ficou em casa?"
Fazer greve é um direito assegurado na constituição a todo o trabalhador, mas fazer greve para ficar em casa, não é fazer greve. Fazer greve é um ato político e como tal deve ter um propósito que beneficia a sociedade. Não estou em greve para ficar em casa, estou em greve porque resolvi comprar uma briga em prol de um ideal. Algo que eu acredito e pelo qual vale a pena lutar, e esse algo não é meramente o salário, como a mídia vem noticiando, é o plano de metas do governo para a educação.

Quero que todos os alunos de escolas públicas tenham as mesmas chances dos alunos de escolas particulares. Quero um ensino de qualidade e a garantia do direito de vocês a esse ensino. Quero que vocês se formem sabendo mais do que sabiam quando entraram na escola, porque esse conhecimento que vocês têm direito a adquirir na escola é só uma base para o conhecimento que vão acumular no resto da vida. Só o conhecimento pode mudar a vida das pessoas!
É pelo ensino que estou lutando. É contra o sucateamento das escolas públicas, contra a desvalorização dos profissionais do ensino, contra metas educacionais que não visam ensinar e sim alienar, contra políticas públicas que servem para dividir os profissionais da educação e colocá-los uns contra os outros quando todos deveriam estar juntos.
Pode ser difícil para vocês entenderem, mas estou em greve por vocês, pelo meu filho e por todos os estudantes das escolas públicas. Acredito que vocês merecem o melhor e tem direito ao melhor. A educação está em crise e quem sofre com essa crise são vocês.
O que talvez vocês também não compreendam é a importância de vocês para o país. Os estudantes de hoje são os profissionais de amanhã. No futuro estará nas mãos de vocês fazerem o mundo continuar a girar. E a educação que recebem hoje é o que vai determinar como vão conduzir seu próprio futuro. Se essa educação for ruim e infrutírefa, vocês se tornarão meros papagaios. Sempre reproduzindo o que escutam, mas nunca refletindo, nunca questionando, sempre aceitando. E quando o mundo precisar que pensem, vão empurrar alguém para pensar por vocês. Isso não é bom e eu sei que vocês podem fazer melhor.

Por isso, apesar de estar comprando essa briga, ela não é só minha. Ela é de vocês, dos pais de vocês e de todos que se importam com o ensino. A educação é um direito de todos! E se vocês acreditam nisso, como eu acredito, não continuem alienados. Se informem, a internet serve para isso também!
Procurem o site do SEPE (Sindicato dos Professores) e as mobilizações que estão acontecendo nessa greve.

Um grande beijo,
Alícia

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A greve continua

É impressionante a omissão da mídia sobre a mobilização
que está acontecendo em nosso Estado do Rio de Janeiro
pelos profissionais de educação. Passeatas, assembleias,
atos públicos com milhares de pessoas e é como se nada
estivesse acontecendo. O QUE É ISSO???!!!!

Sylvio Costa Filho Professor da rede estadual, em Petrópolis


Do site do SEPE


Assembleia de hoje (dia 20/6) votou pela continuidade da greve
no estado


Milhares de profissionais das escolas estaduais decidiram há pouco em assembleia

no Clube Municipal, na Tijuca (foto), continuar a greve da categoria. A greve começou

dia 7 de junho e até hoje o governo não fez uma contraproposta às principais reivindicações

da categoria, que são: reajuste emergencial de 26%; incorporação imediata da gratificação

do Nova Escola (prevista para terminar somente em 2015); descongelamento do Plano de

Carreira dos Funcionários Administrativos.



A categoria vai realizar amanhã panfletagens e atos em todo o estado e na capital;

na quarta, dia 22, o Sepe realiza uma vigília em frente à Secretaria de Planejamento

e Gestão (Seplag), a partir das 14h. Neste dia, o secretário Sergio Ruy irá receber

uma comissão do sindicato e parlamentares. Ainda na quarta-feira, a partir das 18h,

os profissionais de educação realizam um ato-show na Praça XV, Centro do Rio,

que terá o nome: “SOS Educação”.



No domingo, dia 26, a educação estadual, bombeiros e diversas outras categorias

de servidores realizam caminhada no Aterro do Flamengo, com concentração

em frente ao Castelinho do Flamengo, às 10h (professores e funcionários

vestirão preto).

A próxima assembleia será dia 29 (quarta), às 14h, também no Clube Municipal.

No dia 28, a 3ª Vara da Justiça da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Rio

irá analisar o pedido de liminar do Sepe contra o corte do ponto dos profissionais

de educação do estado. Todas as partes foram convocadas para a audiência,

incluindo o sindicato, governo do estado e Ministério Público. Neste dia, os profissionais

de educação vão realizar uma passeata da Candelária até o Fórum, a partir das 12h

– a categoria pretende abraçar o TJ, representando a esperança que a Justiça reconheça

a justeza da greve.

