quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Aquecimento medieval (do blog Planeta Sustentável)

Jonatas Tobias

clima

Aquecimento medieval

Há 1200 anos, um período de altas temperaturas mudou o mundo

Não sobram muitas dúvidas de que, nas últimas décadas, nosso planeta ficou mais quente. Mas os efeitos reais do aquecimento global sobre a humanidade ainda são debatidos. De um lado, há quem espere o apocalipse. De outro, os mais céticos dizem não acreditar em mudanças radicais até o fim do século. Para entender melhor o que o futuro nos reserva, pode ser muito útil olhar para o cenário de 1200 anos atrás. A partir do ano 800, o mundo experimentou o último grande ciclo de aquecimento antes do atual.

Foram nada menos que 500 anos de aumento geral de temperatura. Pouco se sabia sobre esse período (em geral, só é possível conhecer o clima do passado com total segurança apenas do século 18 em diante). Mas a constatação de que o mundo ficou mais quente naquele momento surgiu nos últimos anos, a partir de medições em anéis de árvores centenárias, registros de corais e marcas em icebergs. Esses dados foram cruzados com o uso de softwares de climatologia pelo especialista Brian Fanagan, antropólogo da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara.

De acordo com Fanagan, essa mudança climática provocou longas secas em diversas partes do globo, enquanto outras regiões frias ficaram mais habitáveis e mares congelados se tornaram acessíveis. Tais alterações drásticas ajudaram a mudar o destino dos mais diversos povos daquela época - dos mongóis até os maias, passando pelos índios da América do Norte e pelos moradores das grande cidades europeias.

EFEITO PLANETÁRIO
As principais transformações provocadas com ajuda do calor:

Groenlândia - Vikings com esquimós
As temperaturas menos geladas no mar do Norte aumentam o alcance dos vikings, que chegam à Groenlândia em 985 e fazem contato com tribos esquimós americanas. Compram presas de morsas. Em troca, presenteiam os índios com ferro.

América do Norte - Êxodo dos nativos
Na região onde agora ficam Califórnia, Nevada, Utah, Oregon e Idaho, a seca acaba com a economia dos indígenas.

América Central - O fim dos maias
A península de Yucatán sofre secas longas e severas. Para os maias, cuja vida é regulada pelas chuvas, a mudança provoca uma grave crise de abastecimento, que acelera o fim dessa civilização.

Europa - Crescimento das cidades
O Velho Continente desfruta de invernos mais amenos e verões mais longos. Isso se traduz rapidamente em uma produção maior de alimentos e no aumento da população. A nova demanda por serviços especializados facilita o desenvolvimento das cidades.

Ásia - Avanço mongol
Dependentes do cavalo para buscar alimentos em regiões distantes entre si, os mongóis vivem no norte durante o verão e no sul quando chega o inverno. A seca na Ásia Central interrompe esse ciclo. Em busca de melhores terras, os asiáticos invadem a Europa.

Massacre em Leignitz
Os mongóis invadiram a Europa pela primeira vez em 1237. Quatro anos depois, após destruir Kiev, chegaram perto de Viena e Veneza. O avanço alcançou o auge depois da Batalha de Leignitz. Com 20 mil homens, os asiáticos bateram 25 mil europeus. Pouco depois, divisões internas iriam parar o domínio mongol no Velho Continente.

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