quarta-feira, 2 de março de 2011

Ministério Público Federal investiga Casa da Morte


Petrópolis sabe muito pouco sobre este episódio triste, pouco a imprensa local noticiou; essa matéria abaixo, da Tribuna de Petrópolis, é uma das poucas e mais recentes sobre o assunto.




PDF Imprimir
Qui, 17 de Fevereiro de 2011 11:00
JAQUELINE RIBEIRO
Redação Tribuna


Considerado por historiadores como o pior porão montado pelo regime militar, durante o período da ditadura, a Casa da Morte, que fica na região do centro de Petrópolis, é alvo de uma investigação em andamento no Ministério Público Federal na cidade, desde o fim do ano passado. O inquérito corre em sigilo e foi instaurado com base em denúncias feitas pelo Grupo Tortura Nunca Mais, que no fim do ano passado esteve em Petrópolis e informou à Procuradoria da República sobre a existência de um imóvel para onde teriam sido levados presos políticos que desapareceram durante o período da ditadura. O local, onde teriam sido realizadas sessões de tortura, ficou conhecido como Casa da Morte, aparelho supostamente montado pelo Centro de Informações do Exército (CIE), com o objetivo de torturar e eliminar líderes da guerrilha urbana considerados irrecuperáveis.
Entre os desaparecidos desta época está Carlos Alberto Soares de Freitas, o Beto, amigo e ex-comandante da atual presidente da República Dilma Rousseff, nos tempos em que a presidente era militante da VAR-Palmares, organização da luta armada que atuou no início dos anos 70. Beto teria sido assassinado na Casa da Morte, em 1971. Um dos torturadores, identificado como Ubirajara Ribeiro de Souza, ex-sargento do exército, hoje advogado, teria sido reconhecido por Beto. A identificação do suposto torturador se tornou pública por conta do depoimento da única sobrevivente da casa, a mineira Inês Etiene Romeu. Em 1980, Etiene contou à OAB que o ex-sargento do exército reconhecido por Beto usava codinomes do cárcere do CIE.
Carlos Alberto, o Beto, desapareceu há exatos 40 anos. Ele teria sido capturado em 15 de fevereiro de 1971, pouco depois de desembarcar de um ônibus na esquina das avenidas Nossa Senhora de Copacabana e Princesa Isabel, no Rio. Provavelmente interceptado pela repressão, por ser considerado um subversivo irrecuperável, ele teria sido trazido a Petrópolis e levado para a Casa da Morte. As investigações que correm no MPF, em Petrópolis, são uma esperança quanto ao destino de desaparecidos políticos, uma vez que parte deles pode ter sido eliminada na Casa da Morte.

Nenhum comentário:

Postar um comentário