No dia 9, a partir de iniciativa do sindicato, ocorreu uma audiência com o secretário estadual

de Educação Wilson Risolia. Ele informou, no entanto, que somente no segundo semestre é que

o governo poderá falar alguma coisa sobre reajuste salarial. Para o Sepe, o governo vem tratando

com descaso todos os pleitos salariais desde o início do primeiro mandato do governador

Sérgio Cabral, em 2007.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ato em defesa da escola pública

Boletim informativo - Rede Estadual

Sepe – Petrópolis realiza 2ª assembléia da rede estadual durante a greve
No dia 16 de Junho de 2011, professores se reuniram na sede do sindicato para avaliar e discutir os rumos do movimento na cidade de Petrópolis. Os principais temas discutidos foram a crescente quantidade de adesões. A disponibilidade de informações sobre o movimento, que podem ser obtidas pelo e-mail, telefone ou blog do SEPE.
Além disso, foram organizados grupos para visitação de escola, levando os últimos informes. Com objetivo de convidar os professores e demais funcionários a abraçarem a causa que é de todos nós e divulgar o calendário de atividades programadas para os próximos dias:
• Sexta-feira (17/06): Ato com passeata na Candelária às 10h; com transporte saindo da sede-Petrópolis às 8 horas – pleiteando reunião com o Secretário de Planejamento e Gestão , e audiência com Governador;

• Segunda-feira (20/06): Assembléia geral do SEPE-RJ às 14h; com transporte saindo da sede–Petrópolis às 12 h;

• Quarta-feira (22/06): Ato em defesa da escola pública estadual na Praça Dom Pedro às 17h; Educação de Qualidade – Quero
VER DE novo (os servidores deverão trajar roupas na cor verde, simbolizando a esperança no resgate da educação pública no Estado do Rio de Janeiro).

Passeata no Rio (rede estadual em greve) UOL

17/06/2011 - 12h06

Professores da rede estadual fazem passeata no Rio; categoria está em greve desde dia 7

Da Redação
Em São Paulo

Professores da rede estadual do Rio de Janeiro fazem passeata pelo centro da capital carioca nesta sexta-feira. A categoria está em greve desde o dia 7 de junho. O grupo se reuniu na Candelária e deve seguir pela avenida Rio Branco até a sede da Seplag (Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão).

Imagens do protesto

Foto 5 de 19 - Professor mostra contracheque Júlio César Guimarães/UOL

Os profissionais reivindicam reajuste emergencial de 26% e o descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos da rede estadual, entre outras reivindiações. O Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) estima em 75% das escolas paralisadas, enquanto a Secretaria de Estado de Educação diz que apenas 2% dos professores estão fora das aulas.

No total, são cerca de 1,2 milhão de alunos nas 1.652 escolas fluminenses, com 80 mil funcionários.

Na segunda-feira (20), haverá uma assembleia para discutir o destino do movimento. Segundo um diretor do Sepe, a tendência é manter a greve.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Oito Estados em greve na educação


Em São Paulo

Atualizado em: 10/06/2011 - 23h28

Pelo menos oito Estados brasileiros enfrentam greve de professores em redes municipais ou estaduais. São eles: São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte, Sergipe, Santa Catarina e Ceará. A porcentagem de escolas paradas varia por Estado e chega a até 70%, no caso da rede estadual de Santa Catarina e no Centro Paula Souza, de ensino técnico, em São Paulo.

A maior parte dos grevistas luta pela adoção de piso salarial estabelecido pelo governo federal, de R$ 1.187,14 por 40 horas trabalhadas, que é o "vencimento básico" da categoria. Ou seja, gratificações e outros extras não entram na conta.

Greve em São Paulo

Segundo o Sinteps (Sindicato de Trabalhadores do Centro Paula Souza), 70% dos professores e funcionários das Fatecs (Faculdades de Tecnologia) e Etecs (Escolas Técnicas) estão em greve desde o dia 13 de maio. No total, são 12.475 mil docentes, 250 mil alunos e 249 instituições. Eles pedem reajuste salarial de 56,90% para os docentes e de 71,79% para os funcionários técnico-administrativos. Na segunda-feira (13), os grevistas vão se reunir em assembleia geral para decidir os próximos passos do movimento.

Greve no Rio de Janeiro

Na terça-feira (7), foi decidida a greve por reajuste emergencial de 26% e o descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos da rede estadual, entre outras reivindiações. O Sepe (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação) fala em 65% das escolas paralisadas, enquanto a Secretaria de Estado de Educação diz que apenas 2% dos professores estão fora das aulas. No total, são cerca de 1,2 milhão de alunos nas 1.652 escolas fluminenses, com 80 mil funcionários.

