segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Lixo nas encostas (Tribuna de Petrópolis, janeiro)

Dom, 09 de Janeiro de 2011 11:00
MARIANNY MESQUITA
Redação Tribuna


No Morro do Neylor, um exemplo de como as encostas são utilizadas como vazadouro de lixo: toneladas de detritos que descem com a enxurrada. / Alexandre Carius

O deslizamento de terra é um problema que afeta diversos pontos da cidade em função das construções irregulares e do acúmulo de lixo nas encostas, como na comunidade Vista Alegre, em Araras, onde a queda de uma barreira causou a morte de três crianças na última terça-feira. No local havia grande quantidade de resíduos orgânicos e sólidos e seriam necessários cerca de 200 caminhões para a retirada total do material. Mas, a própria população pode ajudar o poder público a desenvolver ações preventivas contra a questão, já que o lixo jogado nas encostas é um dos principais fatores que contribuem para os desastres naturais desta proporção. Apesar da Companhia de Desenvolvimento de Petrópolis (Comdep) realizar um trabalho incisivo na retirada do material das ruas e barrancos do município através do Disque-Entulho, o qual já retirou quase 10 toneladas de detritos nos cinco distritos desde 2009, ainda é grande a falta de conscientização dos moradores.
Além do lixo doméstico, como restos de alimentos que geram o chorume, resíduo que degrada o solo junto à erosão, até móveis e eletrodomésticos são coletados pelos funcionários da Comdep, que chegam a descer até 10 metros de altura para retirar o material. “Ainda é grande a falta de educação de quem não entende o perigo para o meio ambiente ao jogar lixo nas encostas e dentro dos rios. Alguns preferem lançar o material em local proibido a andar 30 ou 40 metros até uma lixeira adequada. Na Comunidade do Neylor, por exemplo, fazemos constantemente a limpeza de um terreno íngreme que serve como lixão para alguns moradores. Apesar da instalação de placas alertando sobre a proibição do ato, não é respeitada. Os trabalhadores da Comdep precisam descer de rapel para recolher objetos como guarda-roupa, sofá, máquinas de lavar, geladeiras, entre outros”, contou o presidente da Comdep Anderson Juliano.
O geógrafo e chefe da Reserva Biológica de Araras, Ricardo Ganem, alerta para a gravidade da ação irregular. “Jogar lixo nas encostas significa impermeabilizar o solo, com isso a carga sobre ele é elevada e acaba gerando os deslizamentos de terra. É incorreto praticar esta ação”.
Para o presidente da Comdep, a poluição das encostas em áreas de risco não é justificada, já que existe coleta regular em todo o município, o qual recolhe 7,5 mil toneladas de lixo por mês na cidade. “Todos os bairros contam com a coleta de lixo pelo menos duas vezes por semana, em outros locais a coleta é feita diariamente. Além disso, existem duas Estações de Transferência de Lixo disponíveis à população para despejo dos entulhos na BR-040, KM79 sentido Rio, e em Pedro do Rio, mas poucos utilizam o espaço. Alguns profissionais que fazem frete são pagos para recolher o material de um local e levar para o aterro, mas muitas vezes jogam o lixo em qualquer lugar mais próximo do seu itinerário”, disse.
Ricardo explica ainda como deve ser feito o tratamento adequado após a coleta do lixo. “Existem dois tipos de resíduos, o orgânico e o sólido, ambos prejudicam o meio ambiente, têm as suas particularidades e devem receber o tratamento adequado. Naturalmente a decomposição dos materiais de origem vegetal, como galhos, folhas e cascas de frutas, que apodrecem e são restabelecidos como matéria orgânica para jardinagem e paisagismo, são transformados em adubo. A segunda forma de tratar este tipo de resíduo é através de incineradores devidamente regulamentados pelos órgãos competentes, ou seja, depositá-los em caixas de concreto com chaminés e filtros que evitam a dispersão de enxofre e monóxido de carbono, soltando apenas uma fuligem branca com menos gases poluentes e rico em fósforo para também servir como adubo. Já quanto os resíduos sólidos, quando houver coleta seletiva, é separado o material de valor econômico, como garrafas pet e de vidro, ou seja, o que for passível de reciclagem. Na coleta não seletiva o lixo deve ser destinado a aterros sanitários licenciados”.
O Código de Posturas de Petrópolis classifica como ato gravíssimo quem desrespeitar a Lei nº 6.240 de 21 de janeiro 2005, que prevê multa quando ocorrer lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, detritos, óleos ou substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos municipais. Qualquer cidadão pode requerer o serviço do Disque-Entulho pelo telefone 2243-7822 ou através do site da Comdep www.comdep.com.br. O programa recolhe até 20 sacos de lixo verde ou entulho de obras, quando a quantidade de material ultrapassar o limite determinado pelo recolhimento gratuito, o depósito deve ser feito nas Estações de Transferência de Lixo na BR-040 e em Pedro do Rio.


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