quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Professores e A Nova Era

Professores e A Nova Era

Sylvio Costa Filho

(Professor e Ator)

15 de outubro. Um dia para reflexão. Refletir sobre o que seria um mundo em que o conhecimento fosse realmente o foco de nossas ações. Um mundo em que desenvolvimento significasse sustentabilidade e sabedoria. Um tempo que soubesse valorizar aquilo que é o mais importante para a sobrevivência pacífica e produtiva de uma sociedade: a educação.

Algumas pessoas trabalham com essa perspectiva norteadora, enfrentando os mais variados e perversos obstáculos. Enfrentando inclusive o descaso e a animosidade daqueles que deveriam ser os seus maiores incentivadores. As condições em que vivem os nossos professores e, conseqüentemente, as nossas crianças e jovens são o resultado de toda essa distorção das políticas, e isso já vem de priscas eras.

Todo o dinheiro, petróleo e mais tantos combustíveis fósseis só nos encaminham para a sucessão catastrófica de crises intermitentes e de proporções cada vez maiores. Mas a principal de todas já nos vem assolando: a crise dos valores, da ética e do conhecimento.

E, no entanto, insistimos em permanecer nessa trajetória equívoca de concentrar riquezas materiais, às custas de corromper corações e mentes.

Nós criamos o “ovo da serpente” que hoje já se esparramou pela sociedade, com seus tentáculos de violência e barbárie. Nós fomos eficientes em produzir um mundo de esbanjamento por um lado e de miséria por outro. Construímos a retórica da intolerância e do preconceito dividindo a humanidade e produzindo tanto ódio e atrocidades inimagináveis. E também somos nós que continuamos a inviabilizar a ação civilizadora e benéfica que pode advir de uma educação eficaz, em uma sociedade cooperativa e generosa, que resgate a fraternidade, já tão destruída por tanto egocentrismo e interesses escusos.

De novo virão as eleições, e ouviremos todos levantando a bandeira da educação. Não há quem discorde. É uma palavra comum. A prioridade de todos e a ação de nenhum. Sempre vêm as medidas paliativas e demagógicas, o país continua nesse atraso por inércia política. Inércia, segundo muitos, proposital. Vamos manter o “gigante adormecido” “deitado em berço esplêndido”.

Se a natureza de nosso país é gigantesca e esplêndida, o tamanho de nossa dívida social é maior ainda e o berço de ouro de uma classe ínfima rouba o sono e o descanso de uma imensa maioria de excluídos que tenta sobreviver na vala comum.

Todos se uniram para trazer a Copa para o Brasil e para trazer as Olimpíadas para o Rio de Janeiro. Por que não nos unirmos para vencer a grande partida da educação, para realizar uma verdadeira olimpíada do conhecimento e sairmos, aí sim, desta triste penúria de subdesenvolvimento em que vivemos, com milhões de analfabetos funcionais?

Não há como solucionar essas questões estratégicas sem valorizar os principais agentes que podem impulsionar essa virada, os jogadores que podem contribuir para muitas vitórias, os atletas que podem, feito alquimistas de uma nova era, produzir o bom ouro da medalha do conhecimento. E esses jogadores, esses atletas, chamam-se professores. E lá estão eles, no pleno exercício, na luta cotidiana, às vezes apanhando não só da vida, mas também dos cassetetes e das balas de borracha da intolerância de governos que ainda não estão preparados para o jogo da verdadeira democracia. Lá estão eles, junto com seus alunos, dialogando com a comunidade e buscando abrir de fato uma Nova Era, que não pode ser a instituição da barbárie e sim a socialização do conhecimento.

Parabéns aos professores pelo seu dia! Não desistam, sem vocês o Brasil não construirá a sua Nova Era.


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