Greve em Minas Gerais

Desde a quarta-feira (8), 50% das escolas estaduais mineiras estão paradas, segundo o Sind-UTE (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais). A secretaria de educação ainda não tem estimativas do alcance do movimento. Os trabalhadores exigem o pagamento do piso salarial nacional e se recusam a aceitar o subsídio oferecido pelo governo desde o início do ano como parte desse valor. No total, a rede mineira tem cerca de 2,4 milhões de alunos em 4,5 mil escolas e 250 mil professores.

Greve em Santa Catarina

Cerca de 70% das 1.350 escolas estão sem aulas no Estado desde 18 de maio. O principal pedido é a implementação do piso salarial nacional de R$ 1.177. O governo do Estado encerrou as negociações com os professores em reunião nesta sexta-feira (10) e requisitou o fim da greve. O Sinte-SC (Sindicato dos Trabalhores em Educação de Santa Catarina) diz que continuará com as reivindicações. No total, a rede conta com cerca de 40 mil professores e 250 mil alunos. Algumas redes municipais, como a de Tubarão, também estão paralisadas.

Greve no MT

Os professores da rede estadual de Mato Grosso estão em greve desde a última segunda-feira (6) por melhores salários. O movimento continua na próxima semana. A Seduc (Secretaria Estadual de Educação do Mato Grosso) estima que 40% das 724 escolas do Estado estejam paralisadas. Esse número, no entanto, é contestado pela secretária-geral do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, Vânia Miranda. De acordo com ela, cerca de 90 % das escolas estaduais aderiram ao movimento.

Eles reivindicam piso salarial único de R$ 1.312 para todos os trabalhadores em educação -- o piso nacional do professor, instituído por lei é de R$ 1.187 por 40 horas trabalhadas. A Seduc afirma que o aumento do piso salarial para todos os servidores é inviável.

Greve em Sergipe

Pelo menos 300 mil alunos da rede estadual de ensino de Sergipe estão sem aulas desde o início da greve de professores no dia 23 de maio. Em assembleia realizada nesta quinta-feira (9), a categoria se recusou a voltar ao trabalho. Os professores reivindicam reajuste salarial de 15,8%. As aulas foram interrompidas em mais de 90% das escolas e cerca de 13 mil professores aderiram ao movimento, segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe (Sintese). O governo não confirma a informação.

Greve no Rio Grande do Norte

No Rio Grande do Norte, a greve de professores da rede estadual completou 43 dias nesta sexta-feira (10). De acordo com a assessoria de comunicação do governo, das 710 escolas estaduais, 335 estão fechadas. A principal reivindicação dos professores é que seja feita a revisão de plano de carreira e equiparação salarial ao piso dos funcionários públicos estaduais, que é de R$ 2.550 em início de carreira, enquanto o dos professores é de R$ 937.

Greve no Ceará

A prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT-CE), ameaçou suspender o adiantamento de 40% do 13º salário dos professores da rede municipal para os profissionais que mantivessem a greve. A declaração foi dada a uma emissora de TV local sobre a paralisação chega nesta sexta-feira (10) a 45 dias. Ela também prometeu entrar na justiça para pedir a ilegalidade da greve.

De acordo com a secretária geral do sindicato, Ana Cristina Guilherme, cerca de 96% da categoria aderiu à greve. “Não houve avanço. Tivemos a informação que a prefeita tinha enviado um Projeto de Lei para a Câmara (dos vereadores) e adotava o piso de R$ 1.187 para o nível superior”. A defesa do sindicato é que o valor burlaria a Lei nº 11.738, que regulamenta a remuneração mínima e afirma que os trabalhadores em jornadas diferentes das 40h semanais devem ganhar salários "proporcionais" ao piso.

* Com reportagem de Angélica Feitosa (Fortaleza), Carol Guibu (Recife), Thiago Minami (São Paulo) e Valéria Sinésio (João Pessoa)

terça-feira, 14 de junho de 2011

Greve no Estado continua

Assembleia decidiu: greve no estado continua









Milhares de profissionais das escolas estaduais decidiram em assembleia

no Clube Municipal, na Tijuca, nesta terça (14) à tarde continuar a greve

da categoria. Como o governo não acenou com nenhuma contraproposta

às reivindicações, os profissionais de educação estaduais não recuaram e

decidiram pela continuação da greve, agora com mais de uma semana de

duração, tendo sido iniciada dia 7.

