sexta-feira, 26 de junho de 2009

Em Petrópolis dia 28 de junho é o dia do Ipê Amarelo




Texto produzido pela Acadêmica Giovana Beatriz Theodoro Marto
Supervisão e orientação do Prof. Luiz Ernesto George Barrichelo e do Eng. Paulo Henrique Müller
Atualizado em 10/07/2006

O ipê amarelo é a árvore brasileira mais conhecida, a mais cultivada e, sem dúvida nenhuma, a mais bela. É na verdade um complexo de nove ou dez espécies com características mais ou menos semelhantes, com flores brancas, amarelas ou roxas. Não há região do país onde não exista pelo menos uma espécie dele, porém a existência do ipê em habitat natural nos dias atuais é rara entre a maioria das espécies (LORENZI,2000).

A espécie Tabebuia alba, nativa do Brasil, é uma das espécies do gênero Tabebuia que possui “Ipê Amarelo” como nome popular. O nome alba provém de albus (branco em latim) e é devido ao tomento branco dos ramos e folhas novas.

As árvores desta espécie proporcionam um belo espetáculo com sua bela floração na arborização de ruas em algumas cidades brasileiras. São lindas árvores que embelezam e promovem um colorido no final do inverno. Existe uma crença popular de que quando o ipê-amarelo floresce não vão ocorrer mais geadas. Infelizmente, a espécie é considerada vulnerável quanto à ameaça de extinção.

A Tabebuia alba, natural do semi-árido alagoano está adaptada a todas as regiões fisiográficas, levando o governo, por meio do Decreto nº 6239, a transformar a espécie como a árvore símbolo do estado, estando, pois sob a sua tutela, não mais podendo ser suprimida de seus habitats naturais.

Taxonomia

Família: Bignoniaceae
Espécie: Tabebuia Alba (Chamiso) Sandwith
Sinonímia botânica: Handroanthus albus (Chamiso) Mattos; Tecoma alba Chamisso
Outros nomes vulgares: ipê-amarelo, ipê, aipê, ipê-branco, ipê-mamono, ipê-mandioca, ipê-ouro, ipê-pardo, ipê-vacariano, ipê-tabaco, ipê-do-cerrado, ipê-dourado, ipê-da-serra, ipezeiro, pau-d’arco-amarelo, taipoca.

Aspectos Ecológicos

O ipê-amarelo é uma espécie heliófita (Planta adaptada ao crescimento em ambiente aberto ou exposto à luz direta) e decídua (que perde as folhas em determinada época do ano). Pertence ao grupo das espécies secundárias iniciais (DURIGAN & NOGUEIRA, 1990).

Abrange a Floresta Pluvial da Mata Atlântica e da Floresta Latifoliada Semidecídua, ocorrendo principalmente no interior da Floresta Primária Densa. É característica de sub-bosques dos pinhais, onde há regeneração regular.

Informações Botânicas

Morfologia

As árvores de Tabebuia alba possuem cerca de 30 metros de altura. O tronco é reto ou levemente tortuoso, com fuste de 5 a 8 m de altura. A casca externa é grisáceo-grossa, possuindo fissuras longitudinais esparas e profundas. A coloração desta é cinza-rosa intenso, com camadas fibrosas, muito resistentes e finas, porém bem distintas.

Com ramos grossos, tortuosos e compridos, o ipê-amarelo possui copa alongada e alargada na base. As raízes de sustentação e absorção são vigorosas e profundas.

As folhas, deciduais, são opostas, digitadas e compostas. A face superior destas folhas é verde-escura, e, a face inferior, acinzentada, sendo ambas as faces tomentosas. Os pecíolos das folhas medem de 2,5 a 10 cm de comprimento. Os folíolos, geralmente, apresentam-se em número de 5 a 7, possuindo de 7 a 18 cm de comprimento por 2 a 6 cm de largura. Quando jovem estes folíolos são densamente pilosos em ambas as faces. O ápice destes é pontiagudo, com base arredondada e margem serreada.

As flores, grandes e lanceoladas, são de coloração amarelo-ouro. Possuem em média 8X15 cm.

Quanto aos frutos, estes possuem forma de cápsula bivalvar e são secos e deiscentes. Do tipo síliqua, lembram uma vagem. Medem de 15 a 30 cm de comprimento por 1,5 a 2,5 cm de largura. As valvas são finamente tomentosas com pêlos ramificados. Possuem grande quantidade de sementes.

As sementes são membranáceas brilhantes e esbranquiçadas, de coloração marrom. Possuem de 2 a 3 cm de comprimento por 7 a 9 mm de largura e são aladas.

Reprodução

A espécie é caducifólia e a queda das folhas coincide com o período de floração. A floração inicia-se no final de agosto, podendo ocorrer alguma variação devido a fenômenos climáticos. Como a espécie floresce no final do inverno é influenciada pela intensidade do mesmo. Quanto mais frio e seco for o inverno, maior será a intensidade da florada do ipê amarelo.

As flores por sua exuberância, atraem abelhas e pássaros, principalmente beija-flores que são importantes agentes polinizadores. Segundo CARVALHO (2003), a espécie possui como vetor de polinização a abelha mamangava (Bombus morio).

As sementes são dispersas pelo vento.

A planta é hermafrodita, e frutifica nos meses de setembro, outubro, novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, dependendo da sua localização. Em cultivo, a espécie inicia o processo reprodutivo após o terceiro ano.

Ocorrência Natural

Ocorre naturalmente na Floresta Estaciobal Semidecicual, Floresta de Araucária e no Cerrado.

Segundo o IBGE, a Tabebuia alba (Cham.) Sandw. é uma árvore do Cerrado, Cerradão e Mata Seca. Apresentando-se nos campos secos (savana gramíneo-lenhosa), próximo às escarpas.

Clima

Segundo a classificação de Köppen, o ipê-amarelo abrange locais de clima tropical (Aw), subtropical úmido (Cfa), sutropical de altitude (Cwa e Cwb) e temperado.

A T.alba pode tolerar até 81 geadas em um ano. Ocorre em locais onde a temperatura média anual varia de 14,4ºC como mínimo e 22,4ºC como máximo.

Solo

A espécie prefere solos úmidos, com drenagem lenta e geralmente não muito ondulados (LONGHI, 1995).

Aparece em terras de boa à média fertilidade, em solos profundos ou rasos, nas matas e raramente cerradões (NOGUEIRA, 1977).

Pragas e Doenças

De acordo com CARVALHO (2003), possui como praga a espécie de coleópteros Cydianerus bohemani da família Curculionoideae e um outro coleóptero da família Chrysomellidae. Apesar da constatação de elevados índices populacionais do primeiro, os danos ocasionados até o momento são leves. Nas praças e ruas de Curitiba - PR, 31% das árvores foram atacadas pela Cochonilha Ceroplastes grandis.

