quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Cidadania e degeneração ambiental (Scientific American Brasil)

18/02/2009
Cidadania e degeneração ambiental
Ulisses Capozzoli
Noticiário distribuído pelas agências de notícias internacionais informa que o número de mortos em incêndios florestais na Austrália chegou a 200 ontem. E este número pode aumentar, dependendo do que a polícia encontrar entre as cinzas e escombros de cidades consumidas pelo fogo.
O que até recentemente parecia pura ficção científica a cada dia materializa-se na mais evidente realidade.
As modelagens envolvendo o aquecimento global por efeito antrópico com impacto na mudança climática desenvolvidos já no começo da década passada apontavam quase que unanimemente para algumas catástrofes e os incêndios florestais eram parte delas.
Isso não impediu que parte de um pensamento conservador , entre os quais muitos dos auto-denominados “céticos”, tentassem desqualificar este cenário com o argumento de efeito duplo que o aquecimento global tem razões naturais.
De fato, a Terra já teve períodos de temperaturas globais mais elevadas, aparentemente por variação no padrão de radiação solar.
Mas isso não pode ser confundido com efeitos produzidos por atividades humanas. Pelos padrões naturais, lentos, as espécies têm chance de melhor adaptação, ainda que muitos organismos acabem extintos.
O efeito antrópico, no entanto, ao longo de algo como dois séculos, é rápido demais para essa reacomodação das formas de vida e o resultado disso tende a ser observado sob a forma de tragédias: tempestades violentas, incêndios florestais e outros desregulamentos climáticos.
O que cada um pode fazer para amenizar uma degradação ainda maior nas condições climáticas?
Talvez não muita coisa. De qualquer forma, compreender que a Terra é nossa casa cósmica e tratá-la com respeito (já que um pouco de amor é pedir muito) é o mínimo que pode ser feito.
Plantar uma árvore, em vez de derrubar as que já existem, resistir ao consumismo desenfreado (nisto a crise econômica dá uma contribuição significativa) e pensar cada um dos atos do cotidiano, certamente podem ser úteis ainda que não revertam a situação.
A complexidade climática assegura que não há como retornarmos a uma condição anterior.
Os físicos chamam esses processos de irreversibilidade. Quebre um ovo para fazer uma omelete e tente reconstituí-lo para saber o que é a tal irreversibilidade.
Mas há uma reversibilidade possível.
Nesta segunda-feira parte das ruas da Vila Madalena, bairro pretensamente “descolado” da cidade de São Paulo, parecia o dia seguinte da passagem de um tufão.
O lixo espalhado pelas chuvas do fim de semana era a imagem do caos.
Mas as pessoas podem aprender a ser mais urbanizadas.
A prefeitura deveria exigir a construção de pequenas plataformas para a colocação do lixo, para evitar que esses restos sejam arrastados pelas águas, entupam os canais de escoamento e com isso produzam desastrosas inundações.
Isso exige apenas um mínimo de consciência social.
Portanto é um processo reversível.
Embora pareça irremediavelmente irreversível.

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