A estimativa da assembleia é que a mobilização aumentou e já atinge 70%

dos profissionais. Na sexta-feira, dia 17, a categoria realiza uma passeata

da Candelária até a sede da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplag),

às 10h. A próxima assembleia será segunda-feira, dia 20, às 14h, no ginásio

do Clube Municipal, na Tijuca – o sindicato espera que o governo faça uma

contraproposta até esta data. Eis as principais reivindicações da educação

do estado:

1) Reajuste emergencial de 26% - o piso salarial hoje é R$ 610,00;

2) Incorporação imediata da totalidade da gratificação do Nova Escola

(prevista para terminar somente em 2015);

3) Descongelamento do Plano de Carreira dos Funcionários Administrativos

da educação estadual, entre outras reivindicações.

No dia 9, a partir de iniciativa do sindicato, ocorreu uma audiência

com o secretário estadual de Educação Wilson Risolia. Ele informou,

no entanto, que somente no segundo semestre é que o governo poderá

falar alguma coisa sobre reajuste salarial.


Comentário do Blog: Essa é uma matéria retirada do site do SEPE.

Estivemos lá, na Assembleia, e foi grande a emoção ao ver uma plenária

lotada. O movimento está aumentando, cada vez há mais adesões. Esse é

um momento importante para a causa da educação no Brasil. Vários estados

estão na luta. PRECISAMOS DE UNIÃO! ESCOLAS, PROFESSORES, FUN-

CIONÁRIOS, ESTUDANTES E COMUNIDADE. MUITOS DOS MALES QUE

AFLIGEM A NOSSA SOCIEDADE VÊM DO DESCASO COM A EDUCAÇÃO.

JÁ PASSOU DA HORA DE NOS MOBILIZARMOS PARA MUDAR ESSE

QUADRO DE HORROR QUE É O TRATAMENTO DADO AOS PROFESSO-

RES, QUE SÃO OS FORMADORES DAS BASES DA SOCIEDADE.










domingo, 5 de junho de 2011

Praias no Ceará vão desaparecer (UOL Notícias)

05/06/2011 - 07h00

Praias no Ceará devem desaparecer em dez anos, diz estudo

Kamila Fernandes
Especial para o UOL Notícias
Em Fortaleza

Pelo menos quatro praias do litoral cearense deverão desaparecer nos próximos dez anos. Essa é a conclusão de uma série de estudos de pesquisadores do Labomar (Instituto de Ciências do Mar), da Universidade Federal do Ceará, que concluíram que, nessas localidades, o Atlântico tem avançado a impressionantes dez metros por ano.

Mar avança no Ceará



Foto 4 de 6 - 05.jun.2011 - Imagens mostram barraca de praia que foi parcialmente destruída no Icaraí, região metropolitana de Fortaleza; pedras foram colocadas para conter o mar Kamila Fernandes/UOL

O aumento do volume dos oceanos e o consequente avanço sobre áreas litorâneas não é exclusividade do litoral cearense. Inúmeras praias do Nordeste têm sofrido com a erosão causada pelas ondas. Os pesquisadores do Labomar, contudo, conseguiram quantificar esse avanço e perceberam que, para além das mudanças climáticas, as intervenções do homem tornam esse quadro muito mais grave.

“As mudanças climáticas têm feito com que o mar aumente de volume 40, 60 centímetros por século, causando avanço do mar de 4 a 6 metros nesse mesmo período, o que é muito pouco diante do que estamos vendo em certas localidades”, disse o geólogo Luís Parente, doutor em Ciências do Mar pela Universidade de Barcelona e professor do Labomar. Ele divulgou o resultado desses estudos nessa semana, num debate na Assembleia Legislativa do Ceará.

As praias onde têm acontecido maior avanço do mar são as de Barreira (Icapuí), Caponga (Cascavel), Icaraí (Caucaia) e Morgado (Acaraú). A situação é tão grave que em abril a prefeitura de Cascavel decretou situação de emergência por causa da violência das ondas, que destruíram parcialmente barracas de praia e casas de veraneio.

Em todas essas localidades, os prejuízos financeiros só aumentam. E as soluções tomadas, como o uso de pedras para contenção do mar, têm sido insuficientes. “A saída seria construir novos quebra-mares nessas localidades, mas os custos são inviáveis: R$ 1 milhão para cada 100 metros”, disse Parente. “Como a situação é irreversível, o mais sensato é remover a população dessas localidades e deixar o mar tomar o espaço de que precisa.”

Entre as intervenções humanas que geraram o aumento do volume do mar nessas localidades está a construção de portos, quebra-mares, aterros – feitos também para corrigir e prevenir a erosão causada pelas ondas em outras praias. Tudo realizado com estudos de impacto ambiental, mas que não previram as possíveis consequências para as áreas vizinhas a tais obras.

A explicação para esse tipo de reação do mar é que, ao ter sua rota modificada em determinado ponto do litoral, por exemplo com a instalação de um píer para atracar embarcações, as correntes marítimas buscam se adaptar, mas gastando a mesma energia e força de antes. Com isso, o fluxo contido de um lado recai sobre outro ponto, que passa a sofrer com uma erosão mais intensa.