ZIDKO (2002), ao estudar no município de Piracicaba a associação de coleópteros em espécies arbóreas, verificou a presença de insetos adultos da espécie Sitophilus linearis da família de coleópteros, Curculionidae, em estruturas reprodutivas. Os insetos adultos da espécie emergiram das vagens do ipê, danificando as sementes desta espécie nativa.

ANDRADE (1928) assinalou diversas espécies de Cerambycidae atacando essências florestais vivas, como ingazeiro, cinamomo, cangerana, cedro, caixeta, jacarandá, araribá, jatobá, entre outras como o ipê amarelo.

A Madeira

A Tabebuia alba produz madeira de grande durabilidade e resistência ao apodrecimento (LONGHI,1995).

MANIERI (1970) caracteriza o cerne desta espécie como de cor pardo-havana-claro, pardo-havan-escuro, ou pardo-acastanhado, com reflexos esverdeados. A superfície da madeira é irregularmente lustrosa, lisa ao tato, possuindo textura media e grã-direita.

Com densidade entre 0,90 e 1,15 grama por centímetro cúbico, a madeira é muito dura (LORENZI, 1992), apresentando grande dificuldade ao serrar.

A madeira possui cheiro e gosto distintos. Segundo LORENZI (1992), o cheiro característico é devido à presença da substância lapachol, ou ipeína.

Usos da Madeira

Sendo pesada, com cerne escuro, adquire grande valor comercial na marcenaria e carpintaria. Também é utilizada para fabricação de dormentes, moirões, pontes, postes, eixos de roda, varais de carroça, moendas de cana, etc.

Produtos Não-Madeireiros

A entrecasca do ipê-amarelo possui propriedades terapêuticas como adstringente, usada no tratamento de garganta e estomatites. É também usada como diurético.

O ipê-amarelo possui flores melíferas e que maduras podem ser utilizadas na alimentação humana.

Outros Usos

É comumente utilizada em paisagismo de parques e jardins pela beleza e porte. Além disso, é muito utilizada na arborização urbana.

Segundo MOREIRA & SOUZA (1987), o ipê-amarelo costuma povoar as beiras dos rios sendo, portanto, indicado para recomposição de matas ciliares. MARTINS (1986), também cita a espécie para recomposição de matas ciliares da Floresta Estacional Semidecidual, abrangendo alguns municípios das regiões Norte, Noroeste e parte do Oeste do Estado do Paraná.

Aspectos Silviculturais

Possui a tendência a crescer reto e sem bifurcações quando plantado em reflorestamento misto, pois é espécie monopodial. A desrrama se faz muito bem e a cicatrização é boa. Sendo assim, dificilmente encopa quando nova, a não ser que seja plantado em parques e jardins.

Ao ser utilizada em arborização urbana, o ipê amarelo requer podas de condução com freqüência mediana.

Espécie heliófila apresenta a pleno sol ramificação cimosa, registrando-se assim dicotomia para gema apical. Deve ser preconizada, para seu melhor aproveitamento madeireiro, podas de formação usuais (INQUE et al., 1983).

Produção de Mudas

A propagação deve realizada através de enxertia.

Os frutos devem ser coletados antes da dispersão, para evitar a perda de sementes. Após a coleta as sementes são postas em ambiente ventilado e a extração é feita manualmente. As sementes do ipê amarelo são ortodoxas, mantendo a viabilidade natural por até 3 meses em sala e por até 9 meses em vidro fechado, em câmara fria.

A condução das mudas deve ser feita a pleno sol. A muda atinge cerca de 30 cm em 9 meses, apresentando tolerância ao sol 3 semanas após a germinação.

Sementes

Os ipês, espécies do gênero Tabebuia, produzem uma grande quantidade de sementes leves, aladas com pequenas reservas, e que perdem a viabilidade em poucos dias após a sua coleta. A sua conservação vem sendo estudada em termos de determinação da condição ideal de armazenamento, e tem demonstrado a importância de se conhecer o comportamento da espécie quando armazenada com diferentes teores de umidade inicial, e a umidade de equilíbrio crítica para a espécie (KANO; MÁRQUEZ & KAGEYAMA, 1978).

As levíssimas sementes aladas da espécie não necessitam de quebra de dormência. Podem apenas ser expostas ao sol por cerca de 6 horas e semeadas diretamente nos saquinhos. A quebra natural leva cerca de 3 meses e a quebra na câmara leva 9 meses. A germinação ocorre após 30 dias e de 80%.

As sementes são ortodoxas e há aproximadamente 87000 sementes em cada quilo.

Mais da Feira de Ciências
















Imagens dos nossos amigos.

Feira de Ciências





Todos estão de parabéns, jovens das escolas estaduais de Petrópolis. Pelas ciências, pelo planeta!
Nós também estivemos lá e aí vão algumas imagens do evento ocorrido no Petropolitano dia 24 de junho de 2009. Valeu muito Aline, Jaqueline, Júnior e Thiago! Vocês são brilhantes!!!

A Pergunta do Ano


Essa é a grande questão... Ajamos rapidamente!!! Abraços da Pita

Essa pergunta foi a vencedora em um congresso sobre vida sustentável.
"Todo mundo 'pensando' em deixar um planeta melhor para nossos filhos... Quando é que 'pensarão' em deixar filhos melhores para o nosso planeta?"

Passe adiante! Precisamos começar JÁ! Uma criança que aprende o respeito e a honra dentro de casa e recebe o exemplo vindo de seus pais , torna-se um adulto comprometido em todos os aspectos, inclusive em respeitar o planeta onde vive...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Estudantes falam sobre o blog e sobre Gaia (3001 e 2002)



"...além de ser utilizado para um momento de distração, ele tem uma grande função: de informar..." (Dandara Cunha)

"A importância do nosso blog e das nossas ações é para conscientizar as pessoas que se não cuidarmos do nosso planeta ele pode acabar..." (Natália Malaquias)

"Expor nossas ideias, expor a realidade em que estamos vivendo, para conscientizar cada vez mais que devemos fazer nossa parte nesta Terra que é de todos nós." (Jaqueline Vieira Oliva)

"A importância do blog é que a partir dele temos uma visão do que fazemos com o planeta..." (Giulia Araujo)

"Nós, que estamos aqui no Colégio Hercília, estamos cada vez mais aprendendo a cuidar do nosso planeta Terra e através do blog podemos mostrar para quem não está aqui um pouco do que aprendemos em sala de aula e no nosso cotidiano.
PROTEGER O NOSSO PLANETA TERRA;
UMA LIÇÃO PARA TODOS!
(Raquel da Silva)

"...Devemos pensar em reprojetar as nossas idéias do que teremos no futuro." (Tamara Jordão)

