quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O futuro do planeta em jogo: Copenhague

ultimato

(http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/desenvolvimento/)

O futuro do planeta em jogo

O mundo tem até dezembro, em Copenhague, na Dinamarca – quando se realizará a COP-15 –, para definir uma agenda global que estabeleça os esforços que serão feitos para mitigar o avanço das mudanças climáticas, as medidas que serão tomadas para nos adaptarmos às novas transformações que certamente o planeta vai sofrer e a parcela de cada país na conta do aquecimento global

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Thays Prado - Edição: Mônica Nunes
Planeta Sustentável - 18/04/2009

A 15ª Conferência das Partes, da ONU – Organização das Nações Unidas, é o evento mais aguardado deste ano. De 7 a 18 de dezembro, o futuro da Terra - e, especialmente, da espécie humana - estará em pauta. O encontro tem sido encarado como a última chance para que o mundo chegue a um acordo sobre o que será, realmente, feito para frear o aquecimento global, antes que expire o Protocolo de Kyoto, em 2012.

CENÁRIO AMBIENTAL

O fato de que a Terra está se aquecendo não está em discussão. Tem havido um aumento de temperatura em todo o mundo, sem distinção, em áreas continentais, oceânicas, próximas às grandes cidades, nas regiões rurais e nos lugares mais remotos. Isso prova que se trata de um fenômeno global.

Não é a primeira vez que o planeta aquece. Em milhões de anos, a Terra já teve concentrações de efeito estufa como agora. Esse é o argumento que o grupo dos chamados "céticos" do aquecimento global usa para dizer que o ser humano não tem nada a ver isso e que suas emissões de carbono não afetam o aquecimento global. No entanto, José Antônio Marengo, pesquisador titular do INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, conta que as atividades humanas aceleraram e intensificaram o processo. "Os últimos 20 anos foram os mais quentes em nosso registro histórico. Impactos que poderiam demorar mais 100 anos para acontecer estão acontecendo agora e de maneira amplificada".

O pesquisador afirma que o clima já está relativamente diferente. Segundo ele, nos próximos vinte anos, as mudanças climáticas podem até não ser tão radicais, mas vão aumentar gradualmente e podem culminar em grandes problemas, com uma enorme quantidade de eventos extremos a partir de 2050.
"Esse é o tempo que ainda temos para fazer algo pelo planeta", alerta Marengo. Ele afirma que, mesmo se todas as indústrias do planeta fossem fechadas imediatamente e parassem de emitir gases de efeito estufa, a Terra continuaria a aquecer, ainda que menos do que antes. Por isso, a principal função dos protocolos e acordos internacionais - como esse que se pretende firmar em Copenhague - é minimizar os impactos do clima e os prejuízos que certamente teremos com o aquecimento global.

De acordo com análises do INPE dos últimos 50 anos, fica claro que o Brasil e a América do Sul como um todo tiveram médias anuais de temperatura 0,7 graus mais altas. Nosso inverno, hoje, está um grau mais quente e a média de temperatura mínima tem se elevado. O pesquisador do INPE também observa que houve aumento do número de eventos climáticos extremos, com muitas chuvas na região Sul e Sudeste. "Se assumirmos que nada será feito para reduzir as emissões de carbono, podemos chegar ao final deste século com uma média de temperatura, no Brasil, 3 graus mais alta - no Sul haveria um aumento de 2 graus, enquanto na Amazônia e no Nordeste, poderia subir até 6!", sentencia.

As médias de chuvas também tendem a ser alteradas. Enquanto a Amazônia e o Nordeste diminuiriam sua pluviosidade em 20% - com possibilidades de secas e ondas de calor e, mesmo, da substituição da floresta amazônica por savana -, o Sul e o Sudeste teriam um aumento de 10% de precipitação, que se manifestaria por meio de chuvas extremas e não regulares. Além do impacto ambiental, está aí uma projeção que implica em grandes problemas sociais, de saúde e, também, de ondas migratórias.

O QUE ESPERAR DE COPENHAGUE
Chegar a um acordo não será fácil. Muitos interesses devem ser postos na mesa durante a 15ª COP. Enquanto alguns países estão preocupados em não desaparecer do mapa por conta dos impactos das mudanças climáticas, o foco de outros está nos incentivos à preservação florestal. Um outro grupo quer que o apoio à adaptação seja a prioridade do encontro e existem, ainda, as economias dependentes do petróleo e, até, aqueles países que já reduziram suas emissões mais do que a média e argumentam que não têm muito mais onde cortar.

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