A natureza, porém, também tem sua parcela de culpa. Segundo Parente, estudos financiados pela Unesco já mostram que a subida do nível do mar leva também ao aumento da velocidade dos ventos. Com rajadas mais fortes, a força das ondas aumenta exponencialmente. E, no Brasil, o efeito dessa aceleração dos ventos deverá ser sentido sobretudo no Nordeste.

“Com a aceleração dos ventos, as ondas ficam maiores e o aumento de sua energia é exponencial, um efeito muito mais danoso do que a subida dos mares, que tem se mostrado mais lenta. Com isso, serão cada vez mais comuns as ressacas do mar no nosso litoral”, afirmou o geólogo.


Aquecimento atípico e seca na Amazônia

05/06/2011 - 06h00

Com aquecimento atípico dos oceanos, seca atinge Amazônia

Deogracia Pinto
Da Agência Brasil
Em Brasília

A seca não é mais assunto exclusivo da Região Nordeste. Nos últimos anos, outras regiões do país têm registrado o fenômeno, inclusive a Floresta Amazônica, que passou por dois eventos de seca, em 2005 e em 2010. A do ano passado, aliás, foi considerada a mais agressiva dos últimos 100 anos.

Segundo o pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Paulo Brando, dois ciclos climáticos causaram o fenômeno na floresta: o El Niño e o aquecimento do Atlântico Norte. Os dois eventos de seca da Amazônia, na avaliação de Brando, tiveram, provavelmente, a mesma causa, o aquecimento do Atlântico Norte, que mudou os ventos e tirou parcialmente a umidade que vai do Atlântico para o continente.

O pesquisador diz que ainda não é possível contabilizar os danos causados ao ecossistema. De acordo com ele, se as emissões dos gases de efeito estufa continuarem nos níveis atuais, a Amazônia poderá sofrer um aumento significativo da temperatura e diminuição das chuvas, acima da variação global média.

Fenômeno natural, caracterizado pelo atraso na ocorrência de chuvas ou na distribuição irregular, a seca acaba prejudicando as plantações agrícolas. O problema é muito comum no Nordeste brasileiro. De acordo com registros históricos, o fenômeno aparece com intervalos próximos a dez anos, podendo se prolongar por períodos de três, quatro e, excepcionalmente, até cinco anos. As secas são conhecidas, no Brasil, desde o século 16.

Normalmente, a seca se manifesta com intensidades diferentes, dependendo do índice de precipitações pluviométricas. Quando há uma deficiência acentuada na quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que necessitam as plantações, a seca é absoluta.

O município de Seridó, na Paraíba, por exemplo, fica na região do Semiárido, em plena Caatinga, bioma que se concentra no Nordeste e ocupa cerca de 12% do território nacional. Ali, a falta de chuvas pode durar até cinco meses. O prefeito de Seridó, Francisco Alves, relata que, em 2009, as chuvas foram tão escassas que os produtores perderam 70% das plantações. Lá, a principal fonte de renda é a agricultura.

Pesquisadores dizem que a seca é um fenômeno ecológico que se manifesta na redução da produção agropecuária, provoca uma crise social e se transforma em um problema político. As consequências mais evidentes das grandes secas são a fome, a desnutrição, a miséria e a migração para os centros urbanos.

O diretor do Departamento de Florestas do Ministério do Meio Ambiente, João de Deus, esclarece que o governo está implementando programas sustentáveis para a Caatinga. “A política para a região envolve também uma ação bastante articulada para se trabalhar a recuperação e o uso sustentável nessa perspectiva de minimizar o risco de desertificação”, afirma.

Segundo especialistas, para diminuir o avanço da desertificação, são necessárias ações para conservação do solo, da água e das florestas. É preciso também medidas de contenção de desmatamentos, queimadas, uso de agrotóxicos e a sensibilização da população, principalmente das comunidades rurais.

O Uso da Madeira (Do UOL Ciência e Saúde)

05/06/2011 - 06h00

"Use madeira", incentiva diretora sobre florestas da ONU

Lilian Ferreira
Do UOL Ciência e Saúde
Em São Paulo

Quer proteger o meio ambiente? “Use madeira, mas aquela proveniente de uma fonte legal, que realize o manejo sustentável das florestas. O Brasil tem madeiras belíssimas”, sugere a diretora chefe do Secretariado do Fórum da ONU sobre Florestas, Jan McAlpine. Para ela, esta é uma das principais maneiras de agregar valor econômico e incentivar a preservação das florestas no mundo.

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente no Ano Internacional sobre Florestas da Organização das Nações Unidas, o UOL Ciência e Saúde ouviu Jan McAlpine que está no Brasil para participar de um seminário sobre uma das questões ambientais de maior destaque neste século; a preservação das florestas e sua importância para o clima mundial. “Os cidadãos deveriam tomar mais as responsabilidade desta questão”, pontua.