"O nosso blog está mostrando a realidade e as atitudes que tomamos em relação à Terra." (Natália Furtado)

"Percebo que a iniciativa de ter criado um blog estimulou positivamente os alunos. Com isso, gera informação e nos ajuda a ajudar o nosso planeta..." (Aline Pereira Carvalho)

"...E juntos nós podemos salvar a Terra." (Aline da Silva Matos)

"O nosso blog é muito importante porque é ele quem guarda nossas atividades do cotidiano, como por exemplo: A Carta da Terra, os trabalhos sobre a Terra, nossos planejamentos, passeios, e o cuidado que devemos ter com a mãe Terra etc...
Algumas de nossas ações do cotidiano afetam demais a Terra e outras não, então devemos nos conscientizar de que a Terra não aguenta nossas mudanças, em um dia nós a protegemos, no outro nós a destruimos.
O blog é uma espécie de professor que nos ensina a respeitar a Terra que um dia será de outras pessoas que merecem." (Stefani Graciano da Silva)

(Amanhã tem mais, aguardem!!!)

domingo, 21 de junho de 2009

Escravidão e Desmatamento (Blog do Sakamoto)

"(...)Desde 1995, 35 mil pessoas foram libertadas da escravidão no Brasil, a maior parte delas em uma faixa que vai do Maranhão até Rondônia, passando por Tocantins, Pará e Mato Grosso. Não é mera coincidência que a maior concentração de escravos no país esteja no Arco do Desmatamento. Afinal, trabalho escravo é utilizado largamente para cortar custos no processo de expansão agropecuária na Amazônia, trazendo lucro fácil.

Não é raro fazendas griladas usarem escravos para abrir trilhas na mata para a entrada de motosserras, derrubar árvores e produzir, com a mesma madeira, cercas para gado ou carvão para abastecer siderúrgicas. Além, é claro, de retirar tocos e raízes para a preparação do terreno desmatado visando à implantação de pastos ou de lavouras. Ou seja, o esquentamento da grilagem é feita por trabalhadores alijados de sua liberdade."

(...)

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Desafios para o planeta

Novos desafios para o planeta, artigo de Marcelo Barros


desafios para o planeta
Imagem: IHU

Apesar de todas as agressões e crimes cometidos contra o Planeta, ainda podemos salvá-lo

[Brasil de Fato] Em torno ao dia 05 de junho que a ONU consagra como “dia internacional do meio ambiente”, o mundo inteiro promove uma série de discussões e eventos que durarão toda a semana. De fato, os problemas ambientais se agravam. Hoje, não há quem não se assuste com a freqüência e a intensidade de inundações e secas, assim como, em algumas regiões do mundo, terremotos e furacões ganham fúria nunca vista.

Como disse Leonardo Boff na assembléia geral da ONU: “se a crise econômica é preocupante, a crise da não sustentabilidade da Terra se manifesta, cada dia mais, ameaçadora. Os cientistas que seguem o estado do Planeta, especialmente a Global Foot Print Network , haviam falado do Earth Overshoot Day, isto é, do dia em que se ultrapassarão os limites da Terra. Infelizmente, os dados revelam que, exatamente no dia 23 de setembro de 2008, a Terra ultrapassou em 30% sua capacidade de reposição dos recursos necessários para as demandas humanas. Neste momento atual, precisamos de mais de uma Terra para atender à nossa subsistência. Como garantir ainda a sustentabilidade da Terra, já que esta é a premissa para resolver as demais crises: a social, a alimentar, a energética e a climática? Agora, não temos uma “arca de Noé” que salve alguns e deixe perecer a todos os demais. Como asseverou recentemente, com muita propriedade, o Secretário Geral desta casa, Ban Ki-Moon: ´não podemos deixar que o urgente comprometa o essencial´. O urgente é resolver o caos econômico, mas o essencial é garantir a vitalidade e a integridade da Terra. É importante superar a crise financeira, mas o imprescindível e essencial é como vamos salvar a Casa Comum e a humanidade que é parte dela. Esta foi a razão pela qual a ONU adotou a resolução sobre o Dia internacional da Mãe Terra (International Mother Earth Day) a ser celebrado no dia 22 de abril de cada ano. Dado o agravamento da situação ambiental da Terra, especialmente o aquecimento global, temos de atuar juntos e rápido. Caso contrário, há o risco de que a Terra possa continuar, mas sem nós” (discurso na ONU – abril de 2009).

Infelizmente, governos e instituições internacionais continuam insistindo no modelo capitalista depredador. Somente o governo americano destinou este ano mais de US$ 4 trilhões a salvar bancos e multinacionais irresponsáveis que perderam dinheiro no cassino financeiro da imprevisibilidade. Este dinheiro do povo, dado aos ricos, “é um valor 40 vezes maior do que os recursos destinados a combater as mudanças climáticas no mundo e a pobreza” (Le Monde Diplomatique Brasil, maio de 2009, p. 3). O próprio governo brasileiro advoga que, contra a crise econômica que assola o planeta e também atinge o Brasil, a solução será consumir e comprar, porque isso gera empregos e receitas. As conseqüências ecológicas desta escolha não se colocam. Menos ainda o a questão ética fundamental. Quantos brasileiros podem viver esta febre do consumo? O PNUD do ano passado confirma: 20% das pessoas mais ricas absorvem 82% das riquezas mundiais, enquanto 20% dos mais pobres têm de se contentar apenas com 1, 6% desta riqueza que deveria ser comum. Uma ínfima minoria monopoliza o consumo e controla os processos econômicos que implicam na devastação da natureza e em uma imensa injustiça social.

Ainda nestes dias, a Câmara dos Deputados aprovou a Medida Provisória 458 que permite legalizar milhares de posse de terras públicas com até 1500 hectares (15 Km2) na Amazônia Legal. A senadora Marina Silva alerta que esta medida acabará de abrir totalmente as portas para a grilagem na Amazônia, para a destruição da floresta, além de favorecer a concentração de terras já escandalosa.

Ao contrário, em alguns países, como a Alemanha e o Canadá, investimentos públicos incentivam o uso de energia limpa, ao mesmo tempo em que contribuem para a luta contra o desemprego. Entretanto, cada vez mais os analistas e cientistas percebem que todo esforço será inútil se não se superar uma economia capitalista que consiste em acumulação de riquezas e desperdício de recursos, em prol de uma economia que preserve o planeta em vez de esgotá-lo.

