domingo, 11 de abril de 2010

Teólogo é censurado em palestra na UCP (Diário de Petrópolis)

Isso mostra a saúde mental dessa instituição:

Postado por cm em abril - 9 - 2010

Gustavo Melquiades

O teólogo e filósofo Leonardo Boff foi vetado de proferir de uma palestra que aconteceria na II Conferência Municipal de Saúde Mental, que começou na manhã de ontem na Universidade Católica de Petrópolis (UCP). O veto teria partido do bispo Dom Filippo Santoro, chanceler da universidade. Em nota enviada ao “Diário”, a assessoria de imprensa do bispo informou que o veto partiu da reitoria. Esta, não se pronunciou.
Leonardo Boff, que é doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suécia), explicou que em 1984, em razão de suas teses ligadas à Teologia da Libertação, apresentadas no livro “Igreja: Carisma e Poder”, foi submetido a um processo pela Sagrada Congregação para a Defesa das Fé, ex Santo Ofício, no Vaticano. Em 1985, foi condenado a um ano de “silêncio obsequioso” e deposto de todas as suas funções editoriais e de magistério no campo religioso. Dada a pressão mundial sobre o Vaticano, a pena foi suspensa em 1986, podendo retomar algumas de suas atividades. Em 1992, sendo de novo ameaçado com uma segunda punição pelas autoridades de Roma, renunciou às suas atividades de padre e se auto-promoveu ao estado leigo.
Boff disse que novamente voltou a sofrer censura e represália, pois o bispo Dom Filippo Santoro teria impedido que ele ministrasse uma palestra durante a Conferencia Municipal de Saúde Mental, onde abordaria o tema “O cuidado em Saúde”. “O tema não tem nada a ver com a religião”, explicou. Ele acusou o bispo de cometer um atentado contra os direitos humanos e de ofender a comunidade médica que se deslocou de diversas cidades para ouvir as suas palavras. “Sou ouvido sem veto em várias cidades no mundo e nunca fui proibido de falar”, continuou. Leonardo Boff continuou dizendo que o bispo é conservador e não aceita e nem exerce a democracia.
O teólogo e filósofo explicou também que foi chamado há uma semana, pela Secretaria de Saúde, para proferir uma palestra durante a conferência. “Na quarta-feira foi informado que não participaria mais do evento”, relatou.
O convite da conferência chegou a ser impresso e distribuído com o nome do teólogo e filósofo Leonardo Boff riscado com caneta.
Em e-mail enviado ao “Diário”, a assessoria de comunicação da Diocese de Petrópolis informou que “o impedimento para que o teólogo e escritor Leonardo Boff fizesse uma palestra na Conferência Municipal de Saúde Mental, realizada no dia de hoje (9 de abril) na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), não partiu do bispo diocesano, mais foi uma decisão da reitoria da UCP”.
A professora e coordenadora dos assuntos comunitários da UCP, Josília Fassbender, explicou que a decisão do veto ao Leonardo Boff partiu da Secretaria de Saúde. Até o fechamento desta edição a reitoria da universidade não se pronunciou.
Em 1993, Leonardo Boff prestou concurso e foi aprovado como professor de Ética, Filosofia da Religião e Ecologia na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Em 8 de Dezembro de 2001 foi agraciado com o premio nobel alternativo em Estocolmo (Right Livelihood Award).
É autor de mais de 60 livros nas áreas de Teologia, Ecologia, Espiritualidade, Filosofia, Antropologia e Mística. A maioria de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.

Aparecida Barbosa lamenta ausência de Leonardo Boff

A secretária de saúde, Aparecida Barbosa, lamentou o não comparecimento do palestrante Leonardo Boff. “O teólogo Leonardo Boff alterou sua agenda para estar aqui conosco e proferir sua palestra, mas diante de contratempos, ele (Leonardo) não pode comparecer. A Secretaria de Saúde lamenta o fato e ressalta que em uma próxima oportunidade, Leonardo Boff estará conosco”.
CDDH coloca Boff a disposição para novo evento

Representantes do Centro de Defesa dos Direitos Humanos (CDDH) também ressaltaram a ausência do teólogo e lembraram que o mesmo receberá a Medalha Tiradentes no próximo dia 16, na sede da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Silvio Munari, representante do CDDH, disse que foi à conferencia para garantir que fosse feito o esclarecimento do não comparecimento de Leonardo Boff e disse ainda que o teólogo está disposto a palestrar em uma outra ocasião. “Convidamos ao público para assistir ao recebimento da medalha na Alerj”, completou.

Mais de 300 pessoas na conferência

De acordo com a comissão organizadora, mais de 300 pessoas compareceram a II Conferência Municipal de Saúde Mental, realizada no salão nobre da Universidade Católica de Petrópolis (UCP). Representantes do governo municipal, prestadores de serviços de saúde, organizações não governamentais e demais pessoas ligadas aos programas de saúde mental na cidade estiveram presentes ao evento.
O objetivo do encontro foi elaborar propostas e ações concretas para o setor, além de traçar uma análise sobre a situação da saúde mental no município. Com esses dados, será confeccionado um relatório que será entregue junto com a lista dos Delegados Municipais eleitos à etapa estadual.
O tema central da conferência foi “A gestão do cuidado na Intersetorialidade” tendo com eixos temáticos: Direitos Humanos e Cidadania; Conquista e Desafios para consolidação da rede de cuidado e Recursos Humanos, qualificação e condições de trabalho.

Comentário do blog: Vergonha!!! Isso mostra o nível de "saúde mental" dessa instituição. Em pleno século XXI, servindo-se desse tipo de expediente, é um absurdo! Enquanto Leonardo Boff contribui para a democratização do saber e para a expansão do conhecimento, essa instituição contribui para a ignorância e o obscurantismo. Isso explica muitas coisas que vergonhosamente ainda persistem e mantêm o atraso em nossa cidade.

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