A diretora lembra que no terremoto que atingiu a Nova Zelândia, no final de fevereiro deste ano (poucos dias antes do terremoto do Japão), as construções que sofreram menos danos foram as feitas de madeira. “A madeira é firme, mas é mais maleável que o concreto, por exemplo. Neste episódio pudemos ver como a madeira pode ser muito útil na construção civil”, ressalta.

A idéia, que a primeira vista pode parecer contraditória, na verdade vai ao encontro da monetização dos dias atuais -- confere à floresta valor econômico e, assim, torna sua preservação importante não apenas do ponto de vista da ideologia do ecologicamente correto. Segundo McAlpine, hoje, mais de 1,6 bilhão de pessoas tira seu sustento das florestas -- isto significa que um em cada quatro habitantes do planeta.

Diretora do Secretariado desde 2008, ela afirma ainda que os ambientalistas olham apenas para um lado da questão e para preservar as florestas é necessário ver o conjunto. “Existem as pessoas e elas precisam sobreviver. Os pequenos agricultores, os extrativistas e os que caçam animais selvagens, que dependem da floresta para viver, são uma parte importante que está sendo deixada de lado. O foco ultimamente tem sido somente o meio ambiente. É o balanço entre estas conjunturas que nos levará para um futuro sustentável”.

De acordo com McAlpine, o boom de extração de castanha-do-pará na floresta Amazônica também trouxe uma consciência importante sobre preservação. “Quando se percebeu o valor econômico da castanha-do-pará, começaram a preservar a árvore, mas continuavam a desmatar ao redor. Então, perceberam que a castanheira depende de um ambiente intocado para sua reprodução. Não podiam desmatar as outras árvores para que ela continuasse a dar frutos e lucros”, conta. A castanheira aparece na lista de espécies ameaçadas do Ministério do Meio Ambiente.

Outros benefícios das florestas

McAlpine destaca que as florestas ainda são responsáveis por mais da metade dos medicamentos existentes hoje (e nem conhecemos todo seu potencial), armazena grande quantidade de carbono (que contribui com o aquecimento global se for eliminado), além de abrigar 40% da biodiversidade do mundo e quase toda água limpa existente. “É muito simples, sem as florestas nós não sobreviveremos”, resume.

Além disso, a plantação de árvores também foi incentivada por McAlpine. Em grandes cidades, como São Paulo, uma árvore faz diferença, salienta. “Em grandes cidades que são muito quentes e necessitam usar muito ar condicionado, o plantio de árvores pode diminuir em até 5º a temperatura”. A diretora acredita que campanhas estreladas por celebridades, como Gisele Bundchen, são muito válidas para conscientizar a população sobre a importância do meio ambiente.

Código Florestal

Sobre as alterações no Código Florestal brasileiro, a diretora da ONU diz não estar muito informada, mas que simpatiza com a ideia de que as pessoas que vivem das florestas sejam ouvidas. “Um dos maiores desafios para todo país do mundo é aliar as pessoas que vivem das florestas, com a segurança alimentar e ao mesmo tempo preservação das florestas. O Brasil está enfrentando este desafio agora”, afirma.

“É preciso ver não são só os benefícios ambientais, mas também os econômicos, sociais e culturais. E isso só será resolvido localmente, não é uma questão a ser resolvida em nível internacional, pela ONU. É uma decisão a ser tomada pelos brasileiros e eu confio nos lideres do Brasil nas questões de florestas, nos últimos 25 anos, vi muitas mudanças. O Brasil conseguirá uma boa solução e pode até liderar outras nações”, diz esperançosa.

Para terminar, McAlpine ressaltou a importância dos cidadãos nas tomadas de decisão dos países. “Tentaram privatizar as florestas no Reino Unido, a população foi contra e eles logo voltaram atrás. Então, os cidadãos têm grande papel nas decisões dos governos”.

Dia do Meio Ambiente (globo.com)


Dia do Meio Ambiente é comemorado pelo mundo neste domingo

Florestas são o tema escolhido pela ONU para 2011; entre as atividades, há iniciativas inusitadas, como deixar de fazer a barba