Para quem vive uma busca espiritual, o cuidado amoroso com a Mãe Terra, com a água e com todo ser vivo fazem parte do testemunho que Deus é amor, está presente e atuante no universo. Apesar de todas as agressões e crimes cometidos contra o Planeta, ainda podemos salvá-lo. Em 2003, a UNESCO assumiu a “Carta da Terra”, como instrumento educativo e referência ética para o desenvolvimento sustentável. Participaram ativamente de sua concepção humanistas e pensadores do mundo inteiro. É preciso que a ONU assuma este documento que qualquer pessoa pode ler e comentar na internet (basta consultar: “carta da terra”). É o esboço de uma “declaração dos direitos da Terra” e toda a humanidade é chamada a conhecê-la e praticá-la.

Marcelo Barros é monge beneditino e autor de 26 livros, dos quais o mais recente é “O Espírito vem pelas Águas”. Ed. Rede-Loyola, 2003.

* Artigo originalmente publicado no Brasil de Fato.

[EcoDebate, 05/06/2009]

Vida sem automóveis em Vauban (Alemanha)

Comunidade alemã de Vauban decide ter uma vida sem automóveis e vira referência


Carros são proibidos na maioria das ruas de Vauban e as casas não têm garagens. Foto do The New York Times
Carros são proibidos na maioria das ruas de Vauban e as casas não têm garagens. Foto do The New York Times

Os moradores desta comunidade afluente são pioneiros suburbanos. Eles superaram a maioria das mães que levam os filhos para jogar futebol ou executivos que fazem todos os dias o trajeto dos subúrbios até o centro da cidade: essas pessoas abriram mão dos seus carros.

Estacionamentos de rua, driveways (pequena estrada que vai geralmente da entrada da garagem até a rua) e garagens são, em geral, proibidas neste novo distrito experimental na periferia de Freiburg, perto da fronteira com a Suíça.

Nas ruas de Vauban os carros estão totalmente ausentes – com exceção da rua principal, por onde passa o bonde para o centro de Freiburg, e de umas poucas ruas na zona limítrofe da comunidade. A propriedade de automóveis é permitida, mas só há dois locais para estacionamento – grandes garagens localizadas no limite da comunidade, onde os proprietários compram uma vaga, por US$ 40 mil, juntamente com uma casa.

Como resultado, 70% das famílias de Vauban não têm automóveis, e 57% venderam o carro para se mudarem para cá. Matéria de Elisabeth Rosenthal, em Vauban (Alemanha), no The New York Times.

“Quando eu tinha carro, estava sempre tensa. Desta forma sou muito mais feliz”, afirma Heidrun Walter, profissional de mídia e mãe de dois filhos, enquanto caminha pelas ruas cercadas de verde, onde o ruído das bicicletas e a conversa das crianças que passeiam abafam o barulho ocasional de um motor distante.

Vauban, que foi concluída em 2006, é um exemplo de uma tendência crescente na Europa, nos Estados Unidos e em outros locais. Trata-se da separação entre a vida suburbana e a utilização de automóveis, como parte integrante de um movimento chamado de “planejamento inteligente”.

Os automóveis são um fator de coesão dos subúrbios, onde as famílias de classe média de Chicago a Xangai costumam construir as suas residências. E, isso, segundo os especialistas, consiste em um grande obstáculo para os atuais esforços no sentido de reduzir drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa que saem pelos canos de descarga, com o objetivo de reduzir o aquecimento global. Os carros de passageiros são responsáveis por 12% das emissões de gases causadores do efeito estufa na Europa – uma proporção que só está aumentando, segundo a Agência Ambiental Europeia -, e por até 50% em algumas áreas dos Estados Unidos.

Embora nas duas últimas décadas tenha havido tentativas de tornar as cidades mais densas e mais propícias para as caminhadas, os planejadores urbanos estão levando agora esse conceito para os subúrbios e concentrando-se especificamente em benefícios ambientais como a redução de emissões. Vauban, que tem 5,500 habitantes e uma área aproximada de 2,6 quilômetros quadrados, pode ser a experiência mais avançada em vida suburbana com baixa utilização de automóveis. Mas os seus preceitos básicos estão sendo adotados em todo o mundo em tentativas de tornar os subúrbios mais compactos e mais acessíveis ao transporte público, com menos espaço para estacionamento. Segundo essa nova abordagem, os estabelecimentos comerciais situam-se ao longo de calçadões, ou em uma rua principal, e não em shopping centers à beira de uma auto-estrada distante.

“Todo o nosso desenvolvimento desde a Segunda Guerra Mundial esteve concentrado no automóvel, e isso terá que mudar”, afirma David Goldberg, funcionário da Transportation for America, uma coalizão de centenas de grupos nos Estados Unidos – incluindo instituições ambientais, prefeituras e a Associação Americana de Aposentados – que estão promovendo novas comunidades que sejam menos dependentes dos carros. Goldberg acrescenta: “A quantidade de tempo que se passa ao volante de um carro é tão importante quanto possuir um automóvel híbrido”.

Levittown e Scarsdale, subúrbios de Nova York com casas de áreas enormes e garagens privadas, eram os bairros dos sonhos na década de 1950, e ainda atraem muita gente. Mas alguns novos subúrbios podem muito bem lembrar mais Vauban, não só nos países desenvolvidos, mas também no mundo subdesenvolvido, onde as emissões da frota cada vez maior de carros particulares da crescente classe média estão sufocando as cidades.

Nos Estados Unidos, a Agência de Proteção Ambiental está promovendo as “comunidades com número reduzido de carros”, e os legisladores estão começando a agir, apesar de que com cautela. Muitos especialistas acreditam que o transporte público que atende aos subúrbios desempenhará um papel bem maior em uma nova lei federal de transporte aprovada neste ano, afirma Goldberg. Nas legislações anteriores, 80% das apropriações destinavam-se, por lei, a auto-estradas, e apenas 20% a outras formas de transporte.

Na Califórnia, a Associação de Planejamento da Área de Hayward está desenvolvendo uma comunidade semelhante a Vauban chamada Quarry Village, nos arredores de Oakland. Os seus moradores podem ter acesso sem carro ao sistema de trânsito rápido da Área da Baía e ao campus da Universidade Estadual da Califórnia em Hayward.

Sherman Lewis, professor emérito da universidade e líder da associação, diz que “mal pode esperar para mudar-se” para a comunidade, e espera que Quarry Village possibilite que ele venda um dos dois automóveis da família e, quem sabe, até mesmo os dois. Mas o atual sistema ainda conspira contra o projeto, diz ele, observando que os bancos imobiliários temem uma queda do valor de revenda de casas de meio milhão de dólar que não têm lugar para carros. Além disso, a maior parte das leis de zoneamento urbano dos Estados Unidos ainda exige duas vagas para automóveis por unidade residencial. Quarry Village obteve uma isenção dessa exigência junto às autoridades de Hayward.

Além disso, geralmente não é fácil convencer as pessoas a não terem carros.

“Nos Estados Unidos as pessoas são incrivelmente desconfiadas em relação a qualquer ideia de não possuir carros, ou mesmo de ter menos veículos”, diz David Ceaser, co-fundador da CarFree City USA, que afirma que nenhum projeto suburbano do tamanho de Vauban banindo os automóveis teve sucesso nos Estados Unidos.

Na Europa, alguns governos estão pensando em escala nacional. Em 2000, o Reino Unido deu início a uma iniciativa ampla no sentido de reformar o planejamento urbano, desencorajando o uso de carros ao exigir que os novos projetos habitacionais fossem acessíveis por transporte público.

“Os módulos urbanos relativos a empregos, compras, lazer e serviços não devem ser projetados e localizados sob a premissa de que o automóvel representará a única forma realista de acesso para a grande maioria das pessoas”, afirma o PPG 13, o documento revolucionário de planejamento, lançado pelo governo britânico em 2001. Dezenas de shopping centers, restaurantes de fast-food e complexos residenciais tiveram a licença recusada com base na nova regulamentação britânica.

Na Alemanha, um país que é a pátria da Mercedes-Benz e da Autobahn, a vida em um local onde a presença do automóvel é reduzida, como Vauban, tem o seu próprio clima diferente. A área é longa e relativamente estreita, de forma que o bonde que segue para Freiburg fica a uma distância relativamente curta a pé a partir de todas as casas. Ao contrário do que ocorre em um subúrbio típico, aqui as lojas, restaurantes, bancos e escolas estão mais espalhadas entre as casas. A maioria dos moradores, como Walter, possui carrinhos que são rebocados pelas bicicletas para fazer compras ou levar as crianças para brincar com os amigos.

Para deslocamentos a lojas como a Ikea ou às colinas de esquiação, as famílias compram carros juntas ou usam automóveis arrendados comunitariamente pelo clube de compartilhamento de automóveis de Vauban.

Walter já morou – com carro privado – em Freiburg e nos Estados Unidos.

“Se você tiver um carro, a tendência é usá-lo”, diz ela. “Algumas pessoas mudam-se para cá, mas vão embora logo – elas sentem saudade do carro estacionado em frente à porta”.

Vauban, local em que se situava uma base do exército nazista, ficou ocupada pelo exército francês do final da Segunda Guerra Mundial até a reunificação da Alemanha, duas décadas atrás. Como foi projetada para ser uma base militar, a sua planta nunca previu o uso de carros privados: as “ruas” eram passagens estreitas entre as instalações militares.

Os prédios originais foram demolidos há muito tempo. As elegantes casas enfileiradas que os substituíram são construções de quatro ou cinco andares, projetados de forma a reduzir a perda de calor e maximizar a eficiência energética. Elas possuem madeiras exóticas e varandas elaboradas; casas isoladas das outras são proibidas.

Por temperamento, as pessoas que compram casas em Vauban tendem as ser “porquinhos da índia verdes” – de fato, mais da metade dos moradores vota no Partido Verde alemão. Mesmo assim, muitos afirmam que o que os faz morar aqui é a qualidade de vida.

Henk Schulz, um cientista que em uma tarde do mês passado observava os três filhos pequenos caminhando por Vauban, lembra-se com entusiasmo da primeira vez que comprou um carro. Agora, ele diz que está feliz por criar os filhos longe dos automóveis; ele não tem que se preocupar muito com a segurança deles nas ruas.

Nos últimos anos, Vauban tonou-se um nicho comunitário bem conhecido, apesar de não ter gerado muitas imitações na Alemanha. Mas não se sabe se este conceito funcionará na Califórnia.

Mais de cem candidatos se inscreveram para comprar uma casa na Quarry Village, e Lewis ainda está procurando um investimento de US$ 2 milhões para dar início ao projeto.

Mas, caso a ideia não dê certo, a sua proposta alternativa é construir no mesmo local um condomínio no qual o uso do automóvel seja totalmente liberado. Ele se chamaria Village d’Italia.

Tradução: UOL

Matéria [In German Suburb, Life Goes on Without Cars] do The New York Times, no UOL Notícias.

[EcoDebate, 13/05/2009]

FOME NO MUNDO (do IG)



Mais de 1 bilhão de pessoas passarão fome


ROMA - Um total de 1,020 bilhão de pessoas, ou um em cada seis seres humanos, passará fome em 2009, segundo informou nesta sexta-feira a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Segundo o órgão, o número é recorde.

Em comunicado emitido em sua sede, em Roma, a FAO afirmou que a previsão é de que o número de vítimas da fome aumente 11% neste ano. Para estabelecer estas previsões, a FAO se baseou nas análises do departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

O órgão atribui esse aumento à crise econômica mundial, que originou uma diminuição da renda e um aumento do desemprego, o que ajudou na redução ao acesso aos alimentos por parte dos mais desfavorecidos.

A maior parte da população desnutrida do planeta vive em países em desenvolvimento. Na Ásia e no Pacífico, calcula-se que cerca de 642 milhões de pessoas sofram de fome crônica. Além disso, 265 milhões passam fome na África Subsaariana, 53 milhões na América Latina e no Caribe, 42 milhões no norte da África e no Oriente Médio e 15 milhões nos países desenvolvidos.

Segundo a FAO, os pobres que moram em zonas urbanas terão mais dificuldades para enfrentar a recessão mundial, já que a queda da demanda de exportações e a redução do investimento estrangeiro direto causarão um aumento no desemprego urbano.

No entanto, o órgão informou que as áreas rurais deverão enfrentar o problema que representará a volta de parte dessa população urbana para o campo.

Além disso, a FAO manifestou que os países em desenvolvimento terão uma menor capacidade de manobra nesta crise, devido à rápida deterioração do contexto econômico e ao fato de que as turbulências afetam todo o mundo de forma mais ou menos simultânea.

Isto limita a capacidade de se recorrer a mecanismos reparadores para se ajustar aos vaivéns macroeconômicos, como a desvalorização da moeda ou empréstimos no mercado internacional de capitais.

Frase sobre o meio ambiente (t. 2004)

"O meio ambiente é o paraíso da gente."

Juciane dos S. Ferreira

quarta-feira, 17 de junho de 2009

O que é sustentabilidade? ( Do Portal da Sustentabilidade)

O que é sustentabilidade?

Sustentabilidade é um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana.

Propõe-se a ser um meio de configurar a civilização e atividade humanas, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam preencher as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, e ao mesmo tempo preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais, planejando e agindo de forma a atingir pró-eficiência na manutenção indefinida desses ideais.

