Vamos estudar em produção de texto o tipo "Manifesto", aí abaixo vai um exemplo de um manifesto em defesa do MST (movimento dos sem terra). É importante complementar esse estudo ampliando os nossos conhecimentos nas aulas de sociologia, história e geografia. A questão que aqui se coloca é a necessidade da reforma agrária e ao mesmo tempo o fato de que precisamos fazer uma leitura crítica da mídia, pois muitas vezes recebemos como informação notícias deturpadas de acordo com os interesses dos que dominam os órgãos de imprensa e que acabam nos induzindo a interpretações errôneas.
Manifesto em defesa do MST - Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais
As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas
semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade
do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo. A mídia foi taxativa
em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de
vandalismo.
Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a
titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela
Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui
cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras
públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras
improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta
destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.
Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em
protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que
vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos.
Bloquear a reforma agrária
Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de
produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo
agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal
postura, o foco do debate agrário desloca-se dos responsáveis pela
desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito
do povo. A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço
técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto
seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária.
Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político
das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social
brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma
ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.
O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar
o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências,
as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a
reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos
sociais e ambientais como única alternativa para a agropecuária
brasileira.
Concentração fundiária
A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos,
conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos
rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço
total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de
2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as
fronteiras agrícolas do agronegócio.
Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos
agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de
extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho
de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente
193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no
primeiro semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas
de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro
semestre deste ano.
Não violência
A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não
violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte
dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das
corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os
governos a realizar a reforma agrária.
É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de
assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de
pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais
fortes, apoiados pela maioria da população brasileira.
Contra a criminalização das lutas sociais
Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas
a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas
sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o
repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.
-Para assinar o manifesto:
http://www.petitiononline.com/boit1995/petition.html
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