Da Redação do G1

Atividades em dezenas de países marcam mais um Dia Mundial do Meio Ambiente, como acontece todo dia 5 de junho, data escolhida pelas Nações Unidas em 1972 para chamar atenção e estimular ações pela conservação do planeta. Este ano, o tema do dia comemorativo é o serviço prestado pelas florestas – 2011 é o Ano Internacional das Florestas. O site do programa da ONU para o Meio Ambiente (Pnuma) tem uma lista de atividades programadas em cada país (em inglês). Mas, além do que aparece na página do Pnuma, há muitas outras iniciativas ocorrendo para comemorar a data. Em São Paulo, por exemplo, acontece a Virada Sustentável, com mais de 300 atividades culturais e educativas ligadas à preservação do meio ambiente. O foco será nas brincadeiras e nos jogos para mostrar que atitudes do dia a dia podem influenciar no meio ambiente. Em Salvador, haverá missa e concerto. Ideia inusitada Entre as propostas de atitudes que as pessoas podem tomar para ajudar o planeta há algumas inusitadas, como a de uma campanha de uma marca de cerveja americana que pede que os homens deixem de se barbear para economizar água. Segundo a marca, cada barbear consome 19 litros de água. Até o momento, as pessoas que se comprometeram a participar economizaram 1,7 milhão de litros de água, segundo a página da cervejaria no Facebook. Gisele Bündchen Entre as celebridades engajadas no Dia Mundial do Meio Ambiente, a brasileira Gisele Bündchen é uma das que participam com maior destaque. Ela aceitou um desafio do Pnuma de plantar uma árvore para cada atividade que fosse cadastrada em seu nome no site do programa da ONU. Ela compete com o ator americano Don Cheadle, além de outros famosos da Índia e da China para ver quem tem mais iniciativas cadastradas por pessoas de todo o mundo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Antônio Torres

era o meu preferido para a Academia

A
Este era o meu preferido para a Academia.



Antônio Torres- Nascido em Sátiro Dias, no sertão da Bahia, em 1940, Antônio Torres estudou em Alagoinhas e Salvador, onde ingressou no Jornal da Bahia. Ao mudar-se para São Paulo, aos 20 anos, passou a trabalhar no diário Última Hora. Na capital paulista, viria a trocar o jornalismo pela publicidade, tendo sido redator e diretor de criação de várias agências, também em Portugal e no Rio de Janeiro.

Estreou na literatura em 1972, com o romance Um Cão Uivando para a Lua, que causou um grande impacto, sendo considerado a revelação do ano pela crítica, e abriu caminho para a sua carreira literária, que hoje conta com 17 livros publicados, alguns deles com várias edições no Brasil e traduções em muitos países. Em 1998, recebeu do governo francês o título de Chevalier des Arts et des Lettres, por seus livros publicados na França até então (Essa terra e Um táxi para Viena d’Áustria).

Mais conhecido como romancista, Antônio Torres é também contista (Meninos, eu conto) e cronista (Sobre Pessoas, Do Palácio do Catete à venda de Josias Cardoso), cujo conjunto da obra mereceu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, em 2000. No ano seguinte, foi agraciado (junto com o catarinense Salim Miguel, por Nur na Escuridão), com o Prêmio Zaffari & Bourbon, da 9ª. Jornada Literária Nacional de Passo Fundo, por seu romance Meu Querido Canibal.

Livros publicados- Pela Editora Record- (Romances):Um cão uivando para a Lua;Os homens dos pés redondos;Essa terra; Carta ao Bispo; Adeus, velho; Balada da infância perdida; Um táxi para Viena d’Áustria; O cachorro e o lobo;Meu querido canibal; O nobre seqüestrador; Pelo fundo da agulha; (Contos):Meninos, eu conto -Pela Editora Rocco; (História para crianças): Minu, o gato azul; Pela Editora Leitura- (Crônicas, perfis e memórias): Sobre Pessoas; Pela Íbis Libris: Do Palácio do Catete à venda de Josias Cardoso; (Crônica – escrita por ocasião da Primavera dos Livros de 2007, realizada no Museu da República/ Palácio do Catete, Rio de Janeiro, e da qual Antônio Torres foi o patrono). Fora de mercado: O Centro de nossas desatenções (Relume-Dumará/ RioArte) O Circo no Brasil (Funarte/ Atração).

Aproveito para repetir aqui a postagem que fiz em 2009 sobre uma palestra do autor, na Biblioteca Municipal de Petrópolis. Acho que já passou da hora de repetirmos a dose, mas com divulgação eficiente e com a devida atenção que um evento assim o exige.

Sylvio Costa Filho

sábado, 6 de junho de 2009

Antônio Torres em Petrópolis




No dia 27/05/2009 o escritor Antônio Torres esteve na série "Encontro com o autor" que a biblioteca do Centro de Cultura de Petrópolis tem promovido. Foi uma oportunidade ímpar, pena que muitos não ficaram sabendo e perderam esses momentos maravilhosos proporcionados pelo escritor que mais uma vez se revelou como um grande contador de histórias, muitas delas reais. Antônio Torres já está há um ano residindo em Itaipava e isso é motivo de satisfação para nós todos, uma vez que é uma honra ter em Petrópolis alguém tão especial para as letras da nossa língua portuguesa.

"Vim de um lugar que não tinha livro, o livro apareceu quando apareceu a professora..."

" Só há uma oficina literária no mundo: a leitura em voz alta..."

"Se o Sol ficasse vermelho demais era o prenúncio do fim do mundo.


"...eu sinto falta do sonho que havia naquele tempo..."

Sobre o trabalho do escritor, citando um título de Plínio Marcos: "Viagem de um imbecil até o entendimento."

Antônio Torres durante a palestra



"Antônio Torres nasceu em 1940, num povoado chamado Junco (hoje a cidade de Sátiro Dias), no sertão da Bahia. Descobriu sua vocação literária na escola rural da sua terra, incentivado por uma professora chamada Teresa. Logo, passou a escrever as cartas das pessoas do lugar, a recitar poemas de Castro Alves em praça pública, no Dia da Bandeira e no Sete de Setembro, a ajudar o padre a celebrar a missa - em latim! Esse tempo ficou gravado em sua memória e iria marcar o seu destino de escritor.
Estudou em Alagoinhas e Salvador, onde se tornou repórter do Jornal da Bahia. Foi jornalista e publicitário também em São Paulo e Portugal. Depois de muitas andanças pelo país e pelo mundo, radicou-se no Rio de Janeiro. Hoje é um dos escritores mais conhecidos de sua geração, com livros traduzidos em muitos países (inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, hebraico e holandês).
Em 1998, foi condecorado pelo governo francês como Chevalier des Arts et des Lettres por suas obras publicadas na França."
(dos livros "Meninos, eu conto" e "Meu Querido Canibal")


Aproveito este espaço também para apresentar a minha solidariedade ao escritor Antônio Torres e colo as palavras de Marcelo Moutinho e Moacyr Scliar, além de acrescentar que agora as palavras de Cristo, "Senhor! Perdoai-os, eles não sabem o que fazem!" , também servirão para "os imortais". O blog, de onde tirei a postagem abaixo é o Pentimento
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Pior para a Academia Escrito em 02 de junho de 2011
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E o Merval Pereira virou acadêmico, derrotando Antonio Torres. Pior para a Academia. Como bem disse o amigo Henrique Rodrigues, pelo visto, escritor agora só entra na ABL com sistema de cotas. Meu desagravo ao Antonio vem sob a forma de uma crônica escrita justamente pelo Moacyr Scliar, cuja cadeira na instituição era disputada. Segue o texto, que explicita a gravidade do erro cometido hoje:

"Meu querido Antônio Torres"

Moacyr Scliar

"Em Junco (Bahia), onde nasceu e se criou, Antônio Torres escrevia cartas para os analfabetos moradores da região. Uma ocupação que condicionou, e de forma mais que simbólica, seu destino: escrevendo, Torres se tornou um grande escritor, reconhecido no país e no exterior. Mas é, ao mesmo tempo, um escritor que escreve por aqueles que não podem ou não sabem fazê-lo. É um autor popular, no mais legítimo sentido da palavra. Não é de admirar que obras como Os Homens dos Pés Redondos (1973), Essa Terra (1976) – traduzido pelo menos em 15 idiomas – Carta ao Bispo (1979), Adeus, Velho (1981), Um Táxi para Viena d’Áustria (1991), Meu Querido Canibal (2000) tenham feito sucesso tanto de público quanto de crítica.

Deste sucesso, posso dar um testemunho pessoal. Sou amigo de Torres há muitos anos. Pertencemos à mesma geração literária, a geração que começou a publicar em fins dos anos 60 e começo dos 70, ou seja, no auge da ditadura. Naquela época escrever era uma forma de resistência. Resistência a que Torres engajou-se de maneira admirável. Junto com Ignácio de Loyola Brandão e João Antônio, ele percorreu o país, falando para jovens nos mais remotos lugares. E foi várias vezes para o Exterior.

Nessas viagens, não raro nos encontramos. Era, e é, ocasião para um bate-papo que se continua através do tempo, uma conversa que sempre retomamos. Para mim, com enorme prazer. É impossível não gostar de Torres. Ele é, pessoalmente, o mesmo autor amável e emotivo que encontramos nas páginas de seus livros. É um homem profundamente generoso. E profundamente brasileiro. As platéias estrangeiras sempre o escutam com atenção porque sabem que, através de sua voz, fala o Brasil mais autêntico, o Brasil que também está todo em sua obra. Que também prima pela originalidade. Quem chamaria um canibal de “meu querido”, senão Antônio Torres?

Agora ele está, como já fez muitas vezes, nos visitando. É uma oportunidade de conhecê-lo, e de conhecer as suas obras. Vale a pena. Nas páginas de Antônio Torres o Brasil escreve suas cartas. "

do escritor e jornalista Marcelo Moutinho.