A sustentabilidade abrange vários níveis de organização, desde a vizinhança local até o planeta inteiro.

www.sustentabilidade.com.br

Abertas inscrições para o Enem 2009 (Do site da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro)

Abertas inscrições para o Enem 2009

A partir de hoje, 15.6, estão abertas as inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio – Enem 2009. Os candidatos podem se inscrever até o dia 17 de julho, através da internet, acessando o portal do Ministério da Educação no endereço http://portal.mec.gov.br. Em uma página criada para atender os estudantes podem ser encontradas todas as informações referentes ao exame. As provas serão realizadas nos dias 3 e 4 de outubro.

Este ano, o processo foi reformulado e, além de ser utilizado como critério de seleção para os estudantes que pretendem concorrer a uma bolsa no PROUNI – Programa Universidade para Todos, ele permitirá que as médias obtidas também sejam usadas no processo seletivo para ingresso em instituições federais de ensino superior. Para efetuar a inscrição é necessário ter em mãos o número da identidade e CPF do candidato.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

CARTA DA TERRA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO

CARTA DA TERRA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO, Organização: Instituto Paulo Freire - Apoio: Conselho da Terra e UNESCO-Brasil.

1. Nossa Mãe Terra é um organismo vivo e em evolução. O que for feito a ela repercutirá em todos os seus filhos. Ela requer de nós uma consciência e uma cidadania planetárias, isto é, o reconhecimento de que somos parte da Terra e de que podemos perecer com a sua destruição ou podemos viver com ela em harmonia, participando do seu devir.

2. A mudança do paradigma economicista é condição necessária para estabelecer um desenvolvimento com justiça e eqüidade. Para ser sustentável, o desenvolvimento precisa ser economicamente factível, ecologicamente apropriado, socialmente justo, includente, culturalmente eqüitativo, respeitoso e sem discriminação. O bem-estar não pode ser só social; deve ser também sócio-cósmico.

3. A sustentabilidade econômica e a preservação do meio ambiente dependem também de uma consciência ecológica e esta da educação. A sustentatibilidade deve ser um princípio interdisciplinar reorientador da educação, do planejamento escolar, dos sistemas de ensino e dos projetos político-pedagógicos da escola. Os objetivos e conteúdos curriculares devem ser significativos para o(a) educando(a) e também para a saúde do planeta.

4. A ecopedagogia, fundada na consciência de que pertencemos a uma única comunidade da vida, desenvolve a solidariedade e a cidadania planetárias. A cidadania planetária supõe o reconhecimento e a prática da planetaridade, isto é, tratar o planeta como um ser vivo e inteligente. A planetaridade deve levar-nos a sentir e viver nossa cotidianidade em conexão com o universo e em relação harmônica consigo, com os outros seres do planeta e com a natureza, considerando seus elementos e dinâmica. Trata-se de uma opção de vida por uma relação saudável e equilibrada com o contexto, consigo mesmo, com os outros, com o ambiente mais próximo e com os demais ambientes.

5. A partir da problemática ambiental vivida cotidianamente pelas pessoas nos grupos e espaços de convivência e na busca humana da felicidade, processa-se a consciência ecológica e opera-se a mudança de mentalidade. A vida cotidiana é o lugar do sentido da pedagogia pois a condição humana passa inexoravelmente por ela. A ecopedagogia implica numa mudança radical de mentalidade em relação à qualidade de vida e ao meio ambiente, que está diretamente ligada ao tipo de convivência que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza.

6. A ecopedagogia não se dirige apenas aos educadores, mas a todos os cidadãos do planeta. Ela está ligada ao projeto utópico de mudança nas relações humanas, sociais e ambientais, promovendo a educação sustentável (ecoeducação) e ambiental com base no pensamento crítico e inovador, em seus modos formal, não formal e informal, tendo como propósito a formação de cidadãos com consciência local e planetária que valorizem a autodeterminação dos povos e a soberania das nações.

7. As exigências da sociedade planetária devem ser trabalhadas pedagogicamente a partir da vida cotidiana, da subjetividade, isto é, a partir das necessidades e interesses das pessoas. Educar para a cidadania planetária supõe o desenvolvimento de novas capacidades, tais como: sentir, intuir, vibrar emocionalmente; imaginar, inventar, criar e recriar; relacionar e inter-conectar-se, auto-organizar-se; informar-se, comunicar-se, expressar-se; localizar, processar e utilizar a imensa informação da aldeia global; buscar causas e prever conseqüências; criticar, avaliar, sistematizar e tomar decisões. Essas capacidades devem levar as pessoas a pensar e agir processualmente, em totalidade e transdisciplinarmente.

8. A ecopedagogia tem por finalidade reeducar o olhar das pessoas, isto é, desenvolver a atitude de observar e evitar a presença de agressões ao meio ambiente e aos viventes e o desperdício, a poluição sonora, visual, a poluição da água e do ar etc. para intervir no mundo no sentido de reeducar o habitante do planeta e reverter a cultura do descartável. Experiências cotidianas aparentemente insignificantes, como uma corrente de ar, um sopro de respiração, a água da manhã na face, fundamentam as relações consigo mesmo e com o mundo. A tomada de consciência dessa realidade é profundamente formadora. O meio ambiente forma tanto quanto ele é formado ou deformado. Precisamos de uma ecoformação para recuperarmos a consciência dessas experiências cotidianas. Na ânsia de dominar o mundo, elas correm o risco de desaparecer do nosso campo de consciência, se a relação que nos liga a ele for apenas uma relação de uso.

9. Uma educação para a cidadania planetária tem por finalidade a construção de uma cultura da sustentabilidade, isto é, uma biocultura, uma cultura da vida, da convivência harmônica entre os seres humanos e entre estes e a natureza. A cultura da sustentabilidade deve nos levar a saber selecionar o que é realmente sustentável em nossas vidas, em contato com a vida dos outros. Só assim seremos cúmplices nos processos de promoção da vida e caminharemos com sentido. Caminhar com sentido significa dar sentido ao que fazemos, compartilhar sentidos, impregnar de sentido as práticas da vida cotidiana e compreender o sem sentido de muitas outras práticas que aberta ou solapadamente tratam de impor-se e sobrepor-se a nossas vidas cotidianamente.

10. A ecopedagogia propõe uma nova forma de governabilidade diante da ingovernabilidade do gigantismo dos sistemas de ensino, propondo a descentralização e uma racionalidade baseadas na ação comunicativa, na gestão democrática, na autonomia, na participação, na ética e na diversidade cultural. Entendida dessa forma, a ecopedagogia se apresenta como uma nova pedagogia dos direitos que associa direitos humanos – econômicos, culturais, políticos e ambientais - e direitos planetários, impulsionando o resgate da cultura e da sabedoria popular. Ela desenvolve a capacidade de deslumbramento e de reverência diante da complexidade do mundo e a vinculação amorosa com a Terra.

Entrevista com funcionários do Parque (caminhada ecológica Parque Serra dos Órgãos)

Entrevistadoras: Evelin, Bianca, Mariane, Bruna, Vítor
Local: Parque Serra dos Órgãos

T - Como é feita a limpeza do Parque?
R - É feita por mutirões de limpeza ou por trabalho voluntário a cada um domingo por mês.

T - Como é feito para preservar essa limpeza?
R - Folhetos com informações e dicas para as pessoas conservarem e monitoramentos constantes do Parque.

T - As pessoas seguem as regras para que o local esteja sempre limpo?
R - Na maioria das vezes, sim, mas com as palestras e dicas de Educação Ambiental estão cumprindo mais as regras.

T - Que tipo de lixo é encontrado aqui?
R - São encontrados alimentos (restos),embalagens de biscoitos etc.

T - Quais são as coisas que vocês proibem usar para evitar a contaminação do ambiente e das cachoeiras?
R - Shampoo, sabonetes, bronzeador, bebidas alcoólicas etc.

T - Quantas pessoas trabalham monitorando e organizando o Parque?
R - A sede de Petrópolis possui 4 vigilantes e 12 monitoradores. Essas pessoas atuam também na previsão de enchentes. Na sede principal, em Teresópolis, trabalham 40 pessoas organizando e limpando o local.

Comentário da Mariane (2002): O Parque Serra dos Órgãos é uma coisa linda, parece outro planeta, a natureza tem tantas coisas lindas para oferecer, por que destruir? Por que se ela só faz o bem?
Eu queria que meus filhos e meus netos pudessem ver o que eu vi. Mas se continuar assim acho que não vai ser possível.
"Para que nossa espécie continue existindo por milhões de anos, temos que lutar contra a destruição do planeta. Enquanto ainda podemos fazer algo pela nossa espécie, porque daqui a alguns anos vai ser tarde demais.

Relatório da Caminhada (Pâmela - 2002)

"A caminhada foi maravilhosa, poder sentir o ar puro, o canto das aves, o som da águas ao cair nas pedras, os caminhos escorregadios e com obstáculos, a marcante natureza viva, o cheiro agradável do mato, os macaquinhos sapecas e agitados. Poder observar as belíssimas montanhas desenhadas naturalmente, o céu que nos brindou com seu alegre azul, a brisa suave no rosto, como diz Vítor Hugo: " a natureza fala, basta a gente saber ouvir", mas também sentir e cuidar dela que é esse bem tão maravilhoso, que não nos cobra nada para poder desfrutar de seus inúmeros prazeres, mas nos ensina que devemos e podemos ser seus amigos."

Pâmela Bento de Oliveira

Valeeeeuuu, Pâmela!

Entrevista com o Edson (Caminhada no Parque) T. 2002

T- Qual é o seu nome?
E - Edson.
T - Há quanto tempo você trabalha aqui?
E - Dez anos.
T - Durante esse tempo houve modificação aqui?
E - Sim. Não tinha portaria e agora tem.
T - Você gosta do que faz? Por quê?
E - Sim; porque adoro a natureza.
T - O que você mais vê dentro desta mata?
E - Bichos...
T - Você acha que as pessoas estão cuidando deste lugar?
E - Sim, algumas pessoas cuidam, mas outras infelizmente ainda não têm consciência de que esse lugar é um patrimônio.
T - O que você acha sobre a preservação do parque?
E - Muito importante para todos nós. Não só para nossa geração, mas também para a geração seguinte.
T - O que podemos fazer para evitar o desmatamento?
E - O principal é não cortar árvores.
T - Quando você anda pelo parque você encontra muita quantidade de lixo?
E - Hoje em dia é bem menos do que 4 ou 5 anos atrás, posso dizer que é bem difícil encontrar lixo lá dentro.
T - É difícil, mas às vezes você encontra lixo lá dentro, e que tipo de lixo é?
E - Pacotes de biscoitos e cigarros.
T - Muito obrigado pela sua entrevista e pela sua atenção.
E - De nada, e bom passeio para vocês.

(Entrevista concedida por Edson, funcionário do Parque Serra dos Órgãos, para Jéssica, Aline, Rafael e Paula da T. 2002, durante a caminhada ecológica.)

Caminhada Ecológica (fotos da Profª Adriana - Texto Isaura - 2002)






















"O passeio que fizemos ao Parque Nacional Serra dos Órgãos foi de grande proveito para mim, pois estive em contato direto com a mata fechada e preservada. Fiquei muito encantada com todo aquele verde, todo aquele encanto de ar puro, com verde e água limpa, sem falar também do canto dos pássaros. Tudo aquilo irradiou o meu dia e comecei ali a ver a vida com outros olhos.
Hoje aprendi a amar e respeitar a natureza e posso afirmar que sou uma cidadã consciente." ISAURA (T. 2002)

domingo, 14 de junho de 2009

Energia Eólica

14/06/2009

Com aumento de energia eólica, cresce pressão para desmontar hidrelétricas

The New York Times
Por Kate Galbraith
Em Wasco (Oregon)
Durante décadas, a maior parte da energia renovável dos EUA veio de hidrelétricas, que forneciam eletricidade barata sem necessidade de combustíveis fósseis. Mas os órgãos federais que controlam as hidrelétricas normalmente registram resultados terríveis em relação a outros impactos ambientais.

Agora, com o empenho de Washington em incentivar a energia limpa, algumas agências governamentais que controlam as hidrelétricas começaram a investir em energia eólica e na conservação energética. A mais ativa é a Bonneville Power Administration, cujas linhas de força transmitem a maior parte da eletricidade para a região nordeste junto ao Pacífico. A agência também é responsável por um terço do suprimento de energia da região, fornecida em sua maior parte por geradores de grandes hidrelétricas.

  • Turbinas na fazenda de John Hildebrand alimenta o sistema da Bonneville Power Administration



A quantidade de energia eólica do sistema de transmissão Bonneville quadruplicou nos últimos três anos e espera-se que daqui a dois anos esse número dobre. As turbinas eólicas estão deixando ainda mais verde o sistema energético de baixas emissões de carbono - em Seatle, mais de 90% da energia vem de fontes renováveis.

Mesmo assim, a mudança enfatizada pelas agências que controlam as hidrelétricas está longe de ser simples. Ela pode afinal colocar uma meta ambiental contra a outra, numa tensão que está surgindo em vários projetos de energia renovável em todo o país.

Grupos ambientalistas afirmam que a transição para turbinas eólicas da Bonneville Power Administration reforça o argumento para desmantelar as indústrias hidrelétricas no território controlado pela agência, principalmente ao longo do baixo rio Snake no Estado de Washington, onde elas contribuíram para dizimar uma das maiores populações de salmão selvagem da América do Norte.

A Bonneville quer manter todas as hidrelétricas, argumentando que elas não só fornecem energia barata, mas também são um complemento ideal para a instalação em grande escala da energia eólica. Quando o vento perde velocidade e a produção de energia cai, elas podem compensar rapidamente, bastando avisar o Corpo de Engenheiros do Exército e o Departamento de Reclamações, que operam as hidrelétricas, para liberar mais água dos reservatórios e fazer girar os geradores gigantes.

Quando o vento fica mais forte, as operações das hidrelétricas podem ser reduzidas.

As hidrelétricas ajudariam a aliviar a necessidade de indústrias de energia de gás natural em outras regiões, que também são uma fonte alternativa quando o vento fica mais fraco, mas que liberam dióxido de carbono que contribui para o aquecimento global.

Equilibrando a energia eólica com a hidrelétrica, a Bonneville Power Administration acredita que pode restringir o uso de gás natural e carvão no oeste do país, mesmo que a demanda por energia na região aumente. Em todo o país, as hidrelétricas são responsáveis por 6% da geração de energia - o dobro da quantidade gerada por outras fontes renováveis como vento, energia solar e biomassa - e a maior parte disso está concentrada no oeste.

O aumento do uso do vento no sistema da Boneville surgiu como resultado de metas para energia renovável estabelecidas por governos dos Estados do Oeste, que têm como objetivo reduzir sua emissão de gases de efeito estufa.

A Bonneville diz que quando o vento chega ao máximo de sua força, gera 18% da energia na região que ela controla, e o número pode aumentar para 30% no ano que vem. (Nem toda essa energia é consumida na região Nordeste-Pacífico; parte dela é vendida para a Califórnia.)

O aumento da energia eólica significa que a agência funciona como uma espécie de teste para o resto do país, de como integrar grandes quantidades de energia eólica intermitente em uma rede elétrica regional. "Descrevo isso como um grande experimento", disse Stephen J. Wright, administrador da Bonneville Power Administration, que tem 72 anos de existência.

A agência enfatiza que é um desafio garantir que as luzes permaneçam acesas a despeito dos altos e baixos do vento. Muitas das novas fazendas de energia eólica ficam ao longo do corredor tempestuoso do rio Columbia, e sua concentração no mesmo local significa que as mudanças no vento podem ocasionar quedas e aumentos abruptos na geração de energia.

"No espaço de uma hora, a potência do vento pode cair do máximo para o zero", disse Wright.

Por causa dessa natureza errática, a energia eólica - e a necessidade de hidrelétricas como fonte alternativa - está interligada ao destino do salmão, talvez a maior controvérsia na região do Nordeste-Pacífico.

Durante décadas, ambientalistas, pescadores e alguns políticos locais que querem salvar o salmão ameaçado, lutaram contra a Bonneville e o Corpo de Engenheiros do Exército, que querem manter as hidrelétricas do baixo rio Snake. Um juiz federal que arbitrou a disputa acusou as agências federais de não se esforçarem o suficiente para salvar o salmão e levantou a possibilidade de abrir vãos nas hidrelétricas para ajudar o peixe.

O salmão selvagem nada pelo rio em duas direções. Eles se reproduzem subindo o rio, e os peixes jovens nadam com a correnteza em direção ao Oceano Pacífico. Eles passam vários anos no mar, alimentando-se e crescendo, antes de subir o rio novamente para se reproduzir e morrer.

As grandes represas criadas ao longo das décadas, assim como as barragens que foram construídas, retardaram e complicaram a jornada do salmão, e reduziram drasticamente suas taxas de sobrevivência. Há degraus para ajudar os peixes a subirem o rio, mas os salmões que atravessam em ambas as direções acabam traumatizados e enfraquecidos, dizem os biólogos.

Para ajudar o salmão, a Bonneville foi "obrigada contra sua vontade, chutando e gritando, durante cada centímetro do caminho", disse Beill Arthur, representante do Sierra Club na região nordeste. Arthur elogiou os esforços da agência em investir em energia eólica, mas argumentou que as quatro hidrelétricas mais abaixo do rio Snake, que são bem menores do que as principais, como Grand Coulee, não são necessárias para apoiar a energia eólica.

Em vez disso, ele propôs colocar turbinas eólicas em mais lugares, para ajudar a equilibrar a geração de energia, assegurando que sempre haja alguma em algum lugar que esteja ventando, ou então depender mais das fábricas de gás natural do nordeste, além de tomar medidas de economia de energia. Ele também observou que, se as hidrelétricas forem eliminadas, levará seis anos ou mais para desmontá-las, permitindo tempo suficiente para planejar a transição para as novas fontes de energia.

Elliot Mainzer, vice-presidente de estratégia corporativa da Bonneville Power Administration, disse que desmantelar as hidrelétricas do rio Snake "prejudicaria inequivocamente a capacidade da agência de assimilar a energia eólica em seu sistema, por causa do papel delas em equilibrar a geração irregular de energia eólica".

Mesmo com a controvérsia do salmão, a agência quer construir mais linhas de energia para acelerar o desenvolvimento de fazendas de energia eólica em áreas remotas com bastante vento.

O pacote de estímulo econômico aprovado em fevereiro vai ajudar: ele aumentou drasticamente a quantia máxima que a agência pode emprestar do tesouro americano, de US$ 4,45 para US$ 7,7 bilhões. (Outra agência que controla hidrelétricas, a Western Area Power Administration, recebeu um impulso semelhante e planeja aumentar suas linhas de transmissão para acrescentar energia eólica e outras fontes de energia renováveis.)

  • Leah Nash/The New York Times

    John (esquerda) e Gordon Hildebrand olham para
    as turbinas de energia eólica em sua fazenda

A Bonneville diz que a injeção de capital permitirá a realização de um projeto de transmissão de US$ 246 milhões ao longo do rio Columbia, com desenvolvedores instalando mais turbinas eólicas em outras áreas do leste de Oregon, e também mais linhas de transmissão planejadas que também ajudarão a explorar a energia eólica.

Todas essas são boas notícias para os fazendeiros da região. Para muitos deles, a nova fonte de renda é bem-vinda.

John Hildebrand, um animado fazendeiro de trigo de 82 anos, permitiu que um desenvolvedor espanhol, a Iberdrola, colocasse turbinas eólicas em suas terras em Wasco, próximas do rio Columbia. A energia de suas turbinas alimenta o sistema Bonneville. Ele e seu irmão Gordon, estavam na fileira da frente quando Franklin D. Roosevelt inaugurou a Hidrelétrica de Bonneville em 1937, antes mesmo que a região tivesse energia elétrica pública - assim eles viram chegar o futuro da energia, duas vezes.

"Tudo o que tínhamos por lá era céu", disse John Hildebrand, olhando para as altas estruturas girando bem acima de suas terras. "Agora, tenho turbinas."

Tradução: Eloise De Vylder