domingo, 5 de abril de 2009

Nordeste sofrerá mais com clima futuro

Historicamente enfrentando estiagens severas, boa parte da população nordestina tem ainda mais motivos para se preocupar com as mudanças que um clima mais quente trará para a região. Afinal, áreas hoje tidas como semi-áridas poderão se tornar pequenos pedaços do Saara, verdadeiros desertos encravados em meio à Caatinga. O resultado seria ainda mais pobreza, fome e esvaziamento demográfico provocado por novas migrações.

Essas previsões foram feitas por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais e da Fundação Oswaldo Cruz, com base em dados da Embrapa e da Unicamp sobre mudanças na produção agrícola nacional frente às alterações climáticas. Os cálculos também mostraram que o PIB nordestino pode sofrer queda superior a 11% nas próximas décadas, baseada em áreas cada vez menores para produção.

Em um cenário 4ºC mais quente até 2070, com diminuição das chuvas entre 15% e 20%, por exemplo, oito em cada dez hectares de terras agricultáveis no Ceará se perderiam. Em Pernambuco, a redução seria de 65%. Paraíba e Piauí também sofreriam sérios prejuízos.

Vivem cerca de 20 milhões de pessoas no semi-árido brasileiro, que representa mais da metade do Nordeste e porções do norte mineiro e do Espírito Santo. Por isso, entre outras ações, faz-se urgente o aporte de recursos para que a região possa enfrentar e conter uma série de efeitos climáticos adversos, com impactos nas populações, na economia e na sobrevivência da própria Caatinga.

Em evento realizado no fim do ano passado, em Fortaleza (CE), o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc prometeu que o Nordeste receberia entre 60% e 70% do dinheiro depositado no Fundo de Mudanças Climáticas, algo em torno de R$ 300 milhões anuais oriundos de royalties da indústria petrolífera. O projeto de lei que permitiria esses aportes, no entanto, ainda tramita no Congresso.

Nenhum comentário:

